alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

30.6.06

 
A coluna

A demissão de Freitas do Amaral foi motivada por lesões na coluna vertebral.

A coluna vertebral é o órgão que mais sofre com os negócios. Sofrem mais os primatas que os répteis; tanto mais quanto mais direitos tentam manter-se.

Desde o 25 de Abril que, discordando dele, admirei a maneira segura, racional e civilizada com que defendia os seus pontos de vista; para minha zanga, venceu os debates a que assisti. Foi um pilar de direita da democracia nascente; o pilar central do que é hoje a direita democrática. Sempre se disse do centro.

 

Grafitti. Sob o verniz, o reboco; sob o reboco, a pedra.

 
Sous le pavé, la rage

“…debaixo da normalização burguesa e pacífica que é o esforço de séculos de pedagogia e que repudia a violência, existe na sua integridade o instinto animal, o gosto da violência e do confronto, a agressividade a que Konrad Lorenz dedicou páginas definitivas.” JM Júdice.
À violência, o confronto, a agressividade que caracterizariam as sociedades predadoras primitivas ter-se-á seguido a agricultura que, pelo contrário, privilegiava a paz desde que a posse da terra, da água e dos braços não estivesse em causa.
O comércio pressupõe a conciliação da “violência, o confronto e a agressividade” entre os tratantes com a paz e bons termos com os clientes. O instinto animal sublimado na competição do mercado.
Por vezes o "sentido figurado" é usado para rebuçar a tendência primitiva para "corrê-los à pedrada"; a luta pela vida é evocada no “mundial”; o espírito de clã é projectado nas bandeiras e nos cachecóis.

29.6.06

 

Mulheres na Universidade

As tricanas envelheciam mas continuavam a "suportar todo o peso da roupa suja e do entablamento" da torre da Universidade.

 


Raparigas na Universidade

Naquele tempo não havia raparigas na Universidade; as tricanas eram as únicas mulheres admitidas -- modelo para as cariátides * do portal do Colégio de S. Pedro (1712); tricanas com o xaile traçado como viria a ser a praxe das capas.


* as cariátides eram colunas em forma de mulheres, que suportavam na cabeça todo o peso do entablamento; chamavam-se cariátides em homenagem às jovens da região de Cária, que foram escravizadas como parte de um acordo feito com os Persas.

 

Ferros da Universidade

 

Ferros de Coimbra

A confusão da varanda lembra Macau mas os ferros forjados são típicos. Futricas mas típicos.

 

Geografia humana

"Em Coimbra, há locais onde a comunidade expressa melhor os afectos"
Paulo Jorge Vieira, tese de licenciatura em Geografia.

O que terá levado o fotógrafo a centrar a imagem em duas "irmãs da caridade" ?

 

TERRENOS DA PENITENCIÁRIA
Debate público para recolher sugestões

28.6.06

 
Olhai as pedras

Toda a gente vê a igreja de St Iago, na praça Velha, mas poucos reparam nas pedras que a compõem.
Todos sabem que é muito antiga mas ninguém se interessa pela idade dos fósseis das paredes.
Os guias chamam a atenção para a beleza dos portais e das arquivoltas, mas poucos reparam nas formas em que cristalizaram os ramos.

 
Baz.ar condicionado
O BE rende-se ao mercado; recusa-o ao ar livre mas tolera-o com tecto

O Bloco de Esquerda quer pôr um travão à tendência de subida dos preços dos medicamentos sem receita vendidos fora das farmácias. Por isso, propõe a fixação de preços máximos. "Mesmo correndo o risco de os preços se aproximarem do valor máximo, pelo menos não poderão subir acima dele".

Prevejo a objecção da Autoridade da Concorrência: "uma forma séria e das mais graves de restrição da concorrência."

27.6.06

 

A larga banda interior

Primeiro-ministro satisfeito com cobertura total de banda larga.

Sem ninguém na via é muito mais fácil viajar para Espanha e para o Algarve.

 
Assim vai a análise do 12º melhor SNS do mundo

Ao fim de um ano de governo, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (Saúde joga-se sem ‘fair-play’ ) e o Ministro da Saúde (Crítica, independência e fundamentação) centraram a discussão no preço dos medicamentos de venda livre. (Expresso 24-6-2006)
Pouco tempo antes, a
Autoridade da Concorrência condenava a Ordem dos Médicos ... pela imposição de preços máximos e mínimos; eis os argumentos: " preços mais competitivos, serviço ao melhor preço, associações de empresas, uma forma séria e das mais graves de restrição da concorrência, elimina a concorrência, consumidor, possibilidade de escolha, negociação."

Eis o nível do debate -- guarda-livros discutem trocos e alíneas; jornalistas degradam a discussão a um jogo que nem limpo consideram.
O ex-voto é de 1877; descubram as semelhanças.

 
Da função pública

Sindicato dos CTT receia redução de postos de trabalho com o novo serviço ViaCTT

 
O imposto do selo há 110 anos

Até certo ponto, a distribuição dos impostos em Portugal, caminhou ao lado do desenvolvimento das fontes de riqueza pública; mas as fortes exigências d'uma emprega­dagem em muitos casos largamente remunerada, e os ju­ros que, em ouro, nos víamos obrigados a pagar aos credores estrangeiros trouxeram, como consequência, a ne­cessidade de elevar os impostos. Essa elevação, feita sem critério, deu como resultado criar-se uma enorme desproporção entre aquilo que o país produz e o que é obriga­do a tirar de si mesmo para pagar as contribuições novas e variadas que todos os dias lhe lançam.
Insaciavelmente, os governos foram criando novos im­postos e apertando a fiscalização dos existentes. Essa fiscalização exigiu novos empregados e esses empregados novas despesas, que largamente cerceiam o produto dos impostos.
Sobre isto, some-se a enorme paralisação que na actividade nacional, no comércio, na indústria, na agri­cultura produzem as exigências, muitas vezes vexatórias e estúpidas, dos empregados fiscalizantes, autorizados a um livre arbítrio revoltante pelos poderes discricionários que os regulamentos lhes concedem.

