alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

28.10.17

 

Um pouco de água na fervura


1. Depois dos fogos, todos usam e abusam das conclusões das Comissões -Técnica Independente (CTI) e Xavier Viegas - sublinhando apenas o que lhes convém, sem a necessária crítica à solidez destas. A opinião de peritos é indispensável mas não deixa de ser a mais fraca prova disponível.
a) A PJ e os técnicos das Comissões divergem na causa dos fogos; Xavier Viegas considera absurdas  “Algumas propostas dos técnicos”.

Esta discordância não põe em causa a competência dos peritos mas sim a dificuldade em interpretar dados excepcionais que é impossível replicar.

2. Os peritos baseiam as suas opiniões em experiências anteriores; aí são competentes. No caso de circunstâncias excepcionais, como estas, têm que extrapolar com todos os riscos que tal importa.
*

Há que ter isso em conta ao avaliar retrospectivamente as decisões tomadas a quente por quem nunca poderia ter tido experiências semelhantes. Os relatores tiveram quase sempre o cuidado em não afirmar o que teria acontecido se as decisões tivessem sido diferentes. Daí as expressões “é nosso parecer” “Estamos convencidos” “poderemos reconhecer que as decisões tomadas poderiam ter sido outras”…  “podiam ter sido tomadas decisões que não foram tomadas, mas não é possível ser taxativo ao ponto de dizer que teriam evitado as mortes.” Presidente da CTI.
Embora nem sempre.

“as consequências catastróficas do incêndio não são alheias às opções táticas e estratégicas que foram tomadas. CTI
É lícito concluir, portanto, que houve subavaliação e excesso de zelo na análise da fase inicial do incêndio de Pedrógão Grande, que contribuíram para que o ataque inicial não conseguisse debelar o avanço do fogo. CTI
Esta ausência de alerta precoce, por não ter sido feita a leitura do incêndio às 18h00 (e mesmo antes) não permitiu impedir a maioria das fatalidades. CTI

3. Ninguém poderá saber, sequer estimar, que consequências teria havido se se tivessem tomado outras decisões.
As comissões de peritos avaliam e julgam pela actuação havida ou não havida e não pelos resultados finais que ninguém sabe quais seriam. Os indicadores indirectos (instrumentais) são úteis em circunstâncias normais mas falíveis em circunstâncias excepcionais – e insuficientes quando se pretende atribuir culpas.

Seria plausível que os resultados finais tivessem sido muito diferentes se a estratégia tivesse sido outra? 
a)    Teria sido seguida a evacuação atempada das aldeias ameaçadas, ou medidas para que as pessoas não saíssem de casa”, p. ex?
**

b) Os resultados teriam sido muito diferentes? Quanto muito? Com que grau de probabilidade?
Nenhuma comissão de peritos poderá responder com segurança. 
Provavelmente não teriam morrido algumas destas vítimas; não teriam morrido outras?
***
Há que ter estes factos e pareceres em conta e evitar julgar a quente; e usar os mesmos critérios ao avaliar as nossas opiniões.
Com os resultados da autópsia todos teríamos sido excelentes médicos.

Referências:
*
a) O incêndio de Pedrógão Grande, é muito provavelmente aquele que, em Portugal, libertou mais energia e o fez mais rapidamente exibindo fenómenos extremos de vorticidade e de projeção de material incandescente a curta e a longa distância. CTI

b)    Nas situações de risco máximo – em que estavam 107 concelhos, sobretudo do interior norte e centro – estão criadas todas as condições para que um incêndio se torne incontrolável.   (Foram 520 nesse dia…) Perito do IPMA. Expresso 21-10-2017
**
Apenas a violência do fogo, o brutal ruído gerado pelo vento e as perigosas e assassinas projeções fizeram com que as pessoas optassem por sair de suas casas e procurar abrigo nas sedes de concelho. Note-se que 70% das vítimas mortais estava em fuga a partir das respetivas casas, que acabariam por não arder. Cerca de três quartos das vítimas faleceram no interior das respetivas viaturas ou na proximidade delas. CTI

8.4.2 A evacuação das populações
Apesar de terem existido iniciativas no sentido de evacuar algumas localidades, o rápido desenvolvimento do incêndio não permitiu uma antecipação do que iria acontecer de modo a conseguir salvar as vidas dos que pereceram no dia 17 de junho. CTI

***
Como refere o Relatório CTI, admite-se que, dadas as características particulares do incêndio, o seu impacto nas pessoas a ele expostas talvez não pudesse ter sido mitigado, mesmo admitindo que aquelas medidas de prevenção estrutural tivessem sido cabalmente cumpridas.



Não se pode pôr as culpas de Pedrógão e de 15/10 nos bombeiros e na Proteção Civil, porque o que falha é todo um sistema que está mal desenhado e esquece as pessoas.
Mas este ano, com as condições que ocorreram, nenhum país poderia ter feito muito melhor. Nestas alturas é fácil encontrar bodes expiatórios na Proteção Civil ou na ministra da Administração Interna.
Domingos Xavier Viegas. Expresso 21-10-2017

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