alcatruz
Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt
16.8.05
País suburbano...o campo, em Portugal, é muito mais sujo que as cidades.
Quase já não há campo; como a agricultura se extinguiu, o campo deixou de ter sentido. Agora a cultura padrão já não é agrária mas urbana e, para esta, o campo é paisagem ou terreno urbanizável. A própria linguagem privilegia o burguês (cidadão, urbano, civilizado) em detrimento do produtor primário (o lavrador, o saloio -- uma espécie em vias de extinção sem ONGs). Portugal é Lisboa (a cidade); o resto é paisagem.
Numa geração, os filhos dos agricultores emigraram para a cidade; formigas mutadas em cigarras sem tempo para a evolução, sazão que a inexorável lei natural exige.
“É difícil. Isto de começar num montouro e só parar na crista dum castanheiro, tem que se lhe diga. É preciso percorrer um longo caminho. Embrião, larva, crisálida... ... Custa. Mas a lei natural é inexorável.” Cega-rega.
Convertidos de produtores em consumidores, sentiram-se promovidos subitamente de súbditos a senhores e tentaram imitar o padrão – muitos direitos e poucos deveres como que para compensar na sua o jugo das gerações anteriores. A agricultura deu lugar ao comércio; o produto deu lugar ao lucro, obtido fornecendo aos outros o que eles necessitam, mas tentando que necessitem o que se lhes fornece.
A mutação foi demasiado rápida; já não são rurais e ainda não são citadinos; são suburbanos. Ao trocarem a casa de família pelo andar na sub-urbanização desenraizaram-se e perderam os valores de referência: o outro já não é um vizinho mas um meio; trocado pelo bazar, o quintal tornou-se vazadoiro. Interessa contentar o cliente, pelo que a frente da loja tem de parecer bem, mas as traseiras mostram o desleixo, a porcaria e o crescente menosprezo absoluto pelos outros. Empenhados a patos bravos, viraram cucos. Tudo isto é tolerado pelas autoridades e visto como sinal de progresso.Por cada tonelada produzida, Portugal manda meia para o aterro. Quase metade deste desperdício vem da construção civil que prefere mandar para o lixo que reciclar. Eduardo Barata. FE da Univ. de Coimbra. Os laços com o poder autárquico explicam a complacência.
Como a agricultura era pobre, havia que poupar os produtos e reutilizar as embalagens; o lixo era pouco. Agora, os filhos dos antigos lavradores rejeitam a ideia de poupar (uma memória dolorosa de escassez) e esqueceram como reciclar (que evoca o cheiro do estrume para adubo). O campo serve-lhes de lixeira como quando não havia fossas; só que o lixo contemporâneo não é biodegradável.
Recuperar o campo também demorará três gerações ?
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