Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt
Elias Fanon 1961, Pol Pot et al 1975-79
Os quatro arguidos, com idades entre os 79 e os 85 anos, quadros políticos do regime, deverão explicar em tribunal os acontecimentos ocorridos no Camboja entre 1975 e 1979, nomeadamente a eliminação metódica e calculada de milhares de pessoas através de um regime marxista ultra-ortodoxo. Estima-se que tenham morrido às mãos do regime dos Khmer Vermelho entre 1,7 e 2 milhões de pessoas (à época um quarto da população do país) em consequência das torturas, da fome, dos trabalhos forçados e de execuções.A minoria muçulmana Cham, a população vietnamita e a comunidade de monges foram os alvos preferenciais desta chacina que marcou um dos períodos mais negros da história da Humanidade.O chefe dos Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu na floresta cambojana em 1998, prisioneiro de seus próprios correligionários.
Filho de cobra é cobra. Lisboa 1961
- É absolutamente indispensável ler Fanon, para entender o presente e o futuro dos nossos países. Ele é antilhano, médico, mas está com os argelinos na sua luta pela independência. Diz por exemplo que só a violência do colonizado pode fazer ultrapassar o complexo de inferioridade que o colonizador lhe inculcou. O colonizado só pode adquirir uma personalidade de homem livre se exercer a violência. Qualquer violência se justifica assim. Como o filho que mata o pai, pelo menos em sonhos, para se tomar adulto.
- Por essa teoria, a violência da UPA justifica-se.
- Exactamente. É a violência dos oprimidos para fazer superar os traumas causados pela violência dos opressores.
- Não estou de acordo. A UPA mata também a gente da minha terra e da tua, os contratados que vão trabalhar para as roças de café no Norte...
- É uma fase necessária. Para que ganhem a consciência de que são colonizados. Não têm nada que ir para o Norte engordar os roceiros. Estão a colaborar com o colonialismo, mesmo se inconscientemente. Na primeira fase, o terror é necessário para criar consciência. Depois isso terminará. E haverá a integração de todos num país independente.
- Não sabia que defendias as teorias da UPA.
...- Ouve, Vítor, é a única teoria que soube mobilizar populações inteiras para lutar com paus ou catanas contra o poderio colonial. Conheces outra melhor?
- Conheço. A que diz que todos os angolanos devem lutar juntos contra o colonialismo, sem massacres de civis, sejam eles quem forem. E que congregue até mesmo os mulatos.
- Utopias! Isso não funciona na prática. Eu sei, são ideias que correm na Casa dos Estudantes. Mas a Casa é dominada pelos filhos dos colonos, sejam brancos ou mulatos. No fundo, querem apenas uma melhor integração no Portugal multirracial. Todos falam da independência, mas a ideia não é a mesma. É mudar para ficar tudo na mesma, com o português dominando o negro. E tu alinhas nessas utopias, porque o teu pai não é camponês. O meu é. E a única hipótese de estudar foi aproveitando a bolsa da minha Igreja. O camponês só pode ser mobilizado para a luta por formas bem concretas, que ele entenda, por exemplo o ódio ao branco ou a repartição das terras dos brancos. Vai falar de luta contra o colonialismo como sistema, sem tocar nos roceiros ou nos comerciantes. Ninguém te segue, a não ser os intelectuais da cidade. E esses não contam numa luta destas.
...- Devias ler o Fanon. ......- Tu não acreditas mesmo que possamos viver todos juntos em Angola um dia, sem injustiças nem desigualdades?
- Com os brancos e mulatos não. Eles tenderão sempre a dominar-nos.
- No entanto, os missionários que te formaram e ajudaram são brancos.
- Americanos ou brasileiros, não portugueses. E muito menos portugueses nascidos em Angola, que se sentem com direitos sobre a terra por lá terem sido gerados. Esses são os piores mesmo se tiveram uma mãe ou uma avó negra. Mãe ou avó que era apenas uma serviçal do branco. Esses transportam em si a supremacia da parte branca sobre a negra, vem desde a nascença.
- Tinham que matar o pai para libertar a mãe.
- É isso mesmo.
Pepetela. A Geração da Utopia 1992* ... vem desde a nascença. A noção do fatalismo epigenético que também explicaria o ser português. Etiquetas: colonial Kmer Fanon UPA Angola