Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt
31.3.15
Empenhar pelo ar
Para quê melhorar o que já é tão bom?
Pelo menos aqui será melhor não nos empenhar mais.
Mais de 400 milhões de litros de água
para consumo humano são desperdiçados todos os dias em roturas e fugas nas redes municipais em Portugal. …um em cada cinco litros de água captada, tratada
e pronta a ser consumida perde-se pelo caminho e não chega às torneiras.
A ajuda externa pode ser um contributo
necessário, porém nunca suficiente para guindar o país do fosso socio-económico
em que se encontra. Fernando Ka
A versão política da angústia médica numa emergência
Confissão
prévia. É cada vez mais difícil a quem tem de escrever sobre a situação
internacional fazê-lo sem correr um sério risco de se enganar. A razão é
simples. O que era dado por adquirido deixou de o ser. Há muito mais
actores internacionais a considerar. As coisas evoluem a uma velocidade
tal que se corre o risco de ver desactualizados princípios e tendências
que eram seguros na véspera. O problema é que este mundo em turbilhão
surge precisamente quando a indefinição estratégica domina alguns grandes
actores ocidentais, como os EUA ou a Europa. É a isto que chamamos
desordem internacional.Teresa de Sousa
Aos que mais precisam ou aos que mais reclamam? A mesma taxa de imposto, a mesma vacina, a mesma receita, a mesma ementa, férias simultâneas no mesmo local, o mesmo curso, o mesmo canal?
O racismo português é uma forma apigmentada da classismo
“Os homens são contumazes em se dezabuzarem e ainda aquellas couzas, que são facillimas, e de muito interesse não as querem seguir, por não se apartarem do costume dos seus maiores. As artes, que uzão estão n'huma summa imperfeiyão, por falta de instrumentos, e de methodos.” Havendo bastantes lans na provincia, não há huma só fábrica de panos. Vendem-na para fora servindo-se depois dos mesmos panos dando aos outros o ganho que elles podiam lucrar se fossem industriozos. Havendo abundancia de cascas de carvalho e sobro, não há huma só fabrica de atanados. Todos os couros que se gastão, e os bezerros, vêm de fora da provincia. Succede muitas vezes no Verão, não levarem os rios bastante agoa para moerem as azenhas; falta o pão, de sorte que se reparte por justiça; com tudo não há hum só moinho de vento. N'huma palavra faltão as artes da primeira necessidade. A estas “cauzas físicas que obstão ao progresso d'agricultura em Tras os Montes”, acrescenta o que considera “as cauzas moraes. O desprezo com que são olhados os lavradores. A sua estupidez, ignorância e pobreza”…. “Os lavradores são extremamente occiosos; no tempo que lhes resta de trabalhar na terra, que hé bastante, não se occupão mais que em viver no descanço, não sabem officios; nem os pretendem aprender. Se o anno hé abundante, e os fructos lhe dão para passarem, não se querem exercitar em jornaes, nem outras couzas em que podião ganhar dinheiro. Finda a sementeira a terra entra em repouso sob o manto das geadas e com ela (os camponeses) recolhidos à lareira nos longos serões de inverno, até que a Primavera, despertando a natureza, de novo os enleve nas malhas dos mesmos trabalhos” . A gente do campo hé muito impolida e ignorante; a maior parte não sabe ler nem escrever, são pobres, nem colhem muito pão para si, não obstante trabalharem todo o anno. N'algumas aldêas não trazem çapatos, nem botas, uzam d'huma pelle a que chamão abarcas. Isto muito principalmente se observa Junto a raya de Castella, como em Montezinho, etc., aonde os lavradores são muito pobres, estupidos, e ignorantes. Memória Académica em que se dá a descripção da província de Trás os Montes por José António de Sá (1780-81). Revelado pelo Óscar * A descripção da província ultramarina de Angola, suas aldêas, lavradores e suas artes não seria muito diferente. A cor da pele seria a única diferença.
Contra a austeridade e a retenção Numa modesta tasquinha de
praia, um casal fala de um filhita em idade escolar: se as notas forem boas, irá
à Disneylândia.
Para beber ao almoço a petiza
escolheu IceTea pêssego.
Esta irritação que, não “os” angolanos mas “estes”
angolanos opulentos nos provocam é equivalente à que os “torna-viagem” enriquecidos
ou os eufóricos colonos no gozo de “licença graciosa” na metrópole nos provocavam.
Creio que era maior a arrogância que sentíamos que a que
eles “usavam contra nós”.
A relação colonial (a que eu conheci em Angola há meio
século) não era muito diferente da relação de classe que cá existia entre ricos
e pobres; uma relação de classe acentuada pela cor da pele.
Os retornados de 1975 polarizaram duplamente essa
irritação e arrogância que terão sentido “nós” “termos usado contra eles”.
Sim, há doenças que mais vale
encontrar o mais cedo possível. Mas não cedo demais.
A classe
médica tem vindo a chamar a atenção para os perigos do sobrediagnóstico (overdiagnosis) - o diagnóstico
em indivíduos saudáveis de doenças que nunca iriam desenvolver sintomas ou
serem letais.É
usada sobretudo pelos especialistas em cancro, referindo-se a lesões
pré-cancerosas e microscópicas que são encontradas por acaso (‘acidentalomas’),
graças aos avanços da imagiologia médica, mas cuja evolução pode não se
verificar.
Estudos recentes demonstram que 30%
dos cancros da mama, 60% da próstata e 90% da tiróide são de improvável
evolução.
Para Sobrinho Simões, "não se devem fazer biopsias a lesões abaixo de 1
cm.
"Há lesões pequenas que não se vão desenvolver.
A epidemia de cancro que
presenciamos é fruto da longevidade mas também do desenvolvimento dos meios de
diagnóstico, que permitem ver lesões cada vez mais pequenas."
É preciso "procurar de
forma menos impetuosa cancros diminutos e fazer um esforço em diferenciar quais
cancros irão trazer consequências". É o que está a tentar H. Varmus, prémio Nobel da Medicina: "não tanto detetar
prematuramente o cancro", mas "fatores que identifiquem quão
agressivo este irá ser". Revista E 7-Mar-2015
* Algo semelhante deverá fazer o fisco; malhas largas que
não deixem passar os tubarões; a grande maioria do peixe miúdo (1/1000?) não
chegará a grande. A velocidade do crescimento irracional dos movimentos bancários será um bom indício da agressividade dos cancros financeiros; é assim que se rastreia a obesidade mórbida.
"Num país em que a ocupação geral é estar doente..."
Eça de Queiroz Os Maias (1888)
Há uma verdade tão física como
metafísica quando os médicos portugueses se referem a quem os consulta, por
muito ou pouco saudáveis que sejam, como "doentes".
Só
em português é que um médico pode dizer que "tem um doente que é a pessoa
mais saudável que já conheceu".
Num futuro já presente nas empresas
médicas capitalistas, as pessoas que lhes pagam… são clientes. Só no excelente sistema
nacional de saúde é que são o que somos: utentes. Está certo. É neutro e
verdadeiro.
Os médicos portugueses têm razão. Não
estamos todos doentes: mas somos todos doentes. Dói-nos sermos como somos.
Somos, mesmo sem termos uma doença curável ou incurável, incuravelmente
dolentes–e doentes. As coisas doem-nos mais do
que nos adoecem. Mas como distinguir a dor da doença? MEC
Tenho tosse no cabelo,
dor de dentes no cachaço, amargam-me as sobrancelhas, não vejo nada de um braço.
Este mundo fechado
sobre si próprio não se importa muito com o mundo exterior e não exige um
comportamento cívico exemplar. VPV
Uma mulher vale o que ganha? dizem duas mulheres. Se a mulher trabalha como a ilustração mostra, não admira. Se 52,4% dos portugueses são do sexo feminino, até admira a taxa de pobreza.
Um pouco por todo o mundo, ecoam gritos de alerta sobre o
estado em que se encontram as colecções de história natural preservadas nos
museus. Autênticas bibliotecas da vida … estes repositórios estão ameaçados …
especialmente pela falta de recursos humanos especializados. A situação é tão
grave que a revistaNature publicou
…a… situação que se vive em Itália, onde a falta de renovação de quadros já
levou à perda considerável de espécimens por falta de manutenção.
É a análise minuciosa
destes objectos de colecção que pode permitir compreender o ecossistema
passado, a relação das espécies com o ecossistema e levar ao desenvolvimento de
medidas de minimização ambiental, perante os problemas globais que hoje
enfrentamos. Mª Amélia Martins-Loução
Não era preciso Francisco Assis ser tão “Nem-Nem” no
título, tão literal na fórmula, para percebermos que ele não veio ao mundo nem
chegou ao espaço público para perturbar quem quer que seja, gregos ou
prussianos. A. Guerreiro
Nessa discussão, infelizmente, a direita e uma parte
significativa da esquerda portuguesas não estiveram à altura das suas
obrigações históricas. Prestaram-se ao triste papel de acríticas claques de
apoio aos senhores Schäuble e Varoufakis. Se uns foram mais alemães que os
alemães, outros, não querendo ficar atrás, revelaram-se mais gregos que os
próprios gregos. No fundo, todos eles revelaram um preocupante estado de
imaturidade política.Assis