Motivados
por um “imperativo ético e uma preocupação científica”, um grupo de cidadãos de
grande prestígio escreveu que “o fator idade (devia ser) elemento essencial das
prioridades da vacinação” numa carta que o
Não sei se ouviram a opinião dos alvos desta distinção.
Imagino um casal de velhos a comentar este critério: Ela tem quase 80 anos e ele, achacado, mais de 80, pelo que depende muito dela. Irão ao Centro de Saúde quando couber a vez ao marido mas só ele será vacinado; que lhe acontecerá se ela adoecer?
Sobreviverá mas com que qualidade de vida?
Acrescentaram-lhe anos à vida mas será viver o tempo que ainda lhe resta? Terá dado consentimento informado? Poderá ceder o lugar à mulher?
Outro casal, com semelhante diferença etária mas em que é a mulher que está doente, conversa sobre os critérios de prioridade da vacina. O marido pergunta quem ela escolheria para vacinar lá em casa havendo uma só dose disponível. - Tu, respondeu, generosa mas sensata. Depois, matutaram e escolheram a empregada. De que nos serve sobreviver se nos faltar quem nos ajuda?
Uma velha viúva vivia isolada na sua casa de onde raramente saía; era apoiada por jovens do SS que a visitavam diariamente. Um dia faltaram; ficaram em isolamento profilático por contacto de risco…
Depois de vacinados os médicos / enfermeiras e participantes das unidades Covid e dos lares (utentes e funcionários) creio que estes velhos escolheriam os cuidadores (informais e formais). Por cada um que se imunizasse proteger-se-iam muitos cujos apoios (e única fonte de contágio) são estes.
No fundo, transpunham para a unidade familiar o critério usado nos lares de idosos.
Estranho que as normas internacionais (que o grupo usa como padrão) privilegie a sobrevida de indivíduos isolados (profissionais de saúde e maiores de 80 anos) em detrimento das “famílias com velhos >80A”. O grupo defende que “a prioridade terá de ser conferida à vacinação dos grupos mais em risco e daqueles que os podem proteger”, mas nestes não inclui as famílias.
Tentam combater o incêndio dirigindo a água para as chamas e não para as brasas.
Claro que é mais fácil a logística em função dos indivíduos e da idade mas a facilidade será critério aceitável quando ignora a família nuclear, a unidade social?
2. O grupo é constituído por personalidade de prestígio que não terão dificuldade em se fazer ouvir no MS, na DGS e pelos seus colegas da task-force.
Presumo que o terão feito sem sucesso pelo que, em recurso, apelaram ao PM e o PR; já não compreendo que o tenham publicado.
Toda a deliberação estratégica numa situação pandémica é difícil e discutível; mediatizar uma crítica destas fragiliza ainda mais a confiança pública que consideram “necessária à eficácia de todo o processo de vacinação.”
O velho que estava feliz por finalmente haver uma vacina a que ele terá acesso em breve – a única boa notícia depois de um ano de angústia - ficará agora na dúvida se não terá sido menosprezado.
3. Felizmente que a grande maioria é sensata; preferirão ser dos últimos a ser vacinados este mês do que os primeiros do mês que vem.
Velho com “Vício de Pensar” (de JM
Tapemos a boca ao mundo, o velho disse: Rapaz, desce do burro, que eu monto, e vem caminhando atrás.
Curvo Semedo
ANJO Que andais aqui fazendo? ALMA Faço o que vejo fazer polo mundo.
ANJO Ó Alma, is-vos perdendo! Correndo vos is meter no profundo! Quanto caminhais avante, tanto vos tornais atrás e através. Tomastes, ante com ante por mercante, o cossairo Satanás, porque creis…
Auto da Alma.
Tapemos a boca ao mundo, disse o PM ao Tiago fechemos as escolas já antes que faça nos mais estrago.
Torto Semedo
Etiquetas: crença, estratégia, pandemia, vacinas, velhos
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