alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

22.5.09

 
Para fugir à crise
3 dias no Parque Natural do Douro Internacional
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O Grande Desfiladeiro. - O rio Douro é, segura­mente, o rio mais impressivo e rico de grandiosas perspecti­vas do velho mundo. No entanto -, apesar de tudo quanto tem sido escrito e publicado, desenhado e divulgado-, parece não ter tido ainda a fortuna de encontrar um verda­deiro escritor ou pintor que eternize a sua estranha e tácita beleza. Junqueiro, que tantos anos viveu junto deste vale, que o percorreu dezenas e dezenas de vezes, que calcorreou os seus pendores - , não o viu. Antero cremos que nunca o avistou senão junto do Porto. António Nobre apenas o con­templou da Foz. Raul Brandão só lhe viu a grandeza nos dias de temporal, do alto da Cantareira, sonhando no Avô, alto e louro como ele, desaparecido no mar. Pascoais apenas o conheceu, pode dizer-se, o seu último filho: o Tâmega. Camões jamais o avistou. Eça olhou-o com os olhos de Jacinto. Em resumo; nenhum escritor ou poeta português teve a fortuna de abrir decididamente os olhos para a pujança, a austeridade, a força telúrica deste estranho desfi­ladeiro aberto por esta serpente milenária vinda dos Montes Ibéricos! Sant’Anna Dionísio. Guia de Portugal.
Nos anos 50 não fala em Torga que o definiu bem como «um poema geológico» e lamenta ver dividir-lhe orações: "O Doiro entoirido pelas primeiras barragens. É como se na minha própria aorta se formassem aneurismas.” (Diário VIII
); Saramago, na Viagem, descreve a “pedra amarela” de Miranda mas não terá feito o mais fantástico cruzeiro da Europa.
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Arribas a pique, altíssimas onde apenas alguns arbustos conseguiram agarrar-se e pouquíssimas árvores sobrevivem; nos ramos secos de uma, um enorme ninho. Os líquenes amarelo-enxofre contrastam com o cinzento e ferrugem do granito. Lá em cima, coroas de giesta. Ruído, só o do barco cheio de espanhóis que era feriado em Madrid; um bom guia que nos obrigava a ir sentados. Foi pena que esta viagem deve fazer-se de pé.
Imponente, majestoso, solene, fantástico; até os espanhóis iam calados... e sem máscara.
Antes da barragem só os contrabandistas se atreviam a atravessar o Douro nesta garganta; não há lusíadas desta epopeia de tormentas sem cabo.
Cruzeiro a não perder e a repetir num barco silencioso, sem motor, sem bancos e sem guia. Só se tolerarão auscultadores individuais para grandes sinfonias ou concertos de órgão.
A Sé da Miranda é a única obra humana cuja sombra atinge a outra margem.
O cruzeiro dura uma hora, o tempo exacto para se ficar com pena de já ter acabado.

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É curioso que é o passeio que mais quero fazer, cá dentro. Mas gostaria de me envolver um pouco mais também na paisagem que o vinho moldou. Aqui já links e experiências para para ler...Tenho que convencer o meu grupo.
 
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