alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

29.11.07

 
Portugal em 1811-14 visto por uma jovem inglesa

Paisagens
A terra da província do Minho é tão fértil que quase sem necessidade de cultivo produz muitas e abundantes colheitas e vindimas.

Ficámos encantados com esta região tão pitoresca e fértil. O rio Souza serpenteando calmamente pelos campos esmaltados com todo o tipo de flores selvagens, as vinhas penduradas como ricas grinaldas, os campos de "milho" baloiçando-se com a brisa constante, o Convento do Paço a espreitar através dos bosques densos e, ao longe, o pico coberto de neve da Serra do Marão reuniam-se para formar uma lindíssima paisagem do Sul da Europa.
Daqui descemos o Douro através da região vinícola e observámos respei­tosamente as vinhas a crescer de cada lado do rio até à borda da água, pois é destas uvas que o genuíno e célebre vinho do Porto é feito.

Viagens

Começámos a viagem de bom humor, mas isto não podia durar numa estrada tão má e com os alojamentos miseráveis que encontrámos. Em Villa Nova de Famalicão jantámos literalmente entre os porcos, sen­tados nos nossos próprios sacos de viagem: sem nenhuma toalha de mesa nem pratos, as janelas sem vidraças e o chão por lavar.
Braga: se o padre não nos tivesse muito gentilmente cedido o seu único quarto de dormir, teríamos que dormir nas nossas liteiras. O meu pai e o meu irmão dormiram no chão da sala e o velhinho bem disposto reser­vou para ele apenas a cozinha.
Gerez . Uma corrente de águas rápidas, o Cávado, passava ruidosamente por baixo da nossa pequena varanda de madeira. A casa era de madeira e podia mesmo vangloriar-se de ter duas janelas envi­draçadas. A única rua estava coberta com ervas crescidas e os telhados das casas cobertos de líquenes e musgo, abrigando mochos e morcegos. O único ser humano na aldeia para além de nós era um velho homem de Villa da Vega que mantinha uma espécie de mercearia (eventualmente) para nossa conveniência. Os camponeses disseram-nos que no Inverno a aldeia era dei­xada inteiramente aos lobos que desciam das montanhas à procura de caça.

Turismo de habitação; as quintas
A sua quinta estava num estado miserável de degradação. Os quartos de dormir tinham pouca mobília para além de um colchão de palha e aqueles que os habitavam. Estava tudo sujo; contudo, tudo teria estado vistoso e colorido, se o sol, o pó e as pulgas não tivessem manchado os dourados, ajudando a estragar os antigos ador­nos de damasco vermelho.
A quinta do Coronel Menezes, onde chegámos de noite por nos termos perdido, viajando à luz de tochas. Os nossos quartos tinham sido recen­temente caiados e ainda estavam húmidos - os lençóis estavam molhados, mas eram todos enfeitados com muitas rendas; as almofadas eram cheias com palha, mas decoradas com laços de fita cor de rosa!! No entanto, apesar dos lençóis húmidos, camas duras, mosquitos, ratazanas e ratos, dormimos até às seis horas…

Esta quinta era, na realidade, uma caricatura das quintas portuguesas em geral, tinha seis ou oito quartos, cujo chão estava apodrecido e em muitos lugares tinha efectivamente desabado, por causa da idade e pela falta de cuidado - algumas cadeiras de madeira de pinho, um par de mesas de três pés sujas, camas de palha e lençóis húmidos constituíam todo o recheio, e deram-nos um conjunto de uma toalha de mesa, três guardanapos e quatro velas de sebo para nosso uso diário!!!

Em: Mª Leonor Machado Sousa. A Guerra peninsular em Portugal. Relatos britânicos. Caleidoscópio 2007

Comments:
Se isto era um teste para ver se eu voltava a ler blogues, 20/20.
Esta deliciosa forma de relatar e o Minho, Braga, Gerês tinha de levar a comentar se lesse.
Hoje estive com o Prof.OC, foi com ele em Barcelona que falei da minha teoria do chocolate. Hoje disse-lhe que a tinha escrito aqui.
Se "perco tempo" com blogues, perco.
Já faço check-list para ver se tenho internetodependencia, se sou doente ou normal.
Mas estimula-me a imaginação, informa-me, deixa-me "in" e assim com recuo de alguns dias posso fazer uma avaliação da semana e em blogues mais intimistas aplicar a frase "quando fantasio não penso em...". "Quando quero dizer alguma coisa não uso metáforas". Bom fim de semana! E obrigada por ser um friend blogue que não retira comentários por mais esotéricos que sejam.
 
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