Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt
27.8.14
Fronda virtual
(O meet, o "rolezinho") É a
reação de quem vive sob o constante assédio da sociedade mediática e do
espetáculo, ao mesmo tempo que se sente repelido, no quotidiano cinzento do
anonimato do bairro.
A ausência de
meios para satisfazer os massivos apelos da moda consumista estimula a vontade
de provocar a classe média ou, pelo menos, os espaços onde – na realidade ou no
imaginário destes grupos – floresce a sociedade do consumo, o simulacro e do
exibicionismo narcisista a que muitos destes jovens aspiram usufruir.ELÍSIO ESTANQUE
Por isso oLibératione oLe Figarotêm ambos razão. A austeridade já não mata só governos. Daqui a uns tempos poderá matar regimes.
* Não admira que a austeridade
defraude as expectativas social-consumistas de todos os quadrantes. No limite há
sempre os que só a fronda não defrauda.
Entendamo-nos. Desde sempre, todos os
chefes competentes e todos os chefiados honestos concordaram com a necessidade
de avaliar para gerir bem. Mas dificilmente alguém me convencerá de que é útil
aplicar medidas de desempenho estereotipadas, normalizadas e gerais a tudo o
que é diverso. Ou que se pode tudo medir e tudo indexar a resultados, índices erankings.
*Nem tudo o que se mede importa; nem tudo o
que importa se mede (e se pode medir).
Algo semelhante se passa com as eleições; é
preciso que algo mude para que tudo fique quase na mesma ... e o povo com a
ilusão que foi ouvido.
Terra da fraternidade: Em
cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade.
E julgareis qual é mais excelente... e viável.
Na verdade, é possível argumentar que o imperativo moral
prioritário reside no combate à pobreza, não no combate à desigualdade, e na
criação de redes de segurança para todos, abaixo das quais ninguém deve recear
cair.JC Espada
INE: Proporção da
população cujo rendimento equivalente se encontra abaixo da linha de pobreza
definida como 60% do rendimento mediano por adulto equivalente.
O capital, na sua fúria predadora, não distingue bancos de dinheiro dos dos hospitais. (treslido de AOS) Não interessa se o gato é branco ou preto desde que cace patos. Den Xiao Ping
Um e outro são
descaradas mentiras, falsas construções que deformam até à degradação.
O povo da televisão —
e esse é o segredo da sua telegenia — coincide quase sempre com os pobres, os
deserdados, os excluídos, os que não têm acesso aos centros do poder. Mas a
televisão não concede ao seu povo existência política.
Estas comédias tiveram
um enorme sucesso de bilheteira e “apesar de muitos terem sido, ideologicamente
bem mais eficazes do que os poucos filmes de propaganda que o regime
salazarista produziu, não era nada disto que o director do Secretariado da
Propaganda Nacional tinha em mente quando pensava em cinema português; para
António Ferro, as comédias dos anos trinta e quarenta são o “cancro do cinema
nacional”… os filmes de
comédia portuguesa também poderão receber ajuda financeira, “quando se trata de
comédias amáveis ou até de bons costumes populares, mas não explorem o que há
ainda de atrasado, de grosseiro, na vida das nossas ruas ou no porte de certas
camadas sociais”.
Há mulheres que chegam a visitar na cadeia
maridos que estão presos por as terem agredido.
2. É um fenómeno recente para o qual a polícia terá de se
preparar não só para garantir a segurança dos que se encontram nos locais dos "meet" como também para garantir a segurança dos
próprios jovens.
Há o “povo” que vem aos estúdios dos programas da
televisão,pessoas que
são submetidas à deformação pelos próprios apresentadores, repórteres e entertainers para satisfazer os ditames televisivos
A “off-shorização” política, económica e cultural é a estratégia
ganhadora que caracteriza aquilo a que Warren Buffet, um dos grandes
investidores do século XX, chamou de “guerras de classe”. Uma guerra que,
segundo o mesmo, está a ser ganha, pelo menos, até agora pela classe
“ultra-rica”.
O “off-shoring” é, efectivamente, o lado negro da globalização,
mas não é uma inevitabilidade. Apenas tem sido apresentado como tal pelos
mesmos agentes económicos e políticos que mais têm lucrado (à custa de todos os
outros) e que, por via das políticas deoff-shore, praticadas também em
Portugal, têm ascendido a essa classe global ultra-rica.
A políticaon-shore implica trazer para próximo de nós, para o espaço dos nossos países, muito do que tem sido levado para longe de nós, para longe do nosso controlo, para longe da transparência e do escrutínio dos cidadãos e dos poderes públicos.
*
On-shore /Off-shore parecem-me variações panglosianas sobre o mesmo tema –
maior e melhor produção/distribuição para satisfazer o consumo induzido pela
publicidade.
Parecem-me mais preocupados
em melhorar a produção, a produtividade, a eficiência do que a questionar a sua
necessidade; tão obcecados pela potência e eficiência do motor que se esquecem
do volante.
Parece-me muito mais importante discutir a necessidade de qualquer consumo –(des)consumir Portugal e (des)panglosar os portugueses. Há outras maneiras de viver bem.
Vamos
tomar um chazinho, ó Isaura, diz à Celina que faça umas torradinhas, traz mais carvão
para a braseira, olha que gosto vocês me dão, há quantos anos.
— Esta é a
pequena que tu trouxeste do Crato, pois não é? Como ela tem crescido. Isto é
que é um encargo que tu aqui tens.
— Olha,
foi mais um trabalho que Deus me deu, dá-me muitas ralações, não quer comer, é
respondona, vai lá para dentro, Mariana, vai a cozinha e diz à Isaura que não
demore o chá, que depois as senhoras não jantam, vai lá, filha.
—
Coitadinha da pequena, é feiazinha.
— Tenho
feito o que posso por ela, o pai mal cá vem vê-la e quase que tenho que a
empurrar para lá nas férias. É esperta, a mestra diz que tem poucas como ela,
mas é de facto um castigo, cheia de defeitos, até ladra. Quem sai aos seus...
E vocês, como estão, e o teu filho, Maria
Augusta, há quantos anos!
Mª Velho da Costa. Lucialima 1983
*P.S. Elísio Estanque chama-lhe “racismo de classe” (isto é, o preconceito não se
dirige apenas aos negros e mestiços, mas aos pobres de um modo geral).
O fenómeno português de "colonização,
aparece mais do que outros com um carácter de “organicidade”, que o torna
resistente à análise comum pelo simples facto de ser uma colonização
levada a cabo por uma Nação cuja estrutura económica arcaica e a profunda
passividade tecnológica que a exprime são por sua vez de natureza quase
colonial. É pois com lógica perspicácia que podemos tranquilamente asseverar à
face do mundo que nós não somos colonizadores.
Colonos, um em traje ribatejano domingueiro, vêem pilar o milho. Cela, Huambo, 1964
O que torna o nosso caso único nos anais
humanos é a harmonia inegável entre a nossa situação histórica e económica,
enquanto metropolitanos, e a nossa situação enquanto colonizadores.
Assim como
não há mais que diferença de lugar e cor entre o homem que sobe o rio Mondego
na sua barca servindo-se de um sistema neolítico e o homem dos rios da Guiné ou
de Angola também não a há entre o proprietário feudal do Alentejo ou do
Ribatejo e o concessionário algodoeiro de Angola e Moçambique. Como ainda ninguém
se lembrou de chamar aos nossos alentejanos ricos de colonialistas também
parece insensato apelidar assim os seus homónimos de Angola ou Moçambique.
Leibniz em pessoa não poderia encontrar melhor
exemplo de harmonia preestabelecida que a que formam em conjunto Portugal e as
suas colónias.
Lavrando a terra sem arreios e com arado primitivo. Balsa, S. Braz de Alportel, há quase um século
As formas e processos singulares da colonização portuguesa não significam menor contradição que outras, tidas como colonialistas até pelos nossos apologistas, que pensam assim exaltar-se por contraste, mas explicam bem que haja na consciência dos portugueses um sentimento profundo de não contradição em matéria colonial. Como poderá ser de outro modo quando, objectivamente, a condição servil da mão-de-obra alentejana, ou as relações sociais nela implicadas, não difere senão em grau mínimo da condição do trabalho e do trabalhador africano?
Situação Africana e Consciência Nacional. Eduardo Lourenço. 1961-63. Em: Do Colonialismo como Nosso Impensado. Gradiva 2014
A economia portuguesa registou no segundo
trimestre do ano um crescimento face aos três meses imediatamente anteriores de
0,6%, evitando deste modo uma repetição da variação negativa do primeiro
trimestre. No entanto, o crescimento do PIB face ao período homólogo do ano
anterior voltou a abrandar, pelo segundo trimestre consecutivo.
No segundo trimestre deste ano, a variação
do PIB face ao mesmo período do ano anterior foi de 0,8%, menos 0,5 pontos do
que os 1,3% que se tinham registado no primeiro trimestre do ano. Já nessa
altura se tinha verificado um abrandamento, já que foi no quarto trimestre de
2013 que a variação homóloga do PIB apresentou o seu valor mais alto dos
últimos anos, com 1,5%, depois de 10 trimestres consecutivos de resultados
negativos.
* Perceberam? Nem com o andaime a servir de gráfico?
Era a segunda vez que ia ao Curral das
Freiras, melhor, à Eira do Cerrado (1080m).
Há 30 anos (1986) era Inverno e, no
Funchal, chovia muito; como não tinha outro dia lá fui, conduzindo a medo pelas
estraditas estreitas de então. Valeu a pena; ao chegar ao miradoiro da Eira de
Cerrado, o sol apareceu entre as nuvens. Tal como agora, em pleno Verão, o
Funchal sem chuva mas completamente nublado.
Ao fundo, centenas de metros abaixo (6 km
pelos caminhos), um ribeiro e o Curral das Freiras donde chegava música pimba
canalizada pela garganta estreita. Farrapos de nuvens flutuavam.
Julho de 2014
Julho de 2014
Inverno de 1986
Lá em baixo, nas encostas das ribeiras, em
tudo onde se podia cultivar havia socalcos. Onde foi possível, onde cabia, havia uma
casa ou erguiam-se paredes; entre elas serpenteava a estrada.
De que vivia quem lá habitava é um mistério;
deve ser esta a perspectiva e a pergunta que farão, lá de cima, os deuses e os
astronautas.
Inverno de 1986
Um túnel tornou dispensável a antiga
estrada escavada na escarpa, agora arruinada como a Linha do Tua.
Julho de 2014
Lá de cima vê-se o mar (Câmara de Lobos?)
mil metros abaixo.
Sancho I
mandou fazer uma cruz processional para o Mosteiro de Stª Cruz, em Coimbra,
onde ficaria sepultado.
Está no
MNAA que a emprestou ao Museu Machado de
Castro, em Coimbra, onde ficará exposta, muito mal iluminada, até Setembro. Ante
de lá ir vê-la sugiro que revejam a Visita Guiada pela Paula Moura Pinheiro.
Muito elegante,
de ouro e pedras preciosas de cores simbólicas – safira azul celeste, granada do sangue do martírio etc. Foram
recuperadas de jóias mouras pelo que as formas não são iguais – três são
oblongas e a quarta é rectangular, o que mal se nota dada a má iluminação e nada
perturba a harmonia da peça.
Com
atenção poderá notar-se que algumas pedras estão esgrafitadas – será caligrafia
árabe, dizem.
E aqui
estamos hoje a fruir uma bela peça de arte religiosa cristã de há 800 anos (MCCXIV
numa cartela) feita por ourives moçárabes com jóias mouras com possíveis
louvores a Alá. Será? Oxalá.
Esta cruz
tem uma história edificante; há séculos o prior de Stª Cruz tinha um filho a
estudar em Bolonha. A mesada e as propinas eram pesadas demais para o orçamento
do prior que entendeu empenhar a cruz . Um sacrilégio dum espírito santo, creio.
Naquele
tempo, a cruz teria incrustada um pedaço do Santo Lenho, o que lhe concedia o
dom de sanear os locais e curara as epidemias, pelo lá era levada em procissão.
Quando foi recuperada, a cruz havia perdido a relíquia e, com ela, o poder
taumaturgo.
Qualquer
semelhança com o que se está a passar com o Banco Espírito Santo – o equivalente laico actual de
mosteiro, com prior, capítulo e tudo - não é mera coincidência, salvo o pormenor da
relíquia cuja veracidade era atestada pela Cúria romana.
Um exemplo da "forma caótica com que os responsáveis
europeus têm reparado o seu problemático sistema bancário". Os responsáveis editoriais do NY Times vêem o
resgate ao BES como "um falhanço da regulação". Mas também apontam o
dedo à troika.
* Conhece-se bem a natureza do
bacilo do tétano e do lacrau; deixados à solta não resistem a deitar o veneno
ou a ferrar. Insultá-los é patético; castigá-los não resulta, além de vir
sempre com atraso.
A melhor solução é vacinarmo-nos - a vacina é uma toxina "desnaturada" - e rejeitar as boleias – não há viagens grátis.
Mereces porquê? Porque sim, por direito humano. Quem o disse? NOS, nós?
Quem não sabe histórias (Mr. le Corbeau, o flautista de Hamelin, etc) arrisca-se a ter de repeti-la. O x símbolo de incógnita - a tentar descobrir - é agora ícone ordem para apagar - procurar esquecer. Não te preocupes que o mercado tem solução.
A "alminha" é um símbolo da crença popular no Purgatório que a Contra-Reforma promoveu após o Concílio de Trento. Cria-se que qualquer pessoa poderia ajudar a redimir os pecados de outrem com ("vossa esmola ou oração"), mesmo que esse já tivesse morrido sem o ter feito. Para Lutero isso era absurdo – o pecado era do domínio estritamente individual; nem compra de bula pelo próprio nem oração ou qualquer intervenção de terceiros poderiam ajudar. Uma perspectiva individualista do homem versus a comunitária clássica. O capitalismo emergente privilegiava aquela enquanto a estrutura agrária de então pressupunha o colectivo, o que beneficiava o “satus quo”. Hoje é o “status quo” que promove a ambição individual desenfreada conducente ao lucro e é o espírito de entreajuda que faz falta. * É pois coerente com a ortodoxia contra-reformista que se recorra à intervenção de terceiros para amaciar o juízo final de um Espírito Santo transviado, sendo a toika uma trindade e a ilha Terceira o Império do Espírito Santo, sua misteriosa terceira e última pessoa.
Quem construiu Tebas, a das sete portas? Nos livros vem o nome dos reis, Mas foram os reis que transportaram as pedras?
... Tantas histórias. Tantas perguntas.