alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

30.4.10

 
O mofo de Darwin 2
The post-Darwinist rhizome of life by Didier Raoult treslido

Parte da nossa herança genética é veiculada pelas mitocôndrias que herdámos das mães pela simples razão de que o nosso protoplasma primordial é exclusivamente de origem materna – só o núcleo é do casal.
O ADN mitocondrial é muito susceptível a lesões oxidativas e está sujeito a elevado índice de mutações (10 vezes maior

que o ADN nuclear) pelo que a herança vai variando a cada filho e a cada geração; e também com a idade.
Mais, o ADN mitocondrial é diferente nos diversos órgãos do mesmo indivíduo; todos somos quimeras - tanto no que se
refere ao ADN mitocondrial das células dos nossos órgãos como quanto à nossa flora entérica.
Também a nossa flora entérica primitiva é exclusivamente de origem materna. Nós somos nós e a nossa bicharada.

É certo que o ser humano nunca viveu isolado mas sempre no meio da bicharada – bactérias, vírus, muitos insectos, formigas, moscas, aranhas, baratas, vermes, minhocas e lombrigas, cobras, ratos, morcegos, e, pelo menos desde há milhares de anos, gado, lagartos e osgas, pulgas e percevejos, cães e gatos e outros chamados animais domésticos de que fazem parte os coelhos, as cabras e aves de capoeira a que, significativamente se chamava “criação”.
...todos estes factos e teorias poderão ofuscar cada vez mais a vaidade humana mas afagam-lhe o orgulho. Aliás, a maior parte da informação genética continua a provir por herança vertical, lembram os peritos.

No fundo, a evolução dos genes assemelhar-se-ia à dos memes. As sociedades actuais sobrevivem por partilhar valores comuns – (a europeia) a filosofia, os mitos e a estética gregas, a língua, a organização militar e da justiça romanas, a moral judaico-cristã que foram evoluindo ao longo de séculos, sob o poder da igreja, dos tribunais e dos senhores, tendo sobrevivido as mais adequadas, memes transmitidos geracionalmente à maneira hereditária dos genes.
É curioso que se diz terem sido as mulheres as guardiãs e transmissoras da memória das famílias e das tribos. As mulheres e os velhos: “Chaque vieillard qui meurt en Afrique est une bibliothèque qui brûle.” cantava Collette Magny, citando l’ethnologue malien Amadou Hampâté Bâ)
A memória afaga-nos o ego ; vai polindo os factos, criando os mitos que a escrita cristalizou em História quando Heródoto a arquitectou.
Tal como a memória, o ADN mitocondrial está sujeito a elevado índice de mutações. O DNA nuclear estará para a história como o mitocondrial para a memória.
Mitocôndria, do grego (mito = filamento, chondrion = partícula), Mitologia (do grego μυθολογία) [do grego antigo μυθος ("mithós")]
Mas a maior parte da informação genética continua a provir por herança vertical, repetem os peritos.

Estes valores foram sendo confrontados com outros de diferentes origens, de que resultaram culturas mestiças, diversificadas, com enriquecimento e perversões que deram origem a novas culturas crioulas em ambientes cosmopolitas.
A globalização, as migrações, os media, a TV e a Net potencializaram este emaranhado de informações que se vão cristalizando em modas e valores e transmitindo de geração em geração de um modo quase hereditário.
É curioso que tenham sido as nações que mais contribuíram para a globalização e que mais mestiços e culturas crioulas criaram que mais ferozmente as combateram; as mesmas nações mas gentes muito diferentes – as que abriram horizontes e as que os tentaram constranger.
Este seria também o modelo pós-darwinista da evolução – a troca de memes como modelo da troca de genes, de forma liberta, gratuita, disponível, sem os filtros dos cleros ou dos tribunais, e muito menos do “peer review” das revistas científicas credíveis.
O modelo é mais o da aldeia (global) onde a crença tem um valor equivalente ao da prova e a notícia não se distingue do boato. Como sempre, sobreviverão os mais aptos na selva quotidiana.

A moda como modelo da evolução.

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