alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

31.5.06

 
Memória fluida, sinal de amolecimento cerebral

O país como bazar e o governo como Misericórdia.
O cidadão como cliente, que tem sempre razão.
O medicamento mais barato e mais acessível, no país que consome o dobro do padrão -- quatro vezes o que pode.
Os professores avaliados pelos pais dos alunos da Escola onde só uma ínfima maioria participa. Outros, mais expeditos, clamam pelo cheque-ensino; os pais como clientes.
O medicamento e o ensino como mercadoria. A Farmácia e a Escola como franchising; o farmacêutico e o professor ao balcão.
Os sindicatos que aceitam que algo mude desde que tudo fique na mesma.

 
Foz Tua, uma memória fluida

Negro ou branco, o pobre do Brasil crê ... em quase tudo: Deus e os santos, céu e inferno, bruxas e orixás, magia e espiritismo, transe e reiki, massagem e mau olhado, sabonete lava-espíritos e defu­mador de más energias, feng shui e magia ne­gra, leituras dos búzios e previsões do futuro, candomblé e santeria, Santo Daime e comu­nhão, Eucaristia e milagre, o que se quiser. Clara Ferreira Alves A cruz ao peito Única/Expresso 27-5-2006

Em Portugal é o contrário; isto é, o mesmo ao espelho. Acredita-se em Deus e no diabo, no inferno e no céu, em santos e em bruxas, nos espíritos e na magia, no mau olhado e na massagem Shantala.
No socialismo de mercado; num mercado livre no SNS “tendencialmente gratuito” -- na minha liberdade com a responsabilidade dos outros.
Era a essa mistura de contrários que se chamava sincretismo, o que era tido como próprio duma mentalidade primitiva; ausência de inscrição, creio que lhe chama José Gil.




 
Europa 3

A Europa suicidou-se ao matar os seus judeus. Steiner G. A Ideia de Europa. Gradiva 2005.

Os judeus são o outro que há em nós; a nossa flora intestinal, sem a qual não podemos sobreviver.
São a religião, a Igreja mas são também o comércio, o dinheiro, o lucro, o que ousa explicar o interdito (o sonho e o "estigma satânico do factor económico"). O estranho que não trabalha a terra nem ora a Cristo.
A Europa ia-se suicidando ao expulsar os seus maometanos.
Manteve-se Europa porque não matou todos os protestantes nem todos os papistas; porque não matou todos os ateus nem todos os padres, nem todos os republicanos nem todos os reis, nem todos os comunistas nem todos os fascistas. Por não ter eliminado os outros.

 
Europa 2

Essa paisagem foi moldada, humanizada, por pés e mãos. O viajante parece nunca estar completamente fora do alcance dos sinos da aldeia mais próxima.
Os componentes integrais do pensamento e da sensibilidade europeus são, no sentido radical da palavra, pedestres. A Europa foi e é percorrida a pé. Steiner G. A Ideia de Europa. Gradiva 2005.

Mas os gregos eram marinheiros («Todos os anos, enviamos a África os nossos navios, com risco de vidas e grandes gastos, para pergun­tar: 'Quem são vocês? Quais são as vossas leis? Qual é a vossa língua?' Eles nunca enviaram qualquer navio a interrogar-nos.» Heródoto) como os portugueses, os ingleses, os holandeses e os vikings.

 
Europa
"A Europa é feita ... de Cafés. Estes vão do Café preferido de Pessoa, em Lisboa.... Desenhe-se o mapa dos Cafés e obter-se-á um dos marcadores essenciais da “ideia de Europa”. Steiner G. A Ideia de Europa. Gradiva 2005.

Somos um país cafeinómano onde o bacalhau é um prato nacional. Tanto em Portugal como na Europa os marcadores essenciais são produtos importados, mas nem um nem outra se importam. O fundamental é a mesa.
A prova que Portugal é um país europeu.


 
“Quando a Violência vai à escola”
Mafalda Gameiro (RTP)

Vê-se e não se acredita na complacência, na resignação suicida, na tolerância cúmplice.
"Acho que o Secretário de Estado adjunto do ME deve conhecer bem a realidade do seu país."
"Acho que o Sindicato dos Professores deve conhecer bem a realidade do seu país."
"Acho que cada um de nós deve conhecer bem a realidade do seu país.
"

http://dataveniablog.blogspot.com/


 

a realidade do país

"Estou aqui para aprender mais. Acho que o Presidente da República deve conhecer bem a realidade do seu país." declarou Cavaco Silva em Reguengos de Monsaraz.

O país, de que este PR foi PM durante dez anos, terá mudado tanto ?

Em 15 anos (1985 e 2000), a área construída no território nacional cresceu 42%. Corine Land Cover 2000
Neste período, conhecido como "era do betão", forrou-se uma boa parte do litoral com cimento armado. Criaram-se áreas metropolitanas gigantescas, redes saturadas de circulação, onde é cada vez mais difícil viver.

29.5.06

 
Sociobiologia atrevida
Um modelo neoplásico da globalização 3.

