Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt
Crónicas da Papua 1
O Carlos da história de Estarreja de ontem foi para Timor onde esteve sete anos em cooperação; depois, “senti-me “perigosamente confortável” devido às fortes relações que estabeleci e às ligações históricas e culturais...” pelo que emigrou para a Papua/Nova Guiné (PNG).
“Timor-Leste faz parte da minha história e, espero, que eu tenha contribuído um bocadito para a história de Timor. Foi muito bom para mim e família viver em Timor mas, profissionalmente, precisava de sair de lá.
Em “Desenvolvimento” é importante ser-se “independente” e livre de preconceitos...
Ironicamente, o meu primeiro amigo Papuense, motorista, ensinou-me que um português chamado Jorge de Menezes passou pela sua aldeia, no século XVI...”
* Para um português que havia decidido mudar de Timor por “ali se sentir “perigosamente confortável” devido às fortes relações que estabeleci e às ligações históricas e culturais”, deve ter sentido um calafrio ao saber que também ali se não livrava das “ligações históricas e culturais”.
Da Papua Nova Guiné, confesso que quando cheguei cá, há um ano, estava (e ainda estou) completamente ignorante sobre a sua História...
Quando chegámos, pela primeira vez em Julho de 2010, no meio do ano lectivo austral reparámos que não havia lugares no autocarro da escola para as nossas filhas - a escola está situada em dois locais, a 7 km de distância...
Com os conselhos iniciais e os constrangimentos da segurança - ... não andar a pé pela cidade e nunca usar transportes públicos– a logística não foi simples pelo fomos à procura de um motorista.
O Anthony, “tio” da nossa vizinha, foi-nos recomendado por ela: “...ele teve um passado complicado, mas hoje é um bom homem, religioso activo, adventista...”.
Graças à pontualidade e profissionalismo do Anthony tudo funcionou muito bem.
Ficamos a saber conhecer o melhor o passado do Anthony: veio cedo para a capital e que se tornou num jovem rebelde, fez muitas asneiras, foi detido, julgado e foi parar à prisão. Ele disse-nos que “foi homem mau...”. Um dos grupos missionários que tinha actividades na prisão, converteu-o e, a partir daí, passou os restantes dias a ler muito e a dedicar-se actividades religiosas ajudando outros criminosos na sua reintegração, trabalho que continua a fazer...
* Mais uma vez o Carlos se vê guiado por protestantes: para a pesca em Estarreja, para o trabalho na Papua.
Quando soube que éramos portugueses, Anthony disse-nos que um português chamado Jorge de Menezes passou pela sua aldeia no século XVI. Disse-nos que ele parou o seu barco na Nova Guiné (norte da Papua/Nova Guiné) durante a época das chuvas, período de 4 meses em que não era aconselhável navegar nestes mares... Enquanto esperava pelo melhor tempo para continuar a sua viagem, Menezes decidiu ir com a sua tripulação até ao interior. Passou então pela aldeia dos antepassados de Anthony. O pessoal da aldeia viu o primeiro homem branco (europeu) e, um deles correu para o Jorge que, prontamente, lhe deu um tiro com uma arma e matou-o...
* Percebo bem o que o Carlos terá sentido quando ouviu essa história: “Só espero que o problema tenha sido resolvido nessa altura e que não tenham subsistido ressentimentos, registou”. Imagino o que o Anthony terá sentido: “Um português! Será dos antigos? O melhor será não me aproximar demasiado depressa”. Ainda não sabia que o Carlos preferia a pesca à caça.
Anthony disse-nos que esta história é conhecida dos “antigos” do seu clã e que sempre o fascinou. Durante o tempo na prisão, pediu ajuda a uns missionários ingleses para que o ajudassem a saber mais sobre esta história e leu dois livros com referências a Jorge de Menezes e outros europeus.
Papua Nova-Guiné é a terceira maior ilha do planeta e foi descoberta pelo português Jorge de Menezes em 1526, que lhe terá dado
o nome de Ilhas dos Papuas (que deriva da palavra malaia papuwah, que quer dizer “cabelos enrolados”). Notem como, em cinco séculos, os cabelos se desenrolaram. (foto)
Saber mais em: a), b), c).
* É útil recordar que este incidente se deu seis anos depois de Fernão de Magalhães ter sido morto por um “indígena” nas circunstâncias que se conhecem.
O Carlos, meu primo, promete continuar a mandar crónicas destas; chamar-lhe-ei “Crónicas da Papua”.
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