alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

27.11.10

 
Sociobiologia atrevida

Auto das aves da Lusitânia
As aves portuguesas integram duas grandes famílias: as indígenas que passam cá toda ou quase toda a vida, - aqui vivem, aqui trabalham e aqui têm o que aforram para o inverno. As outras também cá vivem e de cá vivem mas preferem pôr os ovos nas costas quentes das Caraíbas ou doutros paraísos off-shore - são aves de arribação. Cada uma tem leis bio-económicas diferentes.

1.Macroeconomia de arribação
Antes da migração anual rumo a regiões mais quentes, as aves migratórias consomem enormes quantidades de frutas nutritivas – por dia, até o triplo do seu peso corporal em frutas durante a migração outonal. Parecem preferir as frutas de cor escura, ricos em antioxidantes que as protegem dos riscos fiscais.

a) Leio no Expresso que, em 2009, saíram de Portugal 2600 milhões de euros de investimentos em acções, obrigações e outros activos financeiros para o escolhido paraíso fiscal das ilhas Caimão. Já lá estão quase 13 mil milhões de euros.
b) As "potenciais necessidades de Portugal", a serem colmatadas pela ajuda do FMI/UE, deverão rondar os "34 mil milhões de euros entre 2011 e 2013". The Economist.

* Os 13 mil milhões de euros nas Caimão equivalem a 1/3 das "potenciais necessidades portuguesas" a 3 anos; não admira que a economia indígena sofra em especial quando, por desforra memorial, inveja ou emulação induzida pelo mercado, as aves autóctones deram em imitar os hábitos de consumo das outras.

2. Microeconomia indígena actual.

"Aos dez anos, as prevalências de excesso de peso são superiores a 40%. Diz Joana Sousa, da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. 95% da obesidade infantil têm uma causa nutricional associada ao estilo de vida.

*A satisfação de hoje à custa de sérios problemas futuros. Tal como o crédito fácil, a prevalência da obesidade é maior nos estratos (sociais e políticos) emergentes – os que mais dificuldade têm em resistir à sedução do mercado. E nem os feitores de opinião nem o poder lhes resiste: o IVA do leite chocolatado e da Coca-Cola foi mantido baixo. Para que "NEM OS FORRETAS RESISTAM!"

a) Foi na classe média, e sobretudo na classe média baixa, que o consumo mais cresceu.
b) No conjunto, os portugueses gastam acima dos seus recursos, cobrindo a diferença com empréstimos do estrangeiro. E a diferença está a aumentar. O défice externo foi de 8,2% do PIB em 2009, neste ano deve ser de 9,9% e em 2011 subirá para 11,3% (estimativas do Banco de Portugal).
O problema não está em pedir dinheiro emprestado. Está na aplicação desse dinheiro. Se ele fosse investido em empreendimentos geradores de um bom retorno, o crédito produziria os meios para ser pago. Mas não é o que acontece.
Boa parte vai para consumo. Nas últimas décadas deu-se uma profunda alteração no consumo das classes médias, sobretudo nas camadas há pouco saídas da pobreza. No crédito malparado avulta o crédito ao consumo.
c) ... é também nessas classes onde é maior a prevalência do excesso de peso das crianças.
*Tanto no combate ao défice (como ao excesso de peso) o “esforço que teremos de fazer não é passageiro - é estrutural e deverá exigir muitos e longos anos de correcção gradual.
E só há uma maneira de o conseguir: trabalhando (
mexendo-nos) mais, trabalhando melhor, começando por ganhar (comer) menos até conseguir ganhar mais, consumindo menos até voltarmos a equilibrar as contas (peso).
PS. Numa sociedade opulenta, uma criança com fome é um escândalo; uma criança gorda à míngua é um paradoxo. Paradoxo criado pelo modo de vida em que nos enredámos (criado pelo mercado, como alguns dizem); paradoxo que um mercantilista cândido interpretaria como terapêutico, argumentando que no bazar se encontra remédio para tudo.

Auto da Lusitânia

Todo o Mundo:
Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Todo o Mundo:
E mais queria o paraíso,
sem mo ninguém estorvar.

Belzebu:
Escreve com muito aviso.

Dinato:
Que escreverei?

Belzebu:
Escreve
que todo o mundo quer paraíso
e ninguém paga o que deve.
Gil Vicente.

* Sabe-se agora o paraíso fica nas Caimão onde é legal ninguém pagar o que deve.

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