Domesticado o proletariado industrial em troca de participação nos lucros (sindicatos corporativizados, limitando-se a exigir mais meios de "aquisição", quadro superiores gerindo a produção numa óptica míope de crescimento clonal), o capitalismo necessita absolutamente de se expandir.
Tal como as metástases, surgem filiais das multinacionais. Mas, do mesmo modo que a expansão do processo canceroso põe em risco a vida do doente, assim o capitalismo é inviável a nível mundial; ao contrário do que parece agora, o capitalismo é incompatível numa economia globalizada -- teria que voltar ao princípio e explorar os "seus" operários (o caso Enron).
Se a economia de todos os países estivesse sob direcção de cartéis capitalistas, a estabilidade do processo produtivo/ consumidor implicaria a necessidade de generalizar, a nível mundial, a participação dos produtores. Este facto restringiria cada vez mais o leque de opções que os gestores do sistema (os executivos) têm a oferecer aos órgãos capitalistas de decisão. Aqueles terão de ter em conta cada vez mais os reais interesses e as necessidades fundamentais da maioria (de todos, no limite).
Um cancro inteligente que, por absurdo atingisse todo o organismo teria, para sobreviver, que sofrer uma mutação do seu código genético substituindo a competição pela cooperação. O que sucede com alguns neuroblastomas que se convertem em benignos ganglioneuromas.
A socialização da produção -- a subordinação a objectivos definidos em termos de prioridades comunitárias ou mundiais, hierarquizadas pelos interessados -- é um processo natural, inevitável, contínuo que já começou.
Não se pode acusar o capitalismo de ser estúpido mas pode temer-se o impulso do lacrau.


Meghnad Desai. Marx's Revenge: The Resurgence of Capitalism and the Death of Statist Socialism . New York, Verso 2002.

 
Sociobiologia atrevida
Um modelo neoplásico da globalização 2.

Tal como na "natureza" sobrevivem os mais aptos e não necessariamente os maiores, também o crescimento desordenado tem sanções naturais. O colapso dos grandes colossos financeiros ou industriais pode assemelhar-se ao processo de necrose do interior do cancro, quando as células neoplásicas crescem mais depressa que os processo indispensáveis à sua nutrição.
O capitalismo selvagem, para sobreviver, domestica-se parcialmente repensando objectivos:- aumenta a produtividade sofisticando os meios de produção com os recursos da ciência e da técnica; programa a sua produção para o mercado actual e o futuro (que modela à sua maneira criando necessidades artificiais pela publicidade, do mesmo modo que o tumor deforma progressivamente o doente); substitui o alvo da sua exploração que deixa de ser o "seu" operário -- pagando melhor aos técnicos diferenciados sem os quais a produção não sobreviveria -- para explorar preferentemente todos os que não participam no processo de produção -- a invasão tumoral de tecidos sãos.
Os explorados não serão tanto os operários industriais cooptados, mas todos os consumidores que não participam das "benesses" do sistema:- os produtores de matérias-primas; trabalhadores fora do circuito da "produção" (de serviços e funcionários públicos) e todos os que já não ou ainda não servem (reformados, desempregados e, sobretudo, jovens).
Explorados são agora freneticamente todos os recursos energéticos e outros, na busca do sucesso imediato sem contemplação pelo futuro, tanto em termos de recursos como de qualidade do ambiente.
...o capital criará uma globalização "predadora". Boaventura Sousa Santos, DN 23-11-2000


 
Sociobiologia atrevida
O modelo neoplásico da globalização

Quando o organismo humano sofre um processo de cancerização as células afectadas entram em multiplicação anárquica, replicando seres exactamente iguais submetidos ao mesmo imperativo de crescimento sem fim, comprometendo sem piedade as estruturas vizinhas.
Do mesmo modo a lógica interna do capitalismo -- o crescimento indefinido na busca do lucro a todo o custo -- levou ao esmagamento de muitas unidades arcaicas de produção tornadas inviáveis pela concorrência.
A competição do mercado livre é um processo de "destruição criativa". Schumpeter por Fukuyama, Público 2-1-2003
Para sobreviver o cancro precisa de crescer; para tal, utiliza todos os recursos:- processo metabólicos mais eficazes para o crescimento em condições adversas, instalação em áreas ainda não colonizadas e é, naturalmente, contrariado pela resistência imune do hospedeiro.
A imagem seria mais real imaginando vários cancros a desenvolverem-se no mesmo doente; a "luta pela vida" não é só entre o cancro e os tecidos "sãos" mas entre os diversos tumores entre si.
... o resultado é a concentração da riqueza num cada vez menor número de mega-empresas e o avanço da pobreza e da insegurança profissional à escala planetária. Nicolau Santos. Expresso. Economia. 2-4-2005


 

os fios da saudade

 
Província

Se eu tivesse nascido
no seio da Província era fatal
que o meu sonho maior, o mais sentido,
seria triunfar na capital.

E depois de supô-lo conseguido,
voltar à terra natal
e ser p'los conterrâneos recebido
com palmas e foguetes,
fanfarras, vivas e banquetes
na Câmara Municipal
Carlos Queirós (1907-49)

 
Aldeia
Reunião anual dos que nasceram na aldeia há 88 ou há 40 anos. Os velhos foram ficando, cada vez menos; dos mais novos, a maioria saiu – Congo “belga”, Brasil, Angola, Canadá, Lisboa, Porto, Coimbra e as cidades vizinhas. Alguns, reformados, regressaram.
À beira da linha, a CP foi a grande empregadora, como a “Fábrica” que fechou e a “Farmácia” que se mantém. Raros nas áreas produtivas; quase todos no comércio ou nos serviços. Todos bem na vida; uns melhor que outros.
As recordações dos factos, dos modelos, dos conselhos, dos factