alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

31.10.06

 
Digitalina virtual
… o que vejo é lixo e mais lixo semeado pelo vento e massacrado pela chuva. A entrega de publicidade de porta em porta, ..., mais a falta de cidadania ... transforma a cidade numa lixeira comum onde defecam animais e se esvaziam cinzeiros de automóvel cheios de beatas, faz com que Lisboa pareça a mais suja das capitais da Europa.
Pobretes e alegretes Clara Ferreira Alves. Única/ Expresso. 27-10-2006
mas... já tem jardins digitais.
* A digitalina, durante séculos usada para corações cansados é agora utilizada na recuperação virtual da beleza dos jardins de Lisboa.
Dedaleira (Digitalis purpurea). Autor: Miguel Perestrelo



 
A derradeira viagem a Florença XIV

Na igreja de Stª Mª Novella, dois momentos altos: o belíssimo frontal do altar– figuras chinesas em incrustações de pedras e uma anunciação de F. Lippi – magnífica face da Virgem e uma bela perspectiva.
Curiosamente, em primeiro plano, uma estranha garrafa das de apanhar moscas com vinagre!


 
A derradeira viagem a Florença XIII

Em frente da Catedral, o baptistério, enorme, atarracado e sujo (em italiano, sujo é um termo indelicado; preferem porco), próprio para baptismos colectivos.
Salvam-se as admiráveis Portas do Paraíso (bronze de Ghiberti) a ver, com o sol oblíquo do meio-dia.
O interior das igrejas é mais triste que o exterior; quase tão tumular quanto as igrejas reformadas. A capela tumular do Médicis ('Cappelle Medicee') (S. Lorenzo) é o cúmulo; entra-se e encontramo-nos rodeados do que parecem ser várias arcas tumulares de Napoleão (no Panteon); mal refeitos, entramos na capela onde duas urnas abauladas conservam os restos dos mecenas protectores de Michelangelo.

Até as estátuas de “divino” são tristes; uma perfeita tristeza.

30.10.06

 
Neologismo

Postel: postal electrónico; e.mail

 
respigo
Comparar para confundir

No novo romance de Agustina, «A Ronda da Noite», morre Patrícia Xavier, «alta, sempre bem calçada e com meias tão finas que era preciso vesti-las com luvas». Morre aos quarenta anos, em meados do século XX: «Não se podia imagi­nar que ela morrera dum aborto mal sucedido, mas foi assim. (...) Um aborto não era tão extraordinário e sobretudo depois dos quarenta anos as mulheres recorriam aos médicos para se recom­porem dum acidente que, na verdade, tinham previsto mas não acautelado».
Inês Pedrosa. Única/Expresso, 27-10-2006

Estranho que, meio século depois da morte de Patrícia Xavier, «alta, sempre bem calçada e com meias tão finas que era preciso vesti-las com luvas» e 50 anos de uso generalizado da pílula e "pílula do dia seguinte" -- venda de 366 por dia (Público 8-9-2004) --, aquela servisse de argumento a favor da despenalização do aborto.

 
A derradeira viagem a Florença XII

Porquê é que os Médicis terão escolhido a arte como forma de promoção? Haverá muitas razões; julgo que teria sido a maneira mais fácil de esconder a fealdade da pedra local – um feio arenito cinzento. Daqui a opção pelo mármore — o azulejo local -- que recobriu quase todas as igrejas, desde o belo xadrez exterior de Giotto à soturna beleza das cores escuras dos pavimentos interiores.
O triunfo excessivo da geometria. A repetição leva à saturação; a cópia não supera o original.
Nos cemitérios, as capelas mortuárias imitaram as igrejas; agora, Florença lembra um frio cemitério vivo.
Salva-se a fantástica fachada, a cúpula e a torre de Giotto, vistas de frente, com o sol da tarde; o Duomo, de paredes muito sujas, é preferível ser visto de longe – do terraço de S. Miniato al Monte.

A cúpula de Bruneleshi é soberba. A solução técnica foi engenhosa – duas cúpulas, uma semi-esférica e, por cima, outra ogival, com o que conseguiu anular de forças contrárias. Não percebi bem por quê mas o modelo repete-se em inúmeras portas toscanas -- arcos circulares em baixo e ogivais em cima, as pedras em cunha mais longas ao centro que dos lados.


 
A derradeira viagem a Florença XI

Porque será que o Renascimento surgiu na Toscânia? Porque terá acontecido ao mesmo tempo que Portugal começava os Descobrimentos e Castela expulsava os mouros que haviam ensinado grego à Europa?
Porque se terá acumulado tanta riqueza nas mãos de poucas famílias toscanas? Os Médicis eram banqueiros numa região próspera. Orgulhoso, o poder emergente procurou emular a fidalguia antiga? Exibiam o seu poder em arte; ostentavam a sua riqueza como mecenas? Procuravam acumular em anos o que outros levaram séculos a conseguir?
Porque terão escolhido as formas antigas –um retrocesso histórico – como modelo de renascimento? Estaria esgotado o padrão medieval quando surgiram as primeiras escavações arqueológicas. Os desenhos dos palácios florentinos serão cópia dos da gruta do palácio de Nero, entretanto descoberta. Os “grotescos” que, mais tarde, serão encontrados em Pompeia
.

29.10.06

 
respigo
Salazar morreu há quase quarenta anos; ou não?

A dificuldade de… ainda hoje se falar em Salazar … resulta de muitas das características que associamos ao salazarismo serem as mesmíssimas qualidades e fraquezas com que portuguesmente enfrentamos o dia-a-dia. Helena Matos

 
A derradeira viagem a Florença X

Botticelli e os seus aprendizes desenham lactentes com bossas frontais salientes, clássicos sinais de sífilis congénita, tal como outras duas crianças de 4-5 anos.

Só com Leonardo, Rafael e Ticiano começam os recém nascidos de aspecto normal; ou começaram a olhar para os lactentes ou foi uma epidemia de um vírus embriopático.

 
A derradeira viagem a Florença IX

Os meninos Jesus primitivos, muitos microcéfalos, têm todos fácies estranhas. Se me entrasse um na consulta, imaginaria qual sindroma dismórfico seria e pediria o parecer do Jorge Saraiva.
Van der Goes retrata figuras marasmáticas, com sinais de lipodistrofia ("
Portinarialtaret" (corpus; 1475)).
Um menino Jesus com o primito, ambos hidrocefálicos (Cranach - Madonna con il Bambino e San Giovannino).


 
A derradeira viagem a Florença VIII

Na casa que os seus descendentes adaptaram sob ordens suas e com o imenso dinheiro que Michelangelo amealhou, figuram duas obras da juventude. A Madonna Della Scala, com o menino ao colo, o bracito direito pendente por paralisia do plexo braquial e, num pequeno alto-relevo, a luta eterna de homens contra centauros; inacabada como a Pietá da Academia. Obras-primas inacabadas mas dinâmicas, as figuras parecem sair da pedra, “só falta retirar o que está a mais” dizia.

28.10.06

 
respigo
Coscuvilhice e exibicionismo

ter liberdade de viver como querem, para serem senhoras da sua vida. São cada vez mais uma minoria em extinção, face aos maus hábitos das gerações antigas habituadas à coscuvilhice e ao boatério e das mais novas que praticam a "aldeia global" com todos os inconvenientes da "aldeia", onde todos se conhecem. JPP

Os novos-ricos da aldeia
Não conheço a aldeia de JPP; na minha, a coscuvilhice de alguns era compensada pelo recato de quase todos, excepto os novos-ricos exibicionistas.
Agora, nesta sociedade mediatizada, ser é parecer/aparecer; todos se sentem no direito de saber tudo de todos (isto é, dos outros); a tentação bisbilhoteira de olhar pelo buraco da fechadura tornou-se virtude pública – e a devassa da vida alheia é considerada cultura.
No catolicismo, a confissão* era um acto privado, garantido pelo segredo a que se cria o padre vinculado. A confissão pública era excepcional, obtida pela tortura ou pelo álcool, excepto em caso de grave perturbação mental. Agora é fácil, frequente e parece que desejada por muita gente que, aparentemente ambiciona despir-se em público.
Essa atitude surpreendente é o preço que se dispõem a pagar para atingir notoriedade, valor que consideram superar o da reserva da privacidade.
É isto que me parece muito mais preocupante que a bisbilhotice; sem público que os compre os tablóides não vendem.

*Um "site" atraía um milhão de pessoas só nos primeiros três dias de funcionamento. E que procuravam nesse novo "site"? Confessar-se. Só isso: confessar-se. Dizer - escrever - os seus "pecados", deitá-los cá para fora, gritados, contados, sussurrados, pouco importa. E confessar-se a quem? A ninguém. Só ao computador, "Isto é apenas entre si e Deus", explica "The Confessor". J. Fidalgo. Público 7-XI- 2001

 

A Saúde Pública ao Sábado
(dia do banho semanal)

Conclusões:

* Existem hospitais que podem estar “incorrectamente” classificados dada a heterogeneidade na qualidade e na fiabilidade da informação existente entre os diversos hospitais;
* É necessário alterar algumas normas e procedimentos na recolha e tratamento dos dados de forma a melhorar a qualidade da informação…


 
O ranking exclusivo

O telefonema surgiu de forma inesperada: "O homem que vocês querem está neste mo­mento no Algarve, em Vila­moura, no Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar."
"O" homem era um especialista em qualidade hospita­lar que a SÁBADO procurava desde que de­cidiu, há mais de um ano, publicar um ranking dos melhores hospitais públicos portugueses.
Apesar da viagem de 300 quilómetros, descobriu-se que essa não era a pessoa indicada ….
Alguns meses e muitas viagens depois, a melhor solução para realizar o trabalho foi encontrada - a assinatura de um proto­colo com a Escola Nacional de Saúde Públi­ca…
Os Melhores Hospitais. Sábado 26-Out-2006

* Eis como a SÁBADO contactou o responsável por “um estudo científico”: na era dos Tm, e da edição electrónica, fez uma viagem de 300 Km para falar com alguém que, dias depois, estaria tranquilamente no seu local de trabalho, a três Km de distância, quando ainda havia quase um ano para terminar a tarefa.
Mais estranho que tê-lo feito é orgulhar-se disso.

 
A derradeira viagem a Florença VII

O David, de Michelangelo, não é, obviamente o David da Bíblia; o nariz não é semita mas grego. A forma é perfeita mas a mão direita é enorme. Porquê?

Na Casa Buonarroti o retrato do fundador explica – lá está a poderosa mão do escultor que não poderia encontrar modelo mais à mão.



 
A derradeira viagem a Florença VI

O Palazzo Vechio é de boa pedra dourada, poderoso e elegante, com os brasões de todas as regiões da Toscana; muito melhor por fora que por dentro.
No átrio que dá para a Piazza della Signoria, as grossas colunas octogonais lembram as dos Jerónimos.
Lá dentro respira-se o odor do poder desmesurado; republicano ou ditador tende ao excesso que a enorme Sala dos Quinhentos representa, simbolicamente presidida pela estátua de Leão X, um Médici. Ao lado, uma imagem do rinoceronte que Manuel I lhe enviou mas que ele não chegou a ver.
Lorenzo, o Magnífico, domina o tecto, retratado em majestade que Napoleão copiará.








Depois, o símbolo de Cristo que os jesuítas adoptaram.




27.10.06

 

Leonardo da Vinci - Annunciazione (pormenor)

 
A derradeira viagem a Florença V

Na Anunciação de Leonardo da Vinci, a Senhora folheia um livro com dificuldade, dada a acentuada camptodactilia. Terá artrite reumatóide ou será “neuro-artritismo”?
É impossível ver tudo; há que ser muito selectivo, o que os museus e os guias não ajudam. Todos querem mostrar tudo, o que satura apesar da excelência das instalações e da multidão ser aceitável. Imagino o que será no Verão, com o calor e os enxames.
As legendas na Uffizi são ilegíveis, péssimas como as de todos os museus; há audio-guias mas só dei por eles no fim -- indispensáveis.
Uma tarde na Uffizi é empanturrante; como que uma sessão de alimentação parenteral – precisamos horas para a digerir as obras soberbas de F. Lippi, de Botticelli, os retratos de Piero della Francesca. Pouco a pouco começamos a ver que as caras se repetem nos diversos quadros dos mesmos autores, como que um auto-plágio constrangedor. Mais um razão para que os museus mudem a estratégia de exposição; um é genial; dois é cópia.
O que é curioso é descobrir os modelos dos retratos de há cinco séculos entre os toscanos: Federico de Montefeltro, duque de Urbino visitava o museu de Sansepolcro, terra natal de Piero della Francesca, que o retratou em 1465. "
A Rosa Púrpura de Urbino"

 

Piero della Francesca, "Ritratto di Federico da Montefeltro, Duca di Urbino" 1465-66

26.10.06

 
A derradeira viagem a Florença IV

Botticelli e o Nascimento de Vénus; além do óbvio, surpreende a forma naif com que a flora é desenhada: troncos cilíndricos helicoidais, folhas desenhadas como, séculos depois, H. Rousseau as retomou. A mesma concha gerará, mais tarde, o barroco -- o risco da maternidade tardia. Ao cimo, Zéfiro assobia de pasmo o que enciuma Aura.
Lippi († 1508) pinta 3 Reis Magos brancos e uma Madonna de fantástica face que ignora ostensivamente o filho que não consegue chamar-lhe a atenção. Felizmente que há outras crianças com quem brincar.

Prima para ampliar

 

A derradeira viagem a Florença III

O Palazzo Vechio e a Galleria degli Uffizi são o momento alto de Florença; só a sala 7 do Uffizi vale a viagem: Fra Angélico e Paolo Ucello.
De Paolo Ucello, a Batalha de S. Romano (1440). Para comemorar a vitória do exército de Florença sobre o de Siena, exaltou o triunfo das armas.
Os soldados mal se notam no meio dos cavalos (magnífica distorção) e das armas – bestas [béstas] estilizadas como se fossem objectos de arte-- e as lanças ligando um cavaleiro a outro não se sabe se vão ou vêm. Ao longe e erguidas ao alto, sugerem mais a festa que a guerra.
Cães esgalgados fogem para, séculos depois, serem apanhados por Amadeu Sousa Cardoso da forma genial que se conhece.


 
Neologismo

Elviar : v.t. enviar por via electrónica, por e.mail.

25.10.06

 
A última viagem a Florença II

O cúmulo é o Pitti: aqui a renascença copiou a arquitectura colossal dos romanos e não a proporção grega. Como sinal de grandeza ampliou-se o original e ficou um mastodonte. Como é possível que tenha sido também obra tenha sido obra do mesmo arquitecto da cúpula do Duomo?
O mesmo acontece com as argolas que serviam para prender os cavalos no exterior dos palácios e que, felizmente, se mantêm; acontece que o seu tamanho acompanhou a dimensão dos palácios e o orgulho dos donos – algumas são gigantescas, decoradas como anéis.

No interior do Pitti, o excesso, a saturação de beleza enjoa. Como certas aulas, orações de sapiência que “provocam o sono em vez do sonho” (Natália); manifesta incapacidade de escolha, de selecção do essencial, a obsessão do coleccionador compulsivo. Aqui vemos claramente as sementes da Reforma e da Inquisição -- reacção contra a ostentação quase pornográfica e contra o tsunami dos modelos greco-romanos e dos mitos pagãos.
Recordo Rafael, alguns Lippi, duas paisagens de Rubens que lembram Brueghell e um pequeno Brueghel de veludo – um outro-mundo à maneira do pai.



 

A última viagem a Florença I

Regresso 45 anos depois, ainda estava fresca a Cidade das Flores, de Abelaira; vejo agora que os palácios da cidade, de famílias de cavaleiros fidalgos, foram instalados sobre sólidas fortalezas, sem janelas e de grossas portas.
O palácio começa nos andares de cima, bem defendido da rua.


 

CANTO DO CISNE
Quem prenunciava que o Mondego seria "zona morta" trinta anos depois?
As ilhas da Páscoa continuaram belas.

24.10.06

 
Eutrofia: um cancro verde

Mondego na lista das "zonas mortas"
O Programa das Nações Unidas para o Ambiente incluiu o Mondego na lista de zonas aquáticas em que falta o oxigénio.

No Choupal, há 30 anos

 
A morte anunciada

Mondego na lista das "zonas mortas".
O Programa das Nações Unidas para o Ambiente incluiu o Mondego na lista de zonas aquáticas em que falta o oxigénio.

A lixeira de Coimbra de há 30 anos


 
Vacina contra o contra-iluminismo

Os que argumentam que os bombistas suicidas exprimem uma raiva compreensível já venderam a sua própria liberdade. O contra-iluminismo de hoje. Ralf Dahrendorf

Do dicionário:
Compreensível: que se pode compreender. Alcançar entendendo.
… que se pode compreender; inteligível.


Compreender os mecanismos da virulência (a raiva) do bacilo da cólera será vender a própria liberdade?

23.10.06

 
METRO do Porto

Excelente transporte, elegante, tranquilo, rápido, sóbrio. Excelente meio de viajar entre Campanhã e o aeroporto se se conseguir encontrar a entrada e a saída. Péssimas indicações.
Em Campanhã, tivemos que sair da estação e tornar a entrar; valeu-nos uma portuense simpática. No aeroporto, só se lê Estádio do Dragão. Quem quiser ir para Campanhã, tem que ler as instruções; terá que aprender que Campanhã fica na linha do Dragão.
Sinal de que o FCP aliado ao Metro ligeiro de superfície superam a CP quanto mais a CMP.

 

Outono no Douro: pelourinho de Soutelinho

 
Outono no Douro

Agora que o vento e as chuvadas depenaram as videiras, ainda há muito que ver no Douro: o sino de Guiães.

19.10.06

 
SPA

Viagem de Coimbra para o Porto num Alfa. No circuito interno Marisa Cruz promovia SPAs; neste caso, o do Hotel Quinta das Lágrimas.
Não havia água nesse SPA (?), apenas massagem: o exemplar era ela mesma, elegante e tostada do Verão que se prestava, passivamente, a ser massajada por uma "esteticista"; todo o ambiente era do mesmo tipo. Exemplar de um certo estilo de vida que associamos à decadência de Roma. Hoje, o PM anunciou o orçamento de Estado restritivo.
Para facilitar a massagem a "técnica" usava um boião com dado unguento que se esperava perfumado; o comboio passava, então, pela Mealhada e o odor era o de leitão assado, a pele também tostada e estaladiça.
Pouco depois Cacia fez-se anunciar da pior maneira.
O Alfa seguia a 240Km/h; será preciso mais?

16.10.06

 
Nobel a quem merece; crédito a quem precisa

A ortodoxia diz que as taxas de juro devem ser mais elevadas para quem tem menos hipótese de pagar o crédito. É assim que os bancos funcionam, é assim que todos aceitamos que actuem. Por isso são conhecidos por "emprestar um guarda-chuva quando está sol e pedir que o devolvam quando começa a chover".
O Grameen Bank, fundado por Muhammad Yunus, empresta o guarda-chuva quando chove. E vem conseguindo o pagamento de 99% dos seus empréstimos. Helena Garrido.

 
reformismo de esquerda?

Os ajustamentos que o governo tem vindo a promover têm afectado sobretudo os assalariados, fundamentalmente os do sector público, nomeadamente as classes médias. Pelo contrário, os contribuintes faltosos e, sobretudo, os detentores de capital têm sido relativamente poupados (excepto em sede de IVA e afins).
Em Portugal são preciso 21 e 11 dias de trabalho por ano para pagar o IRS e o IRC, respectivamente. E temos assistido recorrentemente a lucros exponenciais de várias empresas: por exemplo, em 2005 os lucros dos bancos aumentaram 30% (DN, 11/6/06).
Dito de outro modo, o Executivo evidencia muita determinação, urgência e músculo com os assalariados, e muita lentidão e tibieza perante os mais poderosos economicamente (e os contribuintes faltosos).
André Freire.

 
Alminha na Conchada

Moimento que lembrava aos passantes que havia finados que expiavam no purgatório algumas penas menores; esse castigo poderia ser atenuado por sua intercessão -- por esmola ou oração.
Como, afinal, não há purgatório, a caixa do correio todos os dias deve ficar cheia de missivas devolvidas aos remetentes.

15.10.06

 

Mosteiro de Tarouca

Muito bem restaurado, a ver ao por-do-sol, quando o sol entra pelo portal e ilumina o cadeiral barroco e a bela cruz do passo IX da Paixão. Em especial se tiverem a sorte de ser acompanhados pelo velho guia de há anos; melhor se souberem história.


 
Pedro de Barcelos, o maior

… terá morrido nos seus paços de Lalim em 1354. (À Descoberta de Portugal)

O brasão oblíquo da bastardia, consequência do poder senhorial, a pretexto de evitar o risco de consanguinidade (“para estrumar o sangue”) – com resultados positivos pelo que se vê.

 
Os Grandes Portugueses

O maior terá sido Pedro de Lalim. Atesta-o o seu túmulo de quase quatro metros, no Mosteiro de S. João de Tarouca, "onde se encontra o túmulo gótico (primeira metade do século XIV) de D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos e filho bastardo de D. Dinis, autor da Crónica Geral de Espanha de 1344" e do QUARTO LIVRO DE LINHAGENS OU NOBILIARIO DO CONDE D. PEDRO DE BARCELOS. “Da linhagem dos homens como vem de padre a filho, desde o começo do mundo, e do que cada um viveu e de que vida foi. E começou em Adão o primeiro homem que Deus fez, quando formou o céu e a terra.”

Quem se atreveu a uma empresa destas merece ser o maior.
Nota: No Museu de Lamego está o túmulo de sua mulher, ainda melhor.

 
excessos

Metade dos portugueses têm excesso de peso. E 13% dos adultos e 10% das crianças sofrem mesmo de obesidade, disse o Director-Geral de Saúde durante o lançamento do Rastreio de Obesidade Infanto-Juvenil, que se realiza no Porto, Braga, Aveiro, Castelo Branco e Coimbra, seguindo depois para Lisboa, Setúbal, Évora e Faro.

Se o DGS já sabe para que serve o rastreio?

 
Human Rights Watch e a greve

As sanções económicas e comerciais que as Nações Unidas aprovaram ontem contra a Coreia do Norte podem pôr em perigo a vida de milhares de pessoas que vivem num país que não tem autonomia alimentar para nutrir os seus 23 milhões de habitantes alertam as ONG. “É necessário distinguir entre o governo norte-coreano e os cidadãos comuns", lembrou Sophie Richardson, da Human Rights Watch.

O mesmo se diga dos sindicatos de médicos, juízes, professores, forças de segurança e outros quando decretarem greve. “É necessário distinguir entre o governo e os cidadãos comuns".

 
respigo
‘Basta!’

a mentali­dade instalada na maioria dos portugue­ses e que é hoje, talvez, o principal fac­tor do nosso atraso: a crença de que o Estado deve tudo a todos, mesmo que não receba de todos o que lhe é devido; que em todas as regiões, todas as autar­quias, todos os sectores socioprofissio­nais, todas as actividades culturais ou desportivas, existem sempre excelentes razões atendíveis para não negar o dinheiro do Estado; até porque o dinheiro do Estado, sendo de todos, não é de nin­guém, e provém de uma fonte misteriosa e inesgotável, como o petróleo dos árabes”. M. Sousa Tavares. Expresso 10-10-2006

O Estado substituiu Deus, todo-poderoso; no Estado-Previdência viu-se o Estado-Providência.
Os ministros são actuais Santos a que se fazem promessas (e em cujas promessas se crê); se nos defraudam, fogueira com as imagens.
Os comícios são missas ou Te Deums e as manifestações de protestos têm a forma de procissões. Crê-se em milagres e pede-se ao Estado como se rezava o responso a Stº António:


Se milagre desejais,
recorrei a St.º António
vereis fugir o demónio…
foge o erro, a peste, a morte,
o fraco torna-se forte
torna-se o enfermo são…


Os camponeses, mais terra a terá, não se fiavam no Estado; criam mas distinguiam crer de criar. Sabiam que para ter não bastava querer ou crer, tinham que criar.

Eu sou devedor à Terra,
a Terra me está devendo.
A Terra paga-me em vida
E eu pago à Terra em morrendo.

14.10.06

 


Mau sinal

Um sintoma preocupante; o fototropismo positivo num juiz tem um prognóstico reservado.
Espera-se que se vire mais para o lado escuro, onde mais falta faz.

 
Respigos
desilusão

… custa ver, ao fim da tarde, com a bandeira caída e o autocarro à espera, as vítimas da irresponsabilidade, e do oportunismo, que desde o PREC a Santana e a Sócrates criou um país de fantasia, condenado a morrer. VPV

O número de funcionários públicos é, em Portugal, o resultado de uma concepção megalómana e socializante do Estado, que cobre um espectro que vai do PCP até ao CDS. O mundo em que aprendemos a "viver habitualmente" acabou.
Deixar de “viver habitualmente” custa muito. Salazar sabia-o. Souberam-no todos os líderes que lhe sucederam. Helena Matos

 
Nascer e morrer no Hospital

Quase todos nascem e cerca de 60% dos portugueses morrem no hospital.

* Não é absurdo? Será necessário? será sensato colocar a vida entre parênteses hospitalares em vez de entre parentes? A cidade futura será um enorme Gulag sanatorial?

 

A deriva dos gastos com a saúde nos caminhos perigosos de Medina Carreira. Público, 12.X.06

 
A deriva dos gastos

Portugal é um dos países em que as despesas com a saúde mais aumentaram entre 1990 e 2004, suplantando a média da OCDE (8,9 % do PIB, em 2004, quando em 1990 era de 7%).
"Dizem que isto aconteceu porque o PIB português não cresceu suficientemente", explicou Correia de Campos, mas "é com estes meios que temos que saber viver".
Em 2004, cada português gastou 329 € com medicamentos, mais 22 € do que a média da OCDE.

 


Os hospitais passarão a cobrar taxas de internamento


Se não racionalizarmos o consumo, alguém o racionará
ou colocará mais multibancos à entrada dos hospitais
ou caixas de esmolas

13.10.06

 


Salazar, o elo



Valores como o "respeitinho", a hipocrisia pública, a retórica antipolítica, a tentação de considerar que o suprapartidário é bom, a obsessão pelo "consenso", o medo da controvérsia, a cunha e a clientela, mesmo a corrupção pequena, a falta de espírito crítico desde as artes e letras até à imprensa e Igreja, tudo vem do quadro do salazarismo e reprodu-lo.
…O que me interessa é recensear que atitudes, nostalgias, hábitos, costumes, práticas, que ninguém associa a Salazar, mas vêm directamente dele e do Estado Novo, continuam vivos, adoecendo a nossa democracia
.
J. Pacheco Pereira

Vem mas não começou com ele que apenas encarnou e constituiu o que vinha, habitualmente, de muito antes.
Os bufos da PIDE são os descendentes bastardos dos “familiares” do Stº Ofício; a Censura era a bisneta do Index.

Tal como João III, introduziu a Inquisição e saneou a universidade de “estrangeirados” para a entregar aos Jesuítas. Salazar era um autocrata tido como iluminado, à maneira de Pombal. Para Salazar, os democratas eram os jesuítas de Pombal; os comunistas eram os seus Távoras.
Em Coimbra, a União Nacional estava instalada no Pátio da Inquisição.

 
Reforma ou milagre?

Entre 1990 e 2005 o produto português cresceu 2,4% em média anual, enquanto a despesa corrente primária subiu 5 %, as despesas sociais 6% e as pensões 7%. Medina Carreira

 


Cortejos na véspera de sexta-feira, treze


Longas sombras num dia de Sol. Simétricas.
Para um lado, umas; para o outro, outras.

 
Podemos ficar descansados

O novo Código Penal vai proibir expressamente os castigos corporais em crianças.

O novo Código Penal vai proibir expressamente o fumo
o roubo
o suborno
os espirros
a tosse
que jornalista e entrevistado falem ao mesmo tempo
o dedo no nariz
os fogos florestais
as enxurradas

a queimadura solar
as indigestões de dobrada
a praxe
o abuso da liberdade de imprensa
a prepotência do poder
a publicidade enganosa
o frenesim legislativo

o aborto espontâneo
O novo Código Penal vai proibir expressamente o mito legalista

12.10.06

 

Ide ao Douro enquanto dura

 
As nossas crianças estão protegidas por lei

O novo Código Penal vai proibir expressamente os castigos corporais em crianças, praticados quer em instituições, quer em casa.

 
PSP ou PSJ?

Quase um terço dos agentes da PSP que desempenham funções operacionais são utilizados nas salas de audiências dos tribunais.

11.10.06

 
Portugueses e refugiados

Em cada 10 euros de impostos que pagamos, mais de seis são utilizados no pagamento de ordenados da função pública. Dois grandes responsáveis: Cavaco Silva … e António Guterres.

Presidente de todos os portugueses e Alto Comissário para os refugiados.


 

Douro em Outubro. Aproveitem enquanto dura; enquanto doira.

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