AC Vilas Boas, JM Nunes da Costa. Tabela dos emolumentos e salários judiciais. Minerva Comercial, Évora 1896

26.6.06

 

Vilhonneur

Onde os arqueólogos vêem uma face humana com uma bela túnica, atribuída a um nosso antepassado de há 27 mil anos, eu vejo o mapa de África onde esse nosso tetra-avô terá assinalado o seu percurso. A seta aponta Gibraltar onde as ondas seriam mais suaves; do arco só restou a corda.
Única/Expresso. 17-6-2006


 
Beira Litoral

O Litoral-Centro (Leiria, Coimbra e Aveiro) representa 9% do PIB nacional - com 9,4% da população e 6,1% da área - e cerca de 13% do valor dos produtos exportados; entre 1988 e 2003 teve um crescimento económico superior à média do país.

O valor da
mortalidade infantil (2002-2003) foi de 3.6‰, inferior à média nacional (4.6), à da região Norte (5.0), à de LxVT (4.5) e à do Sul (4.9).
O mesmo acontece com a
mortalidade perinatal (2002-2003) : Litoral Centro – 4.7; Norte 5.4, LxVT- 5.8; Sul 7.0

 
A odisseia concelha

Escritura da compra de uma casa. “Está tudo pronto, é só assinar”, anunciaram; demorou duas horas e meia!
Um dos vários problemas (faltava um de no nome...) era uma omissão de 53 cêntimos no valor do empréstimo de mais de uma centena de milhar de euros….
Tudo isto depois de uma odisseia na construção da casa – que só acompanhei, de longe, nos últimos meses – e do labirinto burocrático da Câmara.
O empreiteiro não sabe fazer contas sem a calculadora, o que é um mal menor; o mais grave é não saber calcular áreas – não sabe calcular quantos azulejos são necessários para cobrir uma parede. Encomenda “a olho”; resultado: ou sobram ou faltam. Como não prevêem, só dão pelo erro quando gastam o último azulejo. Só então gritam: “Não há mais!” Muito telefonemas não evitam que tenha que ser o promitente-comprador a prontificar-se a ir buscar mais azulejos à fábrica (aconteceu duas vezes) para que os operários não fiquem sem que fazer e se adie o fim da obra! Espera-se que, com sorte, ainda haja do mesmo lote; de outro modo os tons poderão ser diferentes. “Que mal faz, se são todos azuis?” …
Na Câmara, a unidade de tempo é o mês; um ofício que exige várias assinaturas demora dias a subir um andar. Só os chefes assinam; quando estão de férias, tudo pára.
Um Departamento só dá uma licença desde que se entregue uma declaração; o Serviço não passa a declaração sem que lhe entreguem a licença …. Não falam um com o outro: o Serviço entende que a iniciativa deve ser do Departamento e vice-versa…
Como os mestres-de-obras desprezam os engenheiros e os arquitectos (“não sabem nada disto…”) servem-se da planta como mera sugestão que alteram a seu bel-prazer; depois queixam-se que os fiscais são “uns chatos”.
A tentação é grande para lubrificar o processo *. Ou para não fazer nada; deixarmo-nos estar quietos, hibernar até que este pesadelo passe.
Que bem funciona o SNS!

*
Corrupção: um terço dos inquéritos visam câmaras municipais revelou o coordenador da investigação da criminalidade económica na directoria de Coimbra da PJ.


 
A vitória da Contra-Reforma

A surpresa das fachadas de Amsterdam cobertas de bandeiras laranja.
A cor laranja da equipa holandesa é a da família real dos Orange; a bandeira da nação é azul-branca-vermelha, a dos Estados Gerais republicanos.
Que o futebol tenha optado pela cor dos Orange é significativo.
A independência da Holanda foi a vitória da burguesia, holandesa e protestante, contra o domínio da aristocracia centro-europeia dos Habsburgo, Sacro Imperadores Católicos. Os holandeses escolheram Guilherme de Nassau, príncipe de Orange para comandar os exércitos holandeses contra os do Duque de Alba, do catolicíssimo Filipe de Espanha.
A Contra-Reforma promoveu o mito do Purgatório. Cria-se que qualquer pessoa poderia ajudar a redimir os pecados de outrem ("com uma esmola ou oração"), mesmo que esse já tivesse morrido sem o ter feito. Para Lutero isso era absurdo – o pecado era do domínio estritamente individual; nem compra de bula pelo próprio nem oração estranha poderiam ajudar.
Uma perspectiva individualista do homem versus a comunitária clássica.
É estranho ver que o futebol conseguiu converter a luterana Amsterdam à Contra-Reforma -- à crença no poder mágico das bandeiras laranja, nas procissões e, se calhar, nas bulas e nas promessas já não pelas “almas do purgatório” mas pela vitória da selecção.
Lutero deve ter-se congratulado pela derrota.

23.6.06

 
informática amanuense

A informática é um instrumento perigoso em mangas de alpaca. O cruzamento de dados permite que o fisco seja mais eficaz; não parece ser mais eficiente. É mais igualitário (e mais cómodo) investigar todos que fazer uma discriminação positiva -- custa quase tanto cruzar dados dos mais prováveis do que dos outros.
O fisco terá muito mais a ganhar com uma boa descoberta que com cem das outras.
Mas é preciso coragem para escolher -- ninguém "se quer responsabilizar..." por introduzir uma variável no computador.

 
mais doloroso do que a vacina contra o tétano.

É penoso ler uma análise preconceituosa num jornal de referência. Tolero o preconceito contra a OM (tem dados demasiadas razões); detesto o argumento de aiatola de bazar.
Nada pior para uma causa que um argumento estapafúrdio; a vacina contra o tétano é quase indolor.

