A nau portuguesa Flor de la mar, que naufragou em 1511 no estreito de Malaca,
contendo o despojo destinado ao rei D. Manuel terá sido encontrado.
Do que se perdeo
na náo Flor de la mar...
Nesta nau Flor de
la mar se perdeo o mais rico despojo, que nunca se vio, depois da Índia
descoberta, até aquelle tempo, e afora isto muitas mulheres grandes
lavrandeiras de bastidor e muitas meninas e meninos da geração de todas
aquellas partes, do cabo do Comorim pera dentro, que Afonso Dalboquerque trazia
pera a Rainha D. Maria. Perderam-se os castelos de madeira emparamentadas de
brocado, que o Rey de Malaca trazia em riba de seus alifantes, e andores mui
ricos de sua pessoa, todos forradas de ouro, cousa muito pera ver, e muitas
joias de ouro e pedraria, que trazia pera mandar a El-Rey D. Manuel: e se
perdeo huma meza com seus pés, forrado tudo de ouro, a qual Milrrhao deo a
Afonso Dalboquerque pera ElRey, quando lhe entregou as terras de Goa; e
chegando a Cochim com fundamento de a deixar ao Feitor, que a mandasse,
foi a pressa tamanha no embarcar, por bem da monção que se hia gastando,
que lhe esqueceo, e levou-a consigo, e os nossos por sua parte também perderam
muito. De maneira que quanta vinha na nau, e no junco, não se salvou mais que a
espada, e coroa de ouro, e o annel de rubi, que o Rey de Sião mandava a ElRey
D. Manuel; e o que Afonso Dalboquerque mais sentia desta perda foi a
manilha, que se tomou a Naodabegea, a qual trazia em muita estima pera lhe mandar,
por ser cousa de admiração o effeito della: e assi sentia muito perder os liões
que trazia, por se acharem em humas sepulturas antigas dos Reys de Malaca, e
trazia-os pera por na sua em Goa por memória daquelle feito, e de todos os
despojos, que se ali tomaram, estas duas peças sós tomou pera si, que
por serem de ferro eram muito pera estimar...
Comentários de Afonso Dalboquerque.
Conforme a 2ª edição de 1576 INCM 1973
Conforme a 2ª edição de 1576 INCM 1973

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