alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

29.11.07

 
Portugal em 1811-14 visto por uma jovem inglesa

Paisagens
A terra da província do Minho é tão fértil que quase sem necessidade de cultivo produz muitas e abundantes colheitas e vindimas.

Ficámos encantados com esta região tão pitoresca e fértil. O rio Souza serpenteando calmamente pelos campos esmaltados com todo o tipo de flores selvagens, as vinhas penduradas como ricas grinaldas, os campos de "milho" baloiçando-se com a brisa constante, o Convento do Paço a espreitar através dos bosques densos e, ao longe, o pico coberto de neve da Serra do Marão reuniam-se para formar uma lindíssima paisagem do Sul da Europa.
Daqui descemos o Douro através da região vinícola e observámos respei­tosamente as vinhas a crescer de cada lado do rio até à borda da água, pois é destas uvas que o genuíno e célebre vinho do Porto é feito.

Viagens

Começámos a viagem de bom humor, mas isto não podia durar numa estrada tão má e com os alojamentos miseráveis que encontrámos. Em Villa Nova de Famalicão jantámos literalmente entre os porcos, sen­tados nos nossos próprios sacos de viagem: sem nenhuma toalha de mesa nem pratos, as janelas sem vidraças e o chão por lavar.
Braga: se o padre não nos tivesse muito gentilmente cedido o seu único quarto de dormir, teríamos que dormir nas nossas liteiras. O meu pai e o meu irmão dormiram no chão da sala e o velhinho bem disposto reser­vou para ele apenas a cozinha.
Gerez . Uma corrente de águas rápidas, o Cávado, passava ruidosamente por baixo da nossa pequena varanda de madeira. A casa era de madeira e podia mesmo vangloriar-se de ter duas janelas envi­draçadas. A única rua estava coberta com ervas crescidas e os telhados das casas cobertos de líquenes e musgo, abrigando mochos e morcegos. O único ser humano na aldeia para além de nós era um velho homem de Villa da Vega que mantinha uma espécie de mercearia (eventualmente) para nossa conveniência. Os camponeses disseram-nos que no Inverno a aldeia era dei­xada inteiramente aos lobos que desciam das montanhas à procura de caça.

Turismo de habitação; as quintas
A sua quinta estava num estado miserável de degradação. Os quartos de dormir tinham pouca mobília para além de um colchão de palha e aqueles que os habitavam. Estava tudo sujo; contudo, tudo teria estado vistoso e colorido, se o sol, o pó e as pulgas não tivessem manchado os dourados, ajudando a estragar os antigos ador­nos de damasco vermelho.
A quinta do Coronel Menezes, onde chegámos de noite por nos termos perdido, viajando à luz de tochas. Os nossos quartos tinham sido recen­temente caiados e ainda estavam húmidos - os lençóis estavam molhados, mas eram todos enfeitados com muitas rendas; as almofadas eram cheias com palha, mas decoradas com laços de fita cor de rosa!! No entanto, apesar dos lençóis húmidos, camas duras, mosquitos, ratazanas e ratos, dormimos até às seis horas…

Esta quinta era, na realidade, uma caricatura das quintas portuguesas em geral, tinha seis ou oito quartos, cujo chão estava apodrecido e em muitos lugares tinha efectivamente desabado, por causa da idade e pela falta de cuidado - algumas cadeiras de madeira de pinho, um par de mesas de três pés sujas, camas de palha e lençóis húmidos constituíam todo o recheio, e deram-nos um conjunto de uma toalha de mesa, três guardanapos e quatro velas de sebo para nosso uso diário!!!

Em: Mª Leonor Machado Sousa. A Guerra peninsular em Portugal. Relatos britânicos. Caleidoscópio 2007

 

No Burocratistão

 
Respigo

Luta pela vida
Já são mais de 25 mil advogados em Portugal e o número não pára de aumentar. A luta por um lugar ao sol está no auge. Numa autêntica luta pela sobrevivência, apregoam agora a necessidade de cada português ter um advogado de família, fomentam a consultoria jurídica … e tentam agarrar as actividades de notários e solicitadores, ameaçando devorá-los.

 
Paranóia legisferante

A grelha 2
A grelha é um instrumento docimológico utilíssimo para rasoirar critérios e esturrar a discussão; nos concursos, é um atestado de suspeição aos membros do júri.
Facilita a vida aos litigantes profissionais e seus acessores que, como grifos, se limitam a esperar que o processo apodreça. Era o que acontecia com os gatos-pingados à porta dos hospitais
.

28.11.07

 

O curare burocrático


Há quem se preocupe com a “captura do Estado pelas corporações”.

Na realidade o Estado está totalmente envolvido pelas aranhas burocráticas que o envolvem nas suas teias; a pretexto de o amparar, paralisam-no com curare.

 
Paranóia legisferante
A grelha

AVALIAÇÃO DO ESTADO INFLUENCIADO PELO ÁLCOOL
A portaria termina com a grelha semiótica, a Grand Final, 1º lugar no podium do LaPalisse Convention Bureau da Redundância. Para que os médicos “se limitem a cumprir a lei” e não percam tempo a pensar; espera-se que saibam assinar de cruz.
A vida é cheia de surpresas - o Diário da República como guia propedêutico para médicos e alunos de Medicina.

 
Paranóia legisferante
A burocracia guiando o povo, da maioria da AR

Mas a obsessão condoída do legislador não se fica por aqui; pretende conduzir o médico num exame correcto do comportamento indiciador de condução automóvel perigosa:
SECÇÃO III
Exame médico
42 quesitos (cada um com uma grelha de cotação de três graus : boa, má ou deficiente)*
Entre os quais:
Funções cognitivas:
a) Orientação temporal;
b) Orientação espacial;
c) Orientação autopsíquica;
d) Orientação alopsíquica;
e) Memória;
f) Juízo crítico;
g) Conversação sobre tema banal, de preferência profissional;
h) Leitura (em voz alta) e compreensão de um texto;
i) Descrição de uma gravura;
j) Interpretação de uma gravura;
l) Dicção; (Normal, Lenta, Rápida, Hesitante, Explosiva, Incompreensível, Falha nas palavras teste)
m) Escrita;
n) Cálculo simples;
o) Contar de 20 a 1;

* 42x3= 126
* Espera-se um anexo com uma “aclaração” da diferença entre má e deficiente.

 
Paranóia legisferante
Editorial do Diário da República.
Art. 1º. Todo o cidadão fará asneira; o melhor é pegar-lhe na mão.
Art.2º. Se, por acaso, não fizer, aplica-se o art. 1º


Leiam como o DR, compassivo, pretende ensinar o médico a confirmar uma suspeita de consumo de álcool ou drogas.
Leiam mas, tende cautela, não vos faça mal... Que é dos textos mais estúpidos que há em Portugal.

Portaria n.º 902-B/2007
9.º O médico que promover a colheita deve:
a) Preencher, correcta e completamente, o impresso do modelo do anexo I;
b) Entregar …. o original preenchido, contendo a sua vinheta de identificação profissional;
c) Entregar o duplicado ao examinado ou…;
d) Providenciar para que sejam introduzidos na bolsa referida no número anterior a amostra de sangue, devidamente acondicionada no tubo e contentor respectivos, e o triplicado do impresso preenchido, contendo a sua vinheta de identificação profissional;
e) Providenciar para que a bolsa selada seja remetida, de imediato, à delegação do Instituto Nacional de Medicina Legal,…..
10.º O relatório da análise para quantificação da taxa de álcool no sangue, referido no n.º 3 do artigo 6.º do Regulamento de Fiscalização da Condução sob Influência do Álcool ou de Substâncias Psicotrópicas, aprovado pela Lei n.º 18/2007, de 17 de Maio, obedece ao modelo do anexo II, devendo o original ser remetido à entidade fiscalizadora requisitante, o duplicado à ANSR e o triplicado arquivado na delegação do Instituto Nacional de Medicina Legal, I. P., que proceder à análise.

 
Paranóia decretal

Uma criança pequena foi atropelada; estava com a mãe que a levou ao hospital. Um polícia veio exigir que se lhe colhesse sangue para pesquisa de álcool ou psicótropos. O médico recusou e foi ameaçado de prisão.
Absurdo?

É o que se pode deduzir do DL 44/2005. Art. 157. 2—Os condutores e os peões que intervenham em acidente de trânsito de que resultem mortos ou feridos graves devem ser submetidos aos exames referidos no número anterior. (exames legalmente estabelecidos para detecção de substâncias psicotrópicas).
Felizmente que a mãe se ofereceu para a substituir.

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27.11.07

 
Portugal em 1811-14 visto por uma jovem inglesa

Os conventos
Frequentemente passávamos o serão no Convento de S. Bento. As freiras tinham inclinação para a música e eram muito sociáveis. Uma ou duas delas cantavam lindamente e acompanhavam-se à guitarra. O estribilho de todas as suas "Modinhas" era o "Amor" e, em geral, as suas maneiras não repeliam deliberadamente a familiaridade ou o atrevimento por parte dos seus convidados militares.

Ao entrar em Braga chamou-me a atenção a atmosfera sombria. As ruas estreitas e mal pavimentadas estavam apinhadas de padres e frades, que constituem pelo menos um décimo da população.

Fomos convidados para almoçar com os monges do Convento de Bustelo e, apesar de hereges, fomos bem e calorosamente acolhidos no espaço onde Dª Archangela, apesar de ser uma boa cató­lica, não podia ter acesso. O Superior do Convento fez as honras da mesa do almoço, enquanto quinze ou vinte jovens frades bem parecidos e atrevidos estavam de pé atrás das nossas cadeiras, rindo-se com vontade com o espec­táculo invulgar de ver elementos do sexo feminino nos aposentos do próprio Superior.

Uma delegação de monges recebeu-nos na praia e guiou-nos para os por­tões do convento (Alpenduradas no Douro), onde o Abade e o ex-Geral aguardavam para nos receber. Como era contra a disciplina conventual uma senhora ter livre acesso às ins­talações dos monges, ficou combinado com o Superior que, se as senhoras peremptoriamente forçassem os portões, não havia nada a fazer a não ser submeter-se à invasão. O Abade disse então que ele não podia permitir que nenhum dos monges abrisse a porta, mas todos se colocariam fora do cami­nho, deixando-nos efectuar a nossa entrada se o conseguíssemos. Isto foi fácil, pois a porta não estava trancada, e não havia barreira que impedisse o nosso progresso até ao refeitório, onde um jantar magnífico com sete pratos tinha sido preparado para os nossos apetites sacrílegos.
À noite, fomos con­duzidos pelos monges a uma pequena casa de campo muito bem decorada (às custas dos tecidos da Igreja) e que tinha sido arranjada para passarmos a noite. Na manhã seguinte o Superior acompanhou-nos até ao Convento para sermos recebidos pelo ex-Geral. Era um monge venerável de oitenta e seis anos, muito querido pela comunidade, muito instruído em história e um excelente conversador.

Antes de partirmos de Aveiro, o velho General Agostinho Luiz levou-nos a um convento de freiras jesuítas que nos receberam com uma dupla quantidade de palavras doces e bolos doces. O chão da sala de estar estava coberto com um belo tapete turco, e havia uma aparência de riqueza e mesmo luxo que raramente se vê nos conventos, embora não possa afirmar que não existe. Aqui, como em Santa Clara, ouviram-se objecções ruidosas e divertidas por admitirem os hereges ingleses, mas terminaram, como sempre, conduzindo-nos ao convento e, como era costume, eu fui quase asfixiada pelos abraços afectuosos das irmãs.

No fim de tarde seguinte bebemos chá em outro convento, onde ouvimos uma jovem cantar e acompanhar-se à guitarra com um grau de imodéstia que não inspirava muito respeito pela educação do convento.

Os frades da Arrábida muito mais escrupulosos que os seus irmãos do Norte. Recusaram terminantemente receber-nos, mas o Superior deu-me um ramo de uma laranjeira que os monges acreditavam possuir algum poder milagroso por ter sido aí plantada por S. Pedro de Alcântara.
O pátio estava cheio de mendigos a quem os monges distribuíam sopa em abundância.