 
A rasoira jacobina em mãos burocratas

"A Autoridade da Concorrência condenou a Ordem dos Médicos ... pela imposição de preços máximos e mínimos nos serviços prestados pelos médicos a exercerem a actividade em regime independente.
A fixação de preços mínimos e máximos por associações de empresas configura uma forma séria e das mais graves de restrição da concorrência, porque impede cada agente de fixar preços mais competitivos, elimina a concorrência entre profissionais pela via do preço, reforça os obstáculos à entrada de novos profissionais e priva o consumidor da possibilidade de escolha e de negociação para adquirir o serviço ao melhor preço."


Se o limiar dos preços das consultas médicas privadas imposta pela Ordem dos Médicos fosse um travão à concorrência, seria de esperar que aqueles estivessem próximo desse limiar. Tal não acontece; na verdade, os preços na clínica privada são elevados -- 30% superiores aos europeus.
Neste caso, qual a utilidade da intervenção da Autoridade da Concorrência?
Mais, que útil actividade de fiscalização terá ficado por fazer?

21.6.06

 
Nevoeiro de ozono

Portugal teve a maior concentração de ozono no Verão de 2005, em Lamas de Olmo, no Parque Natural do Alvão, superando o limiar de alerta.

Uns comem os figos, a outros rebentam os beiços

 
Quando a perspectiva é a do bazar

O impacto no bolso do utente da liberalização da venda de medicamentos sem receita continua por apurar. O ministro da Saúde considerou ontem "falso" e "incorrecto" que estes produtos estejam mais caros desde que são vendidos fora das farmácias, tal como alerta o relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

Quando "Portugal ... é um dos países onde mais fármacos são consumidos por pessoa ... o dobro do Reino Unido, a Dinamarca e a Suécia." (A. Hipólito Aguiar. Medicamentos, que realidade? - Passado, Presente e Futuro 2002), mais importante que saber se os preços dos medicamentos vendidos sem receita subiram ou desceram, não seria saber quantos desses eram necessários ? Quais desses são seguramente eficazes e não placebos caros ?
Portugal é um país farmacolizado, viciado em medicamentos, que neles procura remédio para as suas queixas.

Tal como a bola domina a política autárquica, o partido que prometesse remédios "a pataco" ("tendencialmente a pataco") ganharia as eleições.

 
opinião pública espontânea

Para além do futebol, o director do Expresso (17-6-2006) não encontra "outro motivo que leve alguém a, espontaneamente, ter orgulho neste país..."
Quando a TV e a rádio nos afogam de "notícias" da bola.
Quando o PR, durante o "Roteiro para a Ciência", interrompeu o diálogo com um jovem para perguntar o resultado dos jogos de futebol. (E contaminou uma boa iniciativa; além de que ninguém acredita que o PR não soubesse os resultados.)
Quando o campeonato do mundo suspende o programa de análise política de maior impacto para que o autor se possa dedicar ao comentário desportivo.
Quando a AR suspende os trabalhos parlamentares para ver o jogo
Quando o próprio Expresso dedica ao futebol quatro das 26 páginas de texto do seu primeiro caderno (além de 1 das 6 páginas inteiras de publicidade) e oferece bandeiras para "apoiar a selecção" não me parece surpresa que os portugueses não vejam nem oiçam outra coisa.

"Espontaneamente" ?

17.6.06

 
O atestado dum feitor de opinião

Primeiro, temos os médicos dos falsos atestados e da falsa honra, cuja actuação não interessa classificar mais a não ser para dizer que eles são o agente principal da baixa produtividade nacional em vários sectoresM. Sousa Tavares. Expresso 17-6-2006

Quando a única escusa legal possível é a doença, o médico fica numa posição muito difícil. Toda a água do capote (a da lei e a do alegado doente) escorre para o médico que é frequentemente censurado por não atender aos aspectos humanos do seu doente.
Nada pior para uma boa causa que um argumento estapafúrdio.
Mais importante que procurar a culpa é procurar a causa.

 
orgulho nacional espontâneo

Mas apontem-me outro motivo actual ( não histórico) que leve alguém a, espontaneamente, ter orgulho neste velho país...” Henrique Monteiro, director do Expresso, 17-6-2006

Em Portugal, a mortalidade infantil baixou cerca de 75% entre 1980 e 1998 (INE) e é agora, tal como a perinatal, a 5ª melhor da Europa.
Em 2004 conquistámos o 3º lugar do podium (ex aequo com onze outros países) nas olimpíadas do estado de saúde das crianças nos primeiros 5 anos de vida, (UNICEF 2006).
Em 2003, Portugal foi o 6º Melhor
País para Crianças.

Cabe aos jornalistas e aos jornais de referência divulgar estes dados, para que os portugueses não sejam levados “espontaneamente” a julgar que só a equipa nacional de futebol é motivo de orgulho.

 
mettre fin à ce gaspillage ridicule

Une fois par mois et pour quelques jours, le parlement européen déménage de Bruxelles vers Strasbourg au grand complet, avec tous ses collaborateurs et sa documentation.
La seule raison de ce gaspillage de 200 millions d'euros par an est que la France le veut ainsi. Tous les pays de l'Union paient la note ! Donc nous !

Actuellement, un certain nombre de membres du parlement européen, issus de différents partis et de différents pays, ont entrepris une action visant à mettre fin à ce gaspillage ridicule.

Têm razão; não é atinado fazer “déménager une fois par mois et pour quelques jours, certain nombre de membres du parlement européen, de Bruxelles vers Strasbourg au grand complet.”
Só deveriam ir os “membres” que quisessem; os outros interviriam por video-conferência a partir de Bruxelas.

