alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

26.12.08

 
Um SÁBADO que calha à quinta-feira
Análise de um economista

A revista Sábado vem publicando separatas com o título “Os melhores hospitais para cada doença”; o princípio de seriar os Hospitais é discutível mas o critério da classificação é importante.
No início, a classificação baseava-se na opinião de alguns peritos escolhidos pelo jornal. No número de 18-12-2008, a avaliação dos “hospitais” foi feita por um professor da ENSP (economista com Pós-Graduação em Administração Hospitalar) que descreveu a metodologia na revista. Cito:
A fonte de dados corresponde aos resumos informatizados de alta dos hospitais para os anos 2006 e 2007, disponibilizados pela Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS) e pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Pretendeu avaliar se os hospitais estão a fazer as coisas certas e se os hospitais estão a fazer as coisas bem feitas. (
...)


1. Imaginem que se pretendia saber quais eram os melhores mercados de peixe.
Imaginem que se entregava esta tarefa a quem nunca ou só muito raramente entrou num destes mercados e como utente. Imaginem que este indivíduo detestava o cheiro do peixe, que não sabia distinguir um carapau de um linguado e, muito menos, saber se o peixe está fresco a menos que cheire mal.
Imaginem agora que esse investigador se propõe avaliar quais os melhores mercados de peixe sem lá ir. Isso mesmo, sem lá ir mas baseando-se apenas nos dados que os mercados enviaram para os organismos oficiais que os tutelam, a Administração Central dos Mercados de Peixe (ACSS) e a Direcção-Geral das Pescas (DGS). Dados que o investigador não critica nem contesta por crer representar a realidade, como as sombras da caverna. Não sabe como foram colhidos, ignora a fiabilidade e as condições concretas em que o peixe foi pescado, levado à lota ou distribuído, nem sabe sequer que o mesmo peixe pode ter diversos nomes nas várias regiões. Não sabe que alguns mercados e lotas são mais exigentes com o tamanho e não misturam carapau com chicharro e que algumas bancas têm critérios diferentes para atender os clientes.
Não sabe, que não é pescador nem peixeiro, e não gosta de peixe, pelo que se mantém afastado desse ambiente; onde ele se sente bem e é perito é em números, estatística, papéis, quadros e em avaliações nas “áreas da gestão..., mais particularmente naquelas relacionadas com a produção e com o desempenho” “tendo presente a trilogia definida por Donabedian para a qualidade, estrutura-processo-resultados”.
Pega então nos dados fornecidos pela burocracia oficial, esteriliza-os, distribui-os por grelhas, atribui-lhes cotações padronizadas “pela região de saúde Emi­lia- Romagna” e espera que o computador digira os resultados. Ei-los aqui a jorrar como água da torneira.
E saem claros, limpos, inodoros como gostam os burocratas dos ministérios e os muitos administradores hospitalares.
Agora irão para a revista que os encomendou (a SEXTA-FEIRA, dado tratar-se de peixe) que deles fará uma separata “Os melhores mercados de peixe”, de venda assegurada. Ali estão, seriados, os cinco melhores mercados de peixe, com destaque para o da medalha de oiro.
2. O leitor preocupa-se: afinal há dois mercados melhores do que o meu ... mas ficam tão longe! Que pena. Mas logo se interroga: o que eu queria saber era se o meu mercado era bom (ou muito bom) ou não. Isto não é uma corrida de bicicletas; que me interessa que o meu mercado seja classificado em 5º lugar se, apesar disso, for bom ou muito bom? Pelo contrário, que valor tem o primeiro lugar num concurso de medíocres? Não é a ordem que me interessa é a qualidade. Era isso que eu esperava que um investigador me dissesse; e isso a SEXTA-FEIRA não diz. Pelo que, descoroçoado, atira a classificação para o fogo, que é lixo não reciclável; mas da próxima vez que for ao mercado, irá desconfiado.
É o que acontece às folhas de cálculo dos computadores; quando se lá mete lixo, só sairá lixo, por muito grelhado e torturado pela Inquisição estatística que tenha sido.
Os softwares não são ETARs.
3. O investigador que é economista atreveu-se a ajuizar se os mercados “estão a fazer as coisas certas e se estão a fazer as coisas bem feitas” independentemente da “eficiência dos cuidados prestados, a qual poderia ser medida pela comparação entre ... entre custos ob­servados e esperados.”
O que poderia levar a diminuir ainda mais a confiança que actualmente nos merecem os economistas, se isso fosse possível.

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