A praia
"Cerca de uma centena de tendas ou barracas formadas por quatro peças quadradas de pano são colocadas na praia e ocupadas indiscriminadamente por senhoras ou cavalheiros, que depois de mudar de roupa e pôr o fato de banho de tecido espesso de algodão azul são conduzidos à água - por homens e mulheres - e por vezes trocam saudações e cumprimentos mesmo quando se encontram dentro de água a banhar-se!!"

 
A minha guerra
.
Uma sanzala; a cubata, a dispensa e o galinheiro em estacas contra os predadores. O ibondeiro totémico.
O chão varrido. Ninguém.

 
A minha guerra

A Guerra de Joaquim Furtado
6º episódio esta noite (21h) na RTP1.


A messe dos oficiais da minha Companhia no mato. A única vez que houve aviso de ataque inimigo, só estavam dois oficiais: o médico e o padre. Foi falso alarme.
Mobília feita por nós de aduelas de pipas de vinho. As pipas e o vinho eram irrecuperáveis; só as imagens e as memórias.
Discutía-se tudo; o capitão chamava ao médico o "meu" doutor comuna. Não era, mas valeu-lhe um louvor rasgadíssimo. Louvor que não impediu que tivesse sido impedido de ser Assistente na Universidade, por ter "tendências comunistas". (1965)
A memória 5
Quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo. Santayana
A história mostra-nos que não se aprendeu nada com ela. Hegel

26.11.07

 
Portugal em 1811-14 visto por uma jovem inglesa.

Os fidalgos

A família Peniche era apoiante de D. Miguel e típica da sociedade portuguesa pouco viajada da época.
"A condessa não tinha qualquer educação e era conhecida pelas suas maneiras rudes e gostos masculinos. Levantava-se às 6.30 da manhã, visitava os estábulos e descompunha os estribeiros; prosseguia para o seu oratório à porta do qual, sentada numa arca e acompanhada das filhas e damas de com­panhia, tomava normalmente o pequeno-almoço, uma côdea de pão seco e uma chávena de café.
Ela permitia às filhas que participassem nas grandes reuniões até aos treze anos de idade; depois disso, ficavam em casa sem outra companhia senão a das criadas até que se casassem.
Lembro-me do meu espanto ao ouvir as jovens Dª Teresa e Dª Maria, de dezasseis e dezassete anos de idade, a falar à vontade com os criados que estavam de pé atrás das suas cadeiras - e, depois do jantar, debruçar-se das varandas sobranceiras às ruas sujas, rodeadas pelas criadas, com quem elas se juntavam cordialmente ten­tando atrair as atenções dos transeuntes.
O casamento era para elas uma libertação da reclusão apertada, e elas pareciam não se importar muito com o tipo de apêndice que as acompanhava na forma de marido para conseguir esta libertação".

Dª Emília tinha vivido fechada num convento até aos dezasseis anos, quando se casou com um jovem oficial pouco mais velho e pouco mais esperto que ela; ela demonstrava um grau de indiferença próximo do desprezo para com o pobre homem

Fomos apresentados pelo nosso anfitrião amistoso a Dª Archangela, sua jovem esposa, cuja cara feia e modos desagradáveis não se harmonizavam com o seu nome angélico. Ergueu-se para nos receber e depois retomou a sua postura confortável e reclinada no sofá envolta por um enorme capote, com um palito na boca, o que lhe proporcionava uma boa desculpa para se manter em silêncio.

Visella tinha muitos visitantes mas não havia nenhuma forma de pas­sar o tempo racionalmente e, como o grande objectivo dos portugueses parece ser vegetar luxuosamente, os dias passavam-se a comer, dormir, a fazer visitas e a jogar faraó, ou, como se chama em português, "banco".

O povo
Minho. Os camponeses aqui parecem menos sujos e miseráveis do que nas províncias do Sul, o que se pode atribuir em parte ao facto de terem escapado às crueldades e dificuldades que se abateram sobre as pro­víncias onde os exércitos franceses penetraram.
Em Ambos os Rios fomos recebidos com foguetes como era costume e cobertos com pétalas de rosa e flores de laranjeira. Tinham-nos preparado um barco decorado com ornamentos de todas as igrejas das redondezas. Estava coberto com um dossel de damasco vermelho, forrado de seda amarela e guarnecido com fita dourada.

Aveiro é uma povoação sombria e mal construída no meio de pântanos pouco saudáveis: o porto é tão pequeno que apenas iates e barcos de pesca podem lá entrar. Os pobres pescadores que vêm de bastante longe têm uma aparência ligeiramente melhor que selvagens: as suas barbas e cabelo crescendo livremente dão-lhes um ar bastante feroz. No entanto, nada pode exceder a gentileza e delicadeza natural das suas maneiras. Nunca passam por um estranho sem tirar os chapéus dizendo bem alto "Deos guarde Vossa Senhoria muitos annos," e são infinitamente mais educados que os seus vizinhos rudes e desagradáveis de Aveiro.
Dirigimo-nos a Ílhavo uma povoação fora da estrada prin­cipal e, por essa razão, pouco frequentada por estranhos - a nossa chegada criou uma grande excitação, e, quando nos abrigámos da multidão numa pequena estalagem ao pé do mercado, foi verdadeiramente ridículo obser­var os grupos de camponeses que cercavam as portas e janelas do quarto que ocupávamos. Penso que éramos os primeiros estrangeiros do sexo feminino que eles alguma vez viram; olhavam com ar pasmado para a nossa roupa e chapéus de montar, em silenciosa admiração, e uma mulher com mais idade gritou quando eu passei que eu era um "muito bonito rapazinho."

Visitámos uma pequena aldeia piscatória chamada Tróia, onde há várias ruínas que permitem pensar que se tratava de uma colónia romana, destruída pelo avanço do mar. Abrigámo-nos da chuva numa pequena cabana de pesca habitada por um velho casal de olhar selvagem, um pescador e a sua mulher, que raramente viam um ser humano.


The Journal of Clarissa Trant 1800-1832. London, John Lane 1925.
O Coronel Trant participou na Guerra Peninsular, e chefiou tropas portuguesas que combateram lado a lado com as tropas britânicas. Em 1811, era Governador do Porto e mandou vir para Portugal os seus filhos, órfãos de mãe; Clarissa, sua filha esteve cá, adolescente, de 1811 a 1814. Trant era muito culto e viajou por todo o país.
Em: Mª Leonor Machado Sousa. A Guerra peninsular em Portugal. Relatos britânicos. Caleidoscópio 2007

 
"O mercado é a medida de todas as coisas"

A criação do homem novo foi o objectivo das revoluções fundamentalistas: quer privilegiando a base génica e a uniformização eugénica, como o nazismo quer a base mémica e a formatação doutrinal, como os fanatismos religiosos e os comunismos que não hesitavam em lançar mão de ambas.
Vencido o nazismo, ruído o comunismo e atenuado o WASPismo, o padrão do homem novo que se apregoa é o do bom consumidor.

Consumidor que o bazar global deseja padronizado à imagem e semelhança da mercadoria, a actual medida de todas as coisas. Protágoras teria que reformular a sua desactualizada máxima e Vitrúvio o seu ícone.
Como o mercado, por razões óbvias, não apoia o genocídio lança mão da padronização mémica duma maneira pop (a mímica) ou clássica (a legal).
Ao mercado, só interessa a formatação do desejo de bens de consumo; em tudo o resto é advogada a máxima tolerância enquanto não for possível mercantilizá-la.

É preciso que as pessoas se julguem livres para que a formatação medre (Dom Calogero)

 
A sharia à portuguesa

No mesmo dia, e no mesmo jornal (Público 25 Nov 2007) dois dos mais lúcidos comentadores alertam para a absurda tentativa legislativa de padronização comportamental – para aceder ao paraíso na terra só é permitido fazer o que estiver previsto na lei (António Barreto. Eles estão doidos!) e pretender impor o que devemos pensar, o que devemos tolerar, o que devemos comer e beber … (VPV. O despotismo “iluminado”).

Por outro lado e simultaneamente, pretende-se inchar a margem de tolerância – dos costumes, religiosa, política, étnica, ética.
Se a primeira tendência é absurda, a convivência das duas é impossível.

25.11.07

 
Pedro e o Lobo

"Nunca tanto como agora, na recente história democrática de Portugal, a independência dos juízes esteve ameaçada". António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.


 
respigo

Perda do prestígio da Ordem
A perda do prestígio da Ordem e os atrasos no pagamento das defesas oficiosas foram as duas preocupações fundamentias reveladas pelos candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados.
Mas o tema dominante … foi o atraso dos pagamentos de honorários do Governo aos advogados.

 
greve corporativa
Patrão do Comércio sugere aliança com CGTP
O presidente da Confederação do Comércio Português propôs ao secretário-geral da CGTP um eventual apoio a uma greve geral.
* Supera a do governo do Almirante Pinheiro de Azevedo.

 
Condição de filha

Há paternidade, maternidade, irmandade, orfandade mas não me lembro de termo equivalente para a condição de filha; curioso.

 
Esmeralda à experiência

Houve vários tipos de paternidade:
Biológica
Céptica
Condicionada
Egoísta
Obstinada
Litigiosa
Agora temos paternidade condicional.

Ana Filipa vai ser entregue ao progenitor, passando a ser chamada Esmeralda, mudando de nome tal como acontecia a alguns criados e aos escravos. Com o novo nome adoptavam uma nova personalidade e uma nova obediência – como na imersão na clandestinidade e na água do baptismo.
Para atenuar o absurdo legal, admite-se rever a sentença que a condenou se a criança se não adaptar, se a pena for demasiado atroz. Se e quando.
Fuzilem-nos provisoriamente! ordenava um general franquista na guerra de Espanha.

24.11.07

 
Los médicos prefieren Portugal
Sueldos más altos y el respeto de los pacientes los retienen en el país vecino

A não perder; agradeço ao Vital Moreira ter lido este artigo interessantíssimo. É muito útil para comparar o resultado de dois sistemas de acesso às Faculdades de Medicina e de formação médica.
É natural que cada um tenha recortado o que lhe pareceu mais importante - um os factos, outro as interpretações que coincidem com as suas enquanto o jornalista sublinhou os “sueldos “ e “el respecto”.
Opiniões de três médicos espanhóis: .
«"¿Por qué faltan médicos aquí? Hay pocas universidades y el colegio de médicos está encantado", explica C. "Son pocos y tienen mucho poder", añade H. "Y tratan de mantener su élite apretando en el numerus clausus", dice P.»
O Estado capturado pelas corporações profissionais...”
Factos: "la formación portuguesa es mejor que la española, más pragmática y continua".

"Hacemos 50 o 60 cirugías al año y va subiendo la dificultad".
“El jefe delega en nosotros y nos ayuda y promociona
.”
…Está encantado con su jefe. "Es para sacarlo a hombros, me recomienda que vaya a congresos, hago lo que me gusta, no me controla y me mete en ensayos clínicos que te pagan más".

Curioso malthusianismo.
"Me gustaría volver a España, pero veo muy difícil que allí encuentre lo que tengo aquí. Soy adjunto, tenemos el reconocimiento que allí nos niegan.”
Num país sem numerus clausus, a situação é a que o jornal descreve e leva a que “hay cerca de 1.700 españoles ejerciendo al otro lado de la frontera”; justamente nos locais onde mais falta fazem clínicos gerais (única especialidade onde há enorme escassez) que é da responsabilidade última dos Ministérios da Saúde.

 
Escadas de Minerva

Sobre os rankings e as críticas
Os alunos mais qualificados no secundário concorrem ao Ensino Superior. É natural, em Portugal um trabalhador licenciado ganha em média mais 80% do que uma pessoa que só tenha concluído o ensino secundário. OCDE Education at a Glance 2007.
Seria de esperar que as Universidades fossem o que de melhor existe no país. As duas Universidades portuguesas mais bem classificadas não figuram entre as 300 melhores do mundo (a de Coimbra é a 319ª -145º europeia e a U. Nova de Lisboa é a 341ª – 158ª europeia). A U. Coimbra é a terceira lusófona e a quarta ibérica.

1. Portugal ocupava a 28.ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano, elaborado pela ONU (PNUD 2001). A uma média de dez universidades por país, seria de esperar que uma Universiddae Portuguesa ficasse no 280º lugar, o que é quase o caso.
2. Assumindo que haverá 580 Universidade na Europa (1 por milhão da habitantes), o 145º lugar da UCoimbra colocá-la-ia no percentil 25; ambos lugares aceitáveis mas modestos, tal como o país.
3. É útil ter este facto em conta quando lemos as críticas arrasadoras de alguns universitários ao SNS cujo desempenho – a capacidade do transformar os recursos existentes (dos mais baixos da União Europeia) em resultados -- foi classificado pela OMS no 12º lugar mundial (1999). SNS que foi responsável pelos excelentes índices sanitários das crianças portuguesas, nomeadamente das que mais precisam – os recém nascidos prematuros - dos melhores do mundo. Estes índices representam resultados de todas as crianças do país e não apenas de um grupo seleccionado entre os mais qualificados.
É indispensável que todos exijam melhor, muito melhor; mas que as críticas sejam ponderadas;
ao SNS como a UC.

 
Por Esmeralda

Coimbra já tem uma Quinta das Lágrimas;
não precisa de uma sexta.
Se for preciso que alguém sofra, que sejam os adultos.
Mas as crianças, Senhores da Relação?

 

Por Esmeralda

Pois te não move a culpa que não tinha

Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito

A esta criancinha tem respeito,
Pois o não tens à sorte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

23.11.07

 
O PREC e as invasões francesas

VPV (Nasceu torto. Público 23.11.2007) assemelha a reacção portuguesa às invasões francesas à que acolheu o comunismo em 1974; na verdade, nessas duas épocas, a situação do país era má e não se previa uma evolução satisfatória. Era natural que o país insatisfeito visse na invasão francesa da “liberdade, igualdade, fraternidade” e nos “amanhãs que cantam” na “terra a quem a trabalha” “sem exploradores nem explorados” o regresso de D. Sebastião por que esperava em vão, há tanto tempo.
Assemelha Gomes Freire a Cunhal: “Gomes Freire de Andrade, um traidor que lutou até ao fim pelo inimigo”; um inimigo de quem? Seguramente dos “patriotas” que desejavam que nada mudasse: “A Igreja, o "Antigo Regime" e a própria Monarquia liberal na defesa do país contra a "revolução".” Do país ou do país deles?
A invasão francesa recebeu o nome inócuo e neutro de "guerra peninsular" e foi quase universalmente esquecida, lamenta VPV. Essa é a função salutar da memória - esquecer as frustrações - a das invasões francesas, a da ocupação inglesa, a do 5 de Outubro, a da revolução dos cravos, a da integração europeia.

 
O modelo

"A administração fiscal converteu-se numa organização cujo principal objectivo é gerir com eficácia um aparato burocrático e legislativo dedicado a extorquir dinheiro aos cidadãos". Manuel Carvalho, PÚBLICO, 23-11-2007

É o risco de ter requisitado à banca um director-geral dos Impostos.

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O juizo dos bébés

Os bebés já são capazes de julgar se os outros foram bons ou maus, mesmo que o acontecimento não os afecte directamente.
"Bebés entre seis e dez meses de idade diferenciam os seres humanos entre atractivos e repulsivos, segundo os comportamentos que estes tenham mostrado com os outros". Os bebés preferem ter a seu lado alguém que ajuda os outros a alguém que engana ou se mantém impassível perante a necessidade alheia.

"Isto prova que os bebés que ainda não são capazes de falar julgam os outros com base no seu comportamento com terceiros".

Entrevista
Imaginem como reagiriam os bebés abortados se o não tivessem sido.
Às progenitoras? Aos progenitores?
A quem os abortou? A quem recusou abortá-los?
Quem entenderiam eles que teria ajudado? Quem teria enganado?
Quem se teria mantido impassível perante a necessidade alheia?


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Seiscentos valentes militares desfilaram em protesto, fardados à civil, no Rossio

Mais seriam se não fora a "comunicação verbal mesquinha e tacanha" que exerceu pressão sobre os militares no activo para não comparecerem no encontro.
As razões do protesto: "incumprimento generalizado das leis de reforma e de pensões dos militares", com a quebra de comparticipação de "centenas de medicamentos" e o facto de os cônjuges deixarem de ser abrangidos pelos apoios sociais. "Mas as carreiras militares também estão em cima da mesa.""Acredito que haja casos de camaradas que não apareceram devido às pressões. É um outro clima que pretendem fomentar dentro das Forças Armadas. A desconfiança, o medo, isso, sim, prejudica a disciplina e soberania promovida entre os militares". Público 23.11.2007

* Ah, se não fosse o medo, haveriam de ver quantos mais valentes militares se manifestariam contra as pensões de reforma, a comparticipação nos medicamentos, os apoios aos cônjuges e as carreiras militares em cima da mesa…

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22.11.07

 
Sepultura? Ara?
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Moreira de Rei

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Ara
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Moreira de Rei

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Muralha do "castelo"
.

Moreira de Rei


 
Presente envenenado

A marca de cosméticos Yves Rocher ofereceu malas que contêm cádmio, um metal pesado muito tóxico. Por este motivo, a empresa enviou uma carta a pedir a devolução dos presentes.

* Mas não é isso que se procura na cosmética? Um presente adulterado?

 
Vacina contra o desleixo

A mortalidade por acidentes das crianças e jovens portugueses é a 4ª pior da Europa enquanto a mortalidade infantil portuguesa tem o 4º melhor valor europeu.

* O SNS protege muito bem as crianças pequenas da morte e da doença, como lhe compete, mas ainda não consegue ressuscitar os jovens que morrem nos acidentes rodoviários.
Os pais preocupam-se muito e são eficazes na protecção contra as doenças dos seus filhos pequenos (cuidados, vacinas, medicamentos) mas desleixam-se logo que eles têm alguma autonomia.
Exigem que “desinfectem as escolas” sempre que se diagnostica uma meningite – um ritual desnecessário --, cumprem escrupulosamente o calendário vacinal (e não hesitam em pagar o preço exorbitante das novas vacinas), mas são incapazes de assegurar o cumprimento das regras mínimas de disciplina nem de segurança rodoviária ou em casa.
Esperam uma vacina contra os acidentes, de preferência comparticipada ou incluída no PNV.

Também as instituições apelam mais ao governo e aos dispositivos de retenção que à responsabilidade individual; esperam mais do uso passivo de mecanismo de protecção (incluindo verbas) que da adopção activa de medidas de segurança pelos pais e suas associações:
Governo precisa de fazer mais, recomenda Aliança Europeia para a Segurança Infantil
Os pais portugueses têm de trabalhar o dobro das horas para comprar a cadeirinha para o carro. E um quinto da despesa é em IVA
. Público 21-11-2007
Em 2005, a APSI concluiu que 4/5 dos condutores usa cadeirinhas no carro, para transportar crianças; mas, destas, apenas metade são seguras.

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Do imperialismo legal 2

«O departamento (de Pedopsiquiatria) …. é «gravíssimo que possam discutir os méritos das decisões» judiciais com «pretensões e veleidade de substituir os tribunais», afirmou o advogado.
«…. os elementos que assinam esse relatório não poderiam deixar de ser chamados disciplinarmente pela sua pretensão em dirimirem interesses que cabem aos tribunais».

* O advogado também se insurge contra os médicos que se não “
limitam a crumprir a lei”; não poderiam deixar de ser chamados disciplinarmente” dado entender “«gravíssimo que possam discutir os méritos das decisões» judiciais”

A
cronista também entende que o papel do médico se deveria “limitar a satisfazer os pedidos das clientes”: “Imagine que, sendo mulher, deseja laquear as trompas ... Lá terá as suas razões, sejam elas quais forem, e dirige-se a um médico competente para a dita operação.” Insurge-se que seja “ao médico, não à pessoa que quer ser esterilizada, que compete ajuizar sobre a justiça das justificações.”
Extrapola da consulta da cadela no veterinário para a do médico.

21.11.07

 
A volta ao mundo
.
.
.
.
Eu acho que não vale a pena ter
ido ao Oriente e visto a Índia e a China.

Alvaro de Campos, Opiário, Orfeu 1915
.
sem ter ido a Moreira de Rei

 

Moreira de Rei


Esperança de vida

.
Porém mais tarde, quando foi volvido
das sepulturas o gelado pó,
dois esqueletos, um ao outro unido,
foram achados num sepulcro só.
Soares de Passos. O Noivado do Sepulcro,

 
Alarmismo mediático

radiação electromagnética 2
Comentário da jornalista, reticente em aceitar boas notícias:
"Em Portugal, com uma taxa de penetração de telemóvel superior a 90%, parecem ser boas notícias.
Certezas? No portal do monIT (WW.lx.it/monit) pode também ler-se os seguinte…"Os responsáveis… não aceitam qualquer responsabilidade decorrente da utilização de material, instruções, métodos, informação ou ideias contidas neste site ou na sequência da sua utilização”

*A jornalista gostaria de certezas; ninguém gosta da maneira como os produtores se desresponasbilizam da má utlização da mercadoria mas que se compreendem depois de ouvir comentar factos.



 
Alarmismo mediático

radiação electromagnética 1
Factos: Avaliaram os níveis de radiação electromagnética em 47 escolas localizados junto de antenas de estação de telemóveis. Em todos os pontos analisados os valores estão abaixo do limiar recomendado; 27 vezes abaixo, no pior caso.
Em conclusão, não há qualquer razão para preocupação, ou precaução, relativamente a este assunto nos espaços escolares analisados.

Também as radiações provenientes das antenas dos telemóveis estão abaixo do limiar de risco.… os 2280 pontos medidos em todo o país “estão abaixo do limite mais restritivo”; 95% estão cem vezes abaixo daquele limiar. “Nos espaços sensíveis, como escolas e hospitais, os valores médios estão mais de 400 vezes abaixo do limite”.
1. Em vez desta informação sólida que tranquilizaria toda a gente, a notícia de 1º página foi: " Um menor de 14 anos, residente em Macinhata, Vale de Cambra, terá praticado automutilação parcial, alegadamente incentivado por um página alojada na rede social on-line Orkut."

 
Na primeira página
Menor de 14 anos incentivado por site a praticar automutilação.

Público 21.11.2007

Praticar automutilação em vez de mutilar-se
O jornal que faz enxertos desnecessários fica logicamente alarmado se alguém se mutila.

 
Novos-cultos
Ciência ou crença na técnica?


Exames psicológicos vinculativos
Os candidatos à magistratura vão ter de ser aprovados num exame psicológico de selecção. A lei foi aprovada, vingando a norma proposta pelo Governo e pelo PS, contra toda a oposição.

Público 21.11.2007
Qual o valor preditivo desta prova? Quais as experiências que a suportam?
Esta medida será oportunamente estendida à função pública e todos os órgão de soberania.

 
"Um grande momento para a justiça portuguesa",
uma tragédia atroz para uma criança de seis anos


O advogado de Baltazar Nunes considerou a decisão do tribunal como "um grande momento para a justiça portuguesa". Público 21-11-2007

*A ordem para que uma criança de seis anos seja deportada para um pai.strangeiro é uma tragédia atroz. Mesmo quem não tenha tido filhos se dá conta disso; basta imaginar se isto lhe tivesse acontecido aos seis anos. Sonhavas que só tinhas mais 90 dias da única vida que conheces; ao 90º dia eras roubada por um alienígena ...
Que tenha sido decretada por um tribunal após meses de ponderação é também uma grande tragédia para a justiça portuguesa.

 
O apelo cifrado dos juízes da Relação

Acórdão Esmeralda
1. Lapso manifesto
"Essa aclaração se calhar precisa de ser aclarada".

A necessidade de múltiplos aclaramentos da redacção do acórdão de experientes juízes (com o significativo "lapso manifesto", típico acto falhado) não pode senão revelar o conflito entre o rigor da letra da lei a que se sentem obrigados e o sentimento de injustiça da sentença. Tal como o juíz de Fajão:
O Juiz de Fajão tinha visto o crime, mas não podia ser ao mesmo tempo testemunha e juiz. Tinha de julgar conforme a prova testemunhal, mas também não queria condenar um inocente e deixar em liberdade o assasssino. Então lavrou a seguinte sentença:

Julgo que bem julgo,
posto que bem mal julgado está!
Vi que não vi, morra que não morra!
Dêem o nó na corda que não corra.

E, lida a sentença, aconselhou o réu a recorrer para a Relação.

20.11.07

 
This is your brain on ...

Talvez por essa via se possa vir a revelar a razão de alguns comportamentos marginais – fanatismo, obsessão, contumácia, ódio de estimação, julgar ter-sempre-razão, paranóia, viés e outros.

 
deixar de viver do voluntarismo
This Is Your Brain On Voting

Attention, supporters: A brave new ballot world may be just around the corner. Using brain-scanning equipment, a team of scientists has discovered that they can correctly predict whether subjects will decide to vote.
The authors, who hail from Bazar & Pavlov University and the M School of Behavior, work in the budding field of neuropolitics, a discipline that combines neuroscience, politics and psychology to study human behavior and choice making.

 
deixar de viver do voluntarismo

O PSD quer deixar de viver do voluntarismo dos militantes e profissionalizar-se, passando a funcionar como uma empresa, como fazem os grandes partidos europeus. Público 20.11.2007

OPAs, acções, cotações, bolsa, lucros.
Se os clubes desportivos, as organizações religiosas e até os hospitais se "empresealizaram" porque não os partidos? Organizações públicas de direito privado?

 

... ao absolutismo estatal

O Estado tem o dever de impor o respeito pela autoridade da lei.
Vital Moreira. Público 20.11.2007

* da lei, da moral e dos bons costumes.

 
Do imperialismo legal

Não é aceitável que uma corporação profissional pública possa … considerar… eticamente censurável aquilo que é juridicamente devido.
Uma entidade pública não pode expor… a um juízo de censura moral quem se limita a cumprir a lei.
Vital Moreira. Público 20.11.2007

"quem se limita a cumprir a lei".
O sargento modelo era o que se limitava a levar a carta a Garcia sem se preocupar com o que estava escrito.
O rinoceronte baixa a cabeça, fecha os olhos e investe sempre a direito, sempre o direito.

 
Análise de uma história clínica antiga

1. Inverosimilhança.
Será verosímil que um “médico” peça uma opinião a um senil moribundo que “na maior parte do tempo encontrava-se incapaz de falar e os quatro médicos que o atendiam pouco mais lhe conseguiam ouvir do que monossílabos”?
Será verosímil que um senil moribundo “incapaz de falar” tenha dado essa resposta tão bem construída?
A menos que Franco tenha ressuscitado ao ouvir falar em “uma grande confusão e vai correr muito sangue”.
2. Falta grave de sigilo profissional
O sigilo profissional dos médicos estende-se a tudo o que ele tiver sabido, no exercício do seu trabalho ou por causa dele, no consultório ou em casa do doente.
O tê-lo feito revela falta grave, tanto mais que não abona a perspicácia do caudilho que, a ter sido entendido o que teria dito, se enganou quanto à “valentia” espanhola: também ali se "acabou com quarenta anos de ditadura sem que tivesse havido vítimas".
3. Grave falha prognóstica.
O delator, um dos quatro médicos escolhidos para atender Franco, revelou uma fraca capacidade prognóstica ao interpretar a "franqueza" e "simplicidade" de Juan Carlos como “sintoma de "uma ingenuidade preocupante" para as suas futuras funções.” Enganou-se.
O que revelou e o tê-lo feito agora demonstra também "uma ingenuidade preocupante" e uma insólita franqueza, que só se poderá atribuir a ter sido médico da confiança de Franco.

19.11.07

 
algumas reservas sobre ele

- Como encara então um estudo como este?
- Temos de ter algumas reservas sobre ele. Não o conheço, mas…
João Breda (coordenador da Plataforma Contra a Obesidade)

 
Cemitério às flores
Longroiva

... as primeiras e formais reclamações vieram das empresas do negócio funerário. Brutalmente desprovidas da sua matéria prima, os proprietários … convocaram a as­sembleia geral da classe, ao fim da qual, após acaloradas dis­cussões, todas elas improdutivas porque todas, sem excepção, iam dar com a cabeça no muro indestrutível da falta de cola­boração da morte, essa a que se haviam habituado, de pais a filhos, como algo que por natureza lhes era devido, aprovaram um documento a submeter à consideração do governo da na­ção… José Saramago. As intermitências da morte. 2005

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Esperança de vida

Mil e duzentos euros é o valor médio dum funeral. Público 19.11.2007

* O ordenado mínimo é de 400€. A remuneração de base média mensal dos portugueses ronda os 840 euros.
Isto ajuda a explicar a longevidade crescente dos portugueses (
aumentou 1,29 anos de 2001 a 2005): sobrevive-se para não ficar a dever o funeral.


 
Dívidas do Estado num cibercafé

Foi lançada num cibercafé de Carcavelos uma petição online promovida pelo CDS-PP, onde se apela à obrigatoriedade da publicação das dívidas do Estado.
Sincerely,

Se se exigisse a obrigação ainda vá, mas a obrigatoriedade
Se fosse uma petição virtuosa ainda vá, mas virtual …

Sincerely

 
A chuva

18.11.07

 
Falta de médicos?

Um gráfico eloquente
A densidade médica em Portugal tem vindo a crescer desde 1960.
As normas recomendam que haja um médico de cuidados de saúde primários (CSP) para um médico hospitalar – o que se verificava até 1975; depois dessa data só tem aumentado a taxa de médicos hospitalares; a de médicos nos CSP tem até diminuído. Actualmente há dois médicos hospitalares para cada médico de CSP.
Assim não admira que os doentes
a) se queixem de não terem médicos de família.
b) de não terem vagas para consultas urgentes nos Centros de Saúde.
c) das longas listas de espera para consultas programadas em CSP.
e) da inundação dos S. de Urgência hospitalares aonde acorrem como única alternativa.
Também não admira que tanto se fale de “carência de médicos” quando temos uma densidade médica semelhante à média europeia.

Acontece que a distribuição dos médicos pelas especialidades (CSP e hospitalares) é da responsabilidade do Ministério da Saúde; nesse aspecto, os múltiplos Ministérios da Saúde demitiram-se das suas responsabilidades. Falta de médicos ou faltas de ministros?

 

Khadafi quer tenda em vez de hotel

 
Contrastes

“O Senhor Doutor”, como Micas sempre se lhe refere tratou-a como a filha que nunca teve. Jogavam ao pião e à bola, contava-lhe fábulas, ensinava-lhe a tabuada e a escrita, davam longos passeios, ajeitava-lhe os cobertores antes de adormecer.
Haverá certamente quem não perdoe o facto de Salazar ser apresentado, entre paredes, como um homem temo, compreensivo, tolerante, afec­tuoso. “A História está repleta de líderes políti­cos cuja vida privada não teve qualquer correspon­dência com o seu estilo de governação”.

* Hans Frank, gauleiter da Polónia, foi julgado em Nuremberga. Os amigos argumentavam que não podia ter sido responsável pelos crimes de que o acusavam; nos passeios pelo campo tentava não pisar os vermes.

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O cortejo de oferendas

Reportagem da SIC provoca onda de solidariedade à menina que sobreviveu a tiro na cabeça. Felisbela e o pai vivem com 230€ por mês; e com apenas duas Barbies. Alguém lhe ofereceu mais duas, das quatro que tinha.
A televisão mostra um anónimo que lhe vai pagar os estudos.

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Previsões alarmantes

"Se não fizermos nada até 2012, será tarde demais." Rajendra Pachauri, do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas. Público 18.11.2007.

*Que confiança podemos ter nestas previsões climáticas se nem nas do dia seguinte acertam?

Seis distritos em alerta amarelo devido ao frio
O Instituto de Meteorologia levantou o alerta amarelo

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17.11.07

 
O instinto de lacrau no santuário

Para o director da Polícia Judiciária, Portugal é "uma boa retaguarda" para os terroristas. "... um sítio de fuga, de esconderijo... para descansar, arranjar dinheiro e documentos. "
O director da PJ admite que Portugal não está seguro em relação a um atentado terrorista, mas o país "não é um alvo primordial".

 
Confissão

Católico devoto, ajudava à missa mas «nunca o vi comungar nem confessar-se»
Mª Conceição de Melo Rita e Joaquim Vieira. Os meus 35 anos com Salazar. Esfera dos Livros 2007.

 

Taipais de um carro de besta
encontrado abandonado na Serra do Caldeirão por Emídio Sancho.

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A minha guerra

Ao lado do quartel, construído num despovoado, abrigavam-se algumas famílias que a guerra havia feito abandonar as suas sanzalas.

Este era um deste refugiados; esqueci o nome mas não o título que lhe dávamos “delegado da UPA na Casa da Telha”. Acabava um cesto que me iria oferecer.

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A minha guerra

A Guerra de Joaquim Furtado
5º episódio (repetido) esta noite na RTP N
.
.
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Consultório feito pelo povo do Uéne para o doutor da Casa da Telha. 1963
Quibeca, sobeta do povo Quingungo: "Agora que já está tropa e é bom, já vai melhor; mas primeiro era ruim tempo."

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PALOP

Estudantes dos PALOP com bolsa de estudo em Portugal. Mais de 50% não regressam ao seu país quando terminam o curso. Observatório da Imigração.

* Seria interessante saber qual era a percentagem no período colonial.

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16.11.07

 
Uma boa notícia

Bush, vetou uma proposta de financiamento de programas de educação, onde se incluía o ensino do português como segunda língua, classificando-os como “projectos esbanjadores”.

* Uma causa só tem a ganhar com uma crítica chocha.

 
O encenador encena a dor

Que tristeza e que vontade de quebrar a louça.
O marido desolado diz: "Não nos deram nada, trezentos euros…"

No quarto, a miúda está entubada, ligada por umas papas à vida. … tem a doença das vacas loucas.
A mãe (Cabelos sem pose, arruivados talvez , o corpo tenso, meia estatura, um rosto de minhota vindo dos confins célticos do sangue, um metro e quase sessenta, pálida de brancas faces em rubor intenso.) diz com uma clarividência corajosa o que raramente ouvimos: "Não, não tenho fé nenhuma, se Deus existisse, já me tinha ajudado."
Por uma vez e por distracção do censor a verdade dura como um soco revela-se. Não há espectáculo.

De quem será a responsabilidade desta morte? A jornalista, esclarecida, afirma: os serviços de saúde portugueses reagiram muito tarde aos avisos e as medidas efectivas vieram apenas dois anos depois. O Estado reagiu ao retardador. O costume…
A terem sido tomadas medidas na devida altura, esta criança teria hipoteticamente sido salva. De quem é a responsabilidade? Por uns minutos a televisão está ao serviço da verdade, não escamoteia, não coloca a coisa sob o tapete, nem nos atira para os olhos o excesso da "dor" para consumo novelístico e culpa cultivada. Que tristeza e ao mesmo tempo que vontade de quebrar a louça necessária para que isto mude mesmo.
Público 16.11.2007, Fernando Mora Ramos, Encenador

 
como é fácil fazer jornalismo de sensação

E revelador por nos mostrar como é fácil fazer jornalismo de sensação e difícil praticar jornalismo de investigação. JM Fernandes. Público 16.11.2007

 
Prejuízo

… terá de se separar o trigo do joio, e o jornalismo de investigação de revistas como a The Atlantic Monthly deverá levar a melhor sobre o jornalismo sensação da France 2 (pelo menos naquele caso).Veremos se os juízes franceses entendem este princípio elementar à sobrevivência da cidadania informada, consciente e crítica. JM Fernandes Público 16.11.2007

* Ai dos juízes se não deliberarem como o jornalista entende.

 
British e ponderado

… exemplo aquilo que o british e ponderado Francisco van Zeller entendeu ter de afirmar. JM Júdice. Público 16.11.2007

15.11.07

 
Honorários
por no gráficos


A remuneração média dos administradores das empresas cotadas em bolsa triplicou nos últimos cinco anos e representou mais de um terço dos lucros. Cada administrador do BCP recebe anualmente três milhões de euros.
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Público 27.05.2007

 
respigo
Só as crianças adoptadas são felizes

"Só as crianças adoptadas são felizes. Para bem delas, na maioria dos casos, as crianças são adoptadas pelos pais biológicos, antes ou depois de nascerem. Se não, a única coisa que fizeram foi garantir a produção biológica" e isso não basta para serem considerados pais. Laborinho Lúcio

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