Seria um primeiro passo para video-plenários a partir dos seus países; o papel do moderador tornar-se-ia muito mais fácil.

 
chilrreio persa

Duas horas de silêncio total no vale da Elysio de Moura; só se ouvia a passarada -- seria persa ?

16.6.06

 

Ex voto. MQF (Milagre que fez...tendo o posso 70 palmos d'alto)

 
O menino e o poço

O menino de dois anos fica habitualmente com a bisavó, enquanto os pais e avós trabalham. Naque­la tarde quando a avó chegou, ele pediu-lhe para irem ao café, como de costume. Entretanto perderam-no de vista, “dois minutos” diz a avó, e começa­ram a chamá-lo. A bisavó de 81 anos, que tem muito bom ouvido, lembra que parece ter sentido o arrastar da tampa do poço...; embora não acreditem, correm para lá chamando um vizinho que trabalhava próximo. O poço, coberto por uma caixa de cimento, tem a tampa de metal arredada e ao espreitar lá para dentro o vizinho dá o alarme “que sente o menino a esbracejar lá em baixo”!! A avó agarra a mangueira do motor de rega e suplica ao rapaz que “vá lá e salve o seu menino...”; o poço tem uma altura de 7,5 metros com 4 metros de água!
A Urgência está cheia de gente, bombeiros, médicos, vários enfermeiros e auxilia­res que trocam cobertores e aquecem o pequenino. O Carlitos tem a face muito vermelha mas fria e o corpo marmoreado. Treme, treme muito. Olha todos, vigilante, olhar assustado e balbucia doce­mente a um dos médicos que o afaga... “ – caí ”... como se precisasse de justificar tanto alari­do e continua a monitorizar os que se aproximam e lhe fazem festas e o aconchegam “no quente”. Os bombeiros e o pessoal do INEM despedem-se várias vezes, mas vão ficando. Há risadas nervosas que disfarçam alguma comoção e olhos bri­lhantes "de tanto rir". Paira no ar uma incredibilidade aliviada, por aquele menino que viveu esta história e está aqui, tão bem.


E perguntam à avó:
- E o rapaz foi? (obviamente, mas todos estão suspensos no resto da história)
- Foi sim... veja lá, sujeitou-se a isso!!
Tinha descido pela mangueira que a avó segurava e conseguiu agarrá-lo enquanto ela os mantinha fora de água... e gritava, gritava muito, “pelas pessoas, pelos bombeiros, pela Nossa Senhora e pela falecida madrinha que gostava tanto do seu menino.”...

Suzana Nogueira, Boavida Fernandes, Luis Januário. Um caso inesquecível. Saúde Infantil Abril 2006



 







anticlericalismo primário

 
Pedagogia constrangedora

Cerca de 30 mil alunos de catequese de todo o país na peregrinação nacional de crianças ao Santuário de Fátima.

A agogê espartana ou a
cruzada das crianças.
O que me preocupa é que teria sido fácil obter o consentimento informado das famílias e das crianças.

 
O beijo ou a dentada

Como nenhum sociólogo ou psicólogo desconhecerá, uma das formas básicas de afirmação da identidade é a contrastação entre "nós" e "os outros". Construindo estereótipos que exacerbam as diferenças entre os grupos e as anulam no intragrupo, esta forma de discurso contribui para ordenar o mundo, definir quem somos e afirmar distinções morais entre o que julgamos ser o Bem e o Mal. A cor do ódio

* O beijo é o que resta do antigo processo de identificação dos “nossos”. A vista e o ouvido fariam o rastreio à distância; depois, mais perto, havia que confirmar por meios mais seguros– o cheiro e o sabor, os sentidos mais antigos. O beijo ou a dentada, dependia do resultado.

 
Blogues editados

Sempre estimulante, JPP promete uma reflexão sobre os blogues e a sua analogia com os diários. Leio os diários publicados sempre com a suspeita de terem sido retocados.

15.6.06

 
A ecologia segundo Salmonella sp

A Agência Europeia de Segurança Alimentar encontrou Salmonella Enteritidis ou Typhimurium em metade (47,7%) das criações de aves portuguesas, valor superior ao da UE (20,3%) mas inferior aos da Checoslováquia (62,5 %), da Polónia (55,9 %), da Espanha (51,6 %) e da Lituânia (50 %).

Em 2003, apenas 74% da população era servida por sistemas de drenagem de águas residuais, ou seja, tinham os esgotos ligados a um colector mas só 60% dos portugueses viram as suas águas residuais encaminhadas para uma estação de tratamento.Isto deve-se ao mau funcionamento das ETAR ou à inexistência de infra-estruturas para tratar os esgotos. Nestes casos, as águas residuais acabam por seguir directamente para os recursos naturais: mar, rios ou linhas de água. Relatório do Estado do Ambiente em Portugal - 2004

O sindicato das salmonelas protesta contra a ameaça aos direitos adquiridos desde há séculos. Declararam lutar até a morte pela sua sobrevivência; só ainda não decidiram qual a forma de luta, dado a greve estar fora de questão.

 

O procurador procura

 

10 de Junho marginal

14.6.06

 
Greves na ponte pênsil II

Os professores aproveitaram para marcar greve na ponte para que os pais dos alunos e o ME saibam quanto custa que os alunos fiquem sem aulas.
É curioso que os professores adoptem uma arma operária. Esperaria que inventassem outro processo para explicar tão maus resultados para tão bastos recursos: chamando à escola os pais e os jornalistas para lhes demonstrar como era possível, com outra organização, obter sucesso e paz.
Mas seria pedir demais: Paulo Sucena (FenProf) não distingue duas escadas de uma escada com um patamar. (SIC notícias)


Face aos tsunamis da história não tem sentido clamar contra a injustiça tectónica; há que fugir ou reconstruir novas arcas de Noé.

 
Greves na ponte pênsil I

Os operários da Azambuja fazem greve simbólica na iminência de serem despedidos.
Para fazer face a uma globalização inexorável, usam, desesperados, uma arma do sec XIX.

Os fidalgos arruinados pelo progresso bebiam a última garrafa com o requinte de sempre.

13.6.06

 
Venda da Pasta

O número de estudantes que aderem a esta iniciativa de apoio às crianças da Casa da Infância desvalida Elysio de Moura é cada vez menor. Esta ano foram menos de dez.
Qual não é a desilusão de uma menina que espera um ano inteiro por aquele dia para sair com o “seu estudante” e fica em casa...

Talvez faltem cadáveres em Coimbra; talvez dezoito valores não seja critério. Talvez venda da pasta esteja hoje mais perto da Portucel que da Queima.

 
Não há falta de cadáveres em Pilsen...

JMR partilha os “mortos” com os seus 111 conterrâneos ali inscritos nas aulas de Anatomia. Em contraste com “... uma colega inscrita em Portugal que apenas espetou o bisturi no seu primeiro “morto” já a meio do terceiro ano.... “Eu tive “isso” desde a primeira semana da aulas ! Não é com teoria que vamos aprender a lidar com os pacientes...” Única/Expresso 20-5-2006

O Torrado criticava haver Anatomia no primeiro ano de Medicina:- “Queríamos ser médicos e o nosso primeiro “doente” era o cadáver !” Ainda há quem fique satisfeito por espetar o bisturi no seu primeiro “morto” de forma a “aprender a lidar com os pacientes...”; checos ?


 
O bazar das auto-estradas

O governo autorizou a compra pela Brisa de 40% das Auto-estradas do Atlântico, contrariando o parecer da Autoridade da Concorrência (AdC). Para Pais Antunes (PSD), a decisão pode dar o sinal de que «os critérios concorrenciais são menos importantes do que outros critérios».

Poderá criticar-se a decisão mas seria de esperar que um governo (este ou outro) subscrevesse todo e qualquer parecer da AdC? A menos que se espere que a função do governo seja lubrificar os portões do mercado.
Não é estranho que um responsável dum partido social-democrata afirme que não há nada mais importante que os critérios concorrenciais ?

 
Sermão de Santo António

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra:
e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?
Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar.
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira
doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber.
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem.

Pe. António Vieira

 

antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. (Ant. Vieira)
St. Antonio dos Olivais; na sacristia.

 
A “elevação da cobiça a virtude pública”

O que Robert Adams mais detesta nos EUA. Actual/Expresso 10 Jun 2006

12.6.06

 

Sinal
... para outros é um indício

 

Símbolos
O que para uns é um pormenor...

 
O ciclo vicioso do mercado

… pessoas como o senhor precisam de “valet de chambre” e eu preciso de pessoas que precisam de “valet de chambre”.
Empresas e bancos são como patrões e “valet de chambre”. Uns precisam dos outros para a economia funcionar…
Luís Fernando Veríssimo. Actual/Expresso 10 Jun 2006

 
Portugal pode poupar 20% da energia

Se se limitasse ao necessário, pouparia metade da energia e teria metade das preocupações.
Se fizesse as coisas bem “à primeira” pouparia metade do trabalho e do tempo.

 
Homofonia

The word “gay” now means “rubbish” in modern playground-speak and need not be offensive to homosexuals, the BBC Board of Governors has ruled.


Moderno? Em Portugal, há muitos anos usava-se a mesma expressão (escrevia-se rabicho) com esse mesmo significado; só que era considerada extremamente ofensiva.

10.6.06

 
Todos ilibados
Todos absolvidos
O problema não é a alegada carência de médicos nem o excesso de advogados; não se resolve com uma mera abolição do numerus clausus nem com apelos à Autoridade da Concorrência.

“... é fácil ver conspirações onde só existe má-vontade, estratégia onde só existe negligência e corrupção onde só existe desleixo.”
J. Vítor Malheiros

 
À atenção da Autoridade da Concorrência

Entre os 26 laureados hoje pelo Presidente da República estavam 10 universitários (o que não surpreende) e 6 médicos. Eventual actividade de cartel da Ordem dos Médicos ?

 
O mito da divinização do bazar

Para a Autoridade da Concorrência, as tabelas da Ordem dos Médicos são o mais importante garante da baixa dos preços ou da qualidade dos actos médicos ?

As asneiras são permitidas desde que haja livre concorrência. Quando há tanto para melhorar...

Nada pior para uma causa que um mau argumento

 
10 de Junho

Um prazer ver condecorados três médicos amigos que muito admiro. João Patrício, meu condiscípulo, ex–TEUC, criador da cirurgia experimental em Coimbra e patrono da microcirurgia em Portugal; Octávio Cunha, pediatra, expulso da Universidade de Coimbra na crise de 69, brilhante parlamentar, membro da Comissão de Saúde Materno-Infantil que revolucionou a perinatalogia em Portugal e a Fátima Carneiro, notável investigadora do IPATIMUP.
Adenda: Ordem, Sant'Iago e Espada; nada mais adequado para distinguir o cirurgião João Patrício.

 
Termo ambíguo

PR defende aumento da competitividade da economia nacional.

Defender, v. tr. Prestar socorro ou auxílio; proteger; desculpar; proibir; impedir; cercar.

 
Pelo ralo abaixo

aquilo que escolhemos para cobrir o corpo é a expressão daquilo que realmente somos”.
Lindsay Lohan,19 anos, actriz. Única/Expresso 27-5-06
Se somos o com que nos cobrimos, deixamos de ser no banho.

 
Não há sábado sem Sul

Florêncio, 84 anos de lavoira e poesia. “Sinto-me alegre e contente...” porque havia chovido. Começou a estudar aos 12 anos, mas não escreve, sabe as quadras de cor; Confúcio e Sócrates também não escreveram.
Cria melancias que não vende para ter o gosto de as dar. Faz contas para pesar o medronho. Usa palavras saborosas: além de lavoira e medronho, cujo açúcar desdobra, pesar o álcool da aguardente. Usa houvera e diz éi em vez de é.
Sinto-me alegre e contente... e não só por ter voltado a chover.
O programa “Lugar ao Sul” de Rafael Correia (RDP 1) foi atrasado um quarto de hora para que o jornalista informasse que a “selecção nacional” já tinha percorrido 40 dos 140 Km que a separavam de Colónia.... Também ele parecia estar “alegre e contente ... ” mas não sei bem de quê.

 
Sol em Stª Clara e chuva em Coimbra

Chuva forte provoca inundações e desabamentos em Coimbra. O mais surpreendente é que em algumas zonas da cidade nem sequer caiu uma gota de água.

Portugal aumentou bastante a sua
injustiça distributiva que é hoje a maior da Europa.
A da chuva não se pode atribuir ao sistema fiscal.

9.6.06

 

De fronte desta parede quantos seculos vos contemplam ? Tomar, Rua dos Arcos.

 

A luta da luz contra as trevas (Bali)

 
A dança do fogo ou do kekac, ao pôr do Sol; um coro gutural (kekac) de dezenas de homens-macacos agitando as mãos no ar, acompanha o desenrolar do drama – uma jovem, raptada por um diabo é salva no último momento.
O crepúsculo é breve, o espectáculo termina já de noite, à luz de tochas.

 

Ballet do Barong (Bali)

 
A dança do Barong é um ballet mimado acompanhado por um “gamelã” (orquestra de instrumentos de percussão típica da Indonésia).
O Barong é um bom dragão que, com o apoio do macaco, procura ajudar o jovem príncipe que um feiticeiro malvado tenta eliminar, servindo-se da autoridade da rainha que, enfeitiçada, assumia a ordem da execução, apesar dos apelos dos cortesãos. O feitiço era tão poderoso que levava os atingidos ao suicídio com as próprias espadas (kriss), o que o Barong tentava impedir sem êxito.
Por fim o Bem acaba por prevalecer, os mortos ressuscitam mercê de uma poção que o sacerdote, de branco imaculado, asperge. O Mal retira, vencido mas decidido a regressar oportunamente.

 

“Dez Livros que Abalaram o Mundo”
“Virados a Oriente: os livros que ficaram por dizer”

Uma tarde fantástica. Quatro catedráticos velhotes – da minha idade – na cave da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra (decorada com motivos chineses) contaram histórias a uma centena de ouvintes, metade dos quais velhotes.
Anselmo Borges, Carlos João Correia, José Nunes Carreira e Luís Filipe Thomaz contaram epopeias, recitaram poemas, evocaram lendas e mitos que, há quarenta séculos, eram contadas na Pérsia, Índia e na China. As Mil e Uma Noites (Pérsia); a “Epopeia” de Gilgamesh (séculos XVIII a VII a.C), o “Ramâyâna” e a “Bhagavad-Gitâ” e “O Sermão de Benares e os Sutta [discursos] de Gotama, o Buda” (Índia); as “Máximas” de Confúcio (China). E, mais recentes, a Bíblia e o Corão.
A história de Buda, cujo catecismo de uma página levou a doutrina da Índia ao Tibete, à China, ao Japão, à Indochina e a Java. As 17 maneiras de atingir o Nirvana, uma das quais era a sabedoria. A moral das histórias -- o honra, a fidelidade, o desapego, os dilemas, a coragem, a imaginação do exército de macacos quando faltavam os soldados...
Os grandes mitos criadores – o dilúvio, os heróis da Odisseia, Hércules e os semi-deuses – escritos em línguas que já desapareceram (acádico, hurrita, hitita), muitos séculos antes da Bíblia e de Homero. A língua original desvaneceu-se mas os dramas ainda hoje continuam em cena -- duram toda a noite quando há lua-cheia. Há anos vimos dois excertos para turistas, em Bali. O tema era a luta entre o Bem e o Mal.
As raízes. As palavras ioga e jugo têm a mesma origem.
E por fim, ouvir as primeiras estrofes da “Bhagavad-Gitâ” em sânscrito....
Absolutamente fantástico.
Por cima, as pedras das arcadas estavam assinadas JP. Estas siglas só têm trezentos anos.

Foto: Paulo Mora, Rua Larga.

 
Óbvia mensagem subliminar

A RTP1 continua a fazer publicidade camuflada de notícia. Hoje foi a vez de um ginásio exclusivamente para mulheres; ali só se preocupavam com outras quotas.
O jornalista, desvanecido com a excepção, aceitou segurar o microfone.

 
“... é fácil ver conspirações onde só existe má-vontade, estratégia onde só existe negligência e corrupção onde só existe desleixo.” J.Vítor Malheiros

 
Todos ilibados

Ilibar, v.tr. Tornar puro, tirar a mancha; reabilitar.

A "auditoria aprofundada" da
Procuradoria-Geral da República concluiu que não deve ser imputada qualquer responsabilidade à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, ao Ministério Público, à GNR ou ao Hospital de São Teotónio.

* Todos; só a F. Letícia não, como o “S. Macaio.”

8.6.06

 
A culpa é da avó

Uma bebé em risco ficou aos cuidados duma Comissão de protecção de menores (CPCJV); esta confiou-a aos pais com a supervisão da avó. A avó terá informado a CPCJV de que o acordo não estava a ser cumprido.
A CPCJV voltou à casa da bebé mas não viu nem a mãe nem a menor que o pai alegou estarem a dormir; não falou com a avó. Dois dias depois a criança está moribunda, barbaramente espancada.
A "auditoria aprofundada" da
Procuradoria-Geral conclui que não deve ser imputada qualquer responsabilidade à CPCJV, cuja única "falha" foi ter "confiado demasiado" na capacidade da avó.
Só falta que a CPCJV venha reclamar indemnização por danos morais causados pelos relatórios das
inspecções-gerais do Trabalho e da Justiça.

 
Aladino electrónico

O encurtamento da vida média da mercadoria leva a que a publicidade tente anular o intervalo entre a mercantilização e o reconhecimento do valor dos produtos -- prescindir da avaliação. Por isso o azulejo deu lugar ao papel e este ao virtual.
Como nas Mil e Uma Noites.

 




O brilho das estrelas

A Triunfo e a PanAm já não existem mas o anúncio mantém-se tal como as estrelas distantes; vemos o seu brilho mas já se extinguiram há muito.
O mesmo sucede com o prestígio -- o que o justifica existe muito antes de ser reconhecido e persiste muito depois de se justificar.

 


Reciclar


Outro sinal de civilização é reutilizar os detritos. O nitrato do Chile é guano, borra de gaivotas.
Há cem anos era o Sul que exportava o lixo para o Norte.

O anúncio era de azulejo; previa-se uma vida longa das mercadorias.


7.6.06

 
Alcatruzes de nora, em Tomar

Madeira e barro em moto contínuo; a água -- simultaneamente fonte de energia e de vida renovadas.

No Alentejo a densidade populacional "é equivalente às franjas do deserto do Saara". Vítor Louro, presidente da Comissão Nacional de Combate à Desertificação.

Egipto, Mesopotâmia, Palestina ... Grécia; foi nas franjas dos desertos que nasceram as civilizações que aprenderam aproveitar bem a água - o mais escasso dos recursos.

 
Elaborar vinho tolda o discernimento

... os egípcios começaram a produzir vinho branco 1500 anos antes do que se pensava.
... os egípcios elaboraram vinho branco 1500 anos antes do que se julgava.

Havia três ânforas no túmulo de Tutankamon. Uma, junto à cabeça do faraó, com vinho tinto; outra, ao lado, com jeropiga e a terceira, aos pés, com vinho branco.

* Repetiu-se a frase mas ficámos sem saber qual a época em que “ se julgava”.

 
A culpa é da incapacidade cooperativa dos campónios
que ainda se não aburguesaram

A incapacidade de cooperar, tão visível quando o País era rural e andava à sacholada por centímetros de terra ou impedia o uso da água pelo vizinho, transferiu-se para a cidade.
... Sempre em busca de culpados.

 
INDIGNA-TE

FENPROF - Greve Nacional dos Professores
Professores Exigem Respeito! Em defesa do seu Estatuto de Carreira
No dia 14 de Junho os alunos ficarão sem aulas


Alunos Esperam Respeito!

Para protestar contra um imposto sobre alimentos infantis, os professores deixarão os filhos à fome durante o dia de manifestação ?

6.6.06

 

Tomar, terra do mito jaoquimita. Uma pomba do Espirito Santo no avental duma janela na Rua dos Cal�a Perra.

 
Assim vai o ensino
Virar o bico ao prego e sacudir a água do capote

“...considerar "inaceitável" uma proposta não é o mesmo que considerá-la "inegociável" explica a Fenprof.
A Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF) recusa a proposta de os pais avaliarem os professores; considera que a actividade dos docentes não deve ser avaliada por quem é interessado no processo.

* A Fenprof aceita negociar uma proposta "inaceitável"; a CNAF acha que os professores não devem avaliar os alunos por serem parte interessada no processo.

 
A copiar também se aprende *

O ME ... aprovou cursos de professores primários em que se proibiam as cópias (Institutos Piaget e quejandos...)

Três quartos dos
alunos universitários reconhecem já ter copiado.
http://tdhf.ibernet.com/cast/photos3.html


É o que dá quando se impede que as crianças façam asneiras quando são pequenas.
* Ginestal Machado, professor do Liceu de Santarém em 1920

5.6.06

 
asneiras

1. O ME ...aprovou cursos de professores primários em que se proibiam as cópias .
2. Três quartos dos alunos universitários reconhecem já ter
copiado.

É o que dá quando se não deixa que as crianças façam asneiras quando são pequenas.

 
Tabuada de reflexão

Do Estudo das Matemáticas Elementares.
O estudo da Aritmética e da Geometria é tão necessário a todos aqueles que hão de servir a Pátria nos empregos de Médico e de Juris­consulto, como nos cargos Políticos e Militares. Não é o seu intento ensinar somente os termos em que estão escritas muitas Ciências, e servirem como de linguagem para se enten­derem; mas por si mesmas servem, por dize-lo assim, de aguçar os engenhos, costumados a reflexão e à meditação, e fazer deter a volubilidade dos pensamentos sem ordem e sem conexão: adquire-se por este estudo um hábito de reflectir e de combinar, e uma certa paciência para inquirir, e facili­dade de perceber.

MÉTODO DE ESTUDAR E APRENDER A MEDICINA
Ribeiro Sanches 1763

 
4. Tabuada de subtracção

O ME
1- ...aprovou cursos de professores primários em que se proibiam as cópias e a memorização da tabuada (Institutos Piaget e quejandos...)
13- ...permitiu que se extinguissem os Exames...

 
3. Tabuada de adição

Nós já gastamos com a educação mais do que a média da OCDE. Temos 30 % de professores mais que a média e as turmas mais pequenas dos 27 países comparados. Temos o menor número de aulas para os alunos e as menores cargas horárias para os professores. Por fim, sobretudo no fim da carreira, temos alguns dos professores primários mais bem pagos da Europa. Silva Lopes, Público, 20-9-2004

 
2. Tabuada de divisão

“Avaliação das aprendizagens nos ensinos básico e secundário”- (PISA). Tanto na leitura (2000) como na matemática (2003) o desempenho médio dos estudantes portugueses ficou no 25.º lugar entre 29 países da OCDE. Pior porque, nos níveis mais baixos das escalas utilizadas, a percentagem de alunos é muito elevada.

 
1. Tabuada de multiplicação

Em dez anos, enquanto o número de alunos diminuiu 2%, o número de professores aumentou 1,2% e o orçamento do Ministério da Educação duplicou.

 

respigo
"Os professores, tão respeitados outrora, são hoje os bombos da grande farra que é o sistema de ensino." Manuel Almeida. 24 Horas, 4-VI-2006

Os médicos
Os padres
Os juizes
Os jornalistas
Os políticos
Os pais
Os Zés Povinho, tão sobrecarregados outrora, continuam os bombos da grande farra ...

O Zé Povinho mudou de aspecto, agora é o Zé Maria Média, cada vez mais Nédia.


 
O meu país estranho

O mesmo país que, há 40 anos aceitou servir em África e que, só agora, lamenta que o poder “enviasse, anos e anos a fio, pessoas com uma qualificação de nível superior (as que devia mais estimar) pelo país inteiro, à custa de suas famílias destroçadas e dos filhos que não podiam ter ou ter consigo".

... devia mais estimar ?

 
Em que país estava a ministra da Educação?

Uma Professora do ensino secundário queixa-se que o ME:
2- ...deixou professores primários dar aulas em aldeias remotas em escolas sem água, sem luz e com alojamentos dignos de eremitas?

3- ...deixou que o concurso de professores enviasse, anos e anos a fio, pessoas com uma qualificação de nível superior (as que devia mais estimar) pelo país inteiro, à custa de suas famílias destroçadas e dos filhos que não podiam ter ou ter consigo?
4- ...ignorou ostensivamente que eles pagavam os transportes do seu bolso, viajando 100-120 quilómetros até, sempre sem qualquer ajuda de custo.

* Em que país estava a Professora que ignora que foram os pais dos alunos vivendo em “aldeias remotas, sem água, sem luz e com alojamentos dignos de eremitas” que trabalharam para que os professores sejam o que são hoje ?

 

Apoio tuga; em casa, a vela acesa.

3.6.06

 

Arqueologia industrial. Barro Branco Lda, Ma�as de D. Maria, EN 110.

2.6.06

 
Quando os lobos uivam

A crónica da violência bruta do poder central sobre uma comunidade rural que recusava a imposta florestação dos baldios.
O episódio desta noite foi abruptamente fendido pela força da publicidade, indiferente aos sentimentos dos espectadores. Na RTP1, a televisão pública.

A ditadura é a mesma; apenas mudaram as moscas.

 
PPE. Grossetête alarmista

As crianças europeias poderão ter medicamentos mais eficazes e seguros, graças às novas regras europeias que obrigam os laboratórios a avaliar os efeitos pediátricos dos seus produtos. Actualmente, mais de metade dos remédios tomados pelos mais novos nunca foram testados para esse efeito.
Na Europa, os médicos são obrigados a tratar muitos problemas infantis com doses diminuídas de medicamentos para adultos. Uma prática com efeitos catastróficos ou uma grande ineficácia, devido à subdosagem. "Nas doenças mais pesadas, como o cancro, sida ou os problemas psiquiátricos, os medicamentos para adultos podem ter efeitos secundários gravíssimos que podem deixar sequelas para a vida", disse Grossetête, do Partido Popular Europeu.

muitos problemas infantis -- efeitos catastróficos -- grande ineficácia -- efeitos secundários gravíssimos -- sequelas para a vida.
Nada pior para um boa causa que um argumento desastrado.

 
II Congresso da seguradora Médis

Receber cuidados numa unidade de saúde põe tanto em risco a vida como escalar montanhas e é mais perigoso do que andar de avião, afirmou Nicolás Garcia, médico da Clínica Universitária de Navarra, em Espanha, com base num estudo científico.

* Se o Congresso fosse de uma Seguradora de aeroporto, convidar-se-ia o cientista que dissesse que andar de avião põe quase tanto em risco a vida quanto uma hospitalização.
As seguradoras vivem do receio do risco; tendem a pisá-lo.

1.6.06

 
Dia mundial da criança-pepino
A SIC prestou-se à propaganda de “ginásios para bebés” onde jovens mães pagam para serem treinadas a “massajar” os seus filhitos. Uma mostrava-se feliz, como que surpreendida por não ter quebrado o seu bonequinho depois de ter conseguido levar-lhe o pé à boca...
Para “ensinar as crianças a relaxar”(sic) dizia uma jornalista em off. Também lhe faria bem aprender.

 
Mal amados 2
"uma boa dose de realidade"

Uma dessas verdades que nos faria bem dar conta é a persistente descida das taxas de mortalidade das crianças portuguesas, em especial as mais pequenitas e de maior risco. Faria bem dar conta que isso foi possível num SNS que adoptou uma estratégia adequada aos problemas concretos, elaborada por um conjunto de especialistas, discutida in loco com todos os intervenientes e suportada por uma ministra da Saúde bem assessorada..
Se estes excelentes resultados foram possíveis enquanto o Mundo assistia à “contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos” de Portugal, porque se não estudam as razões deste caso de sucesso que nos coloca ao lado dos melhores e que nos faz viver este dia mundial da criança com justificado orgulho?

 
Mal amados 1

Jack Welsh, "um dos gestores mais admirados em todo o mundo": "É humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, que é a de uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos."
Welsh fez bem em dizê-lo e fazia-nos bem ouvir mais verdades... mais vale uma boa dose de realidade. JPP

 
respigo
ficar a dever

Mais de 66% das facturas em Portugal estão por pagar

Em 2005 nasceram apenas 109 266 bebés em Portugal - (300 por dia) o número mais baixo desde 1995. Actualmente, mais de metade das famílias não têm filhos e 24% apenas um.

... trata-se de um
fenómeno da modernidade, negativo na medida em que afectará, mais tarde ou mais cedo, o próprio desenvolvimento do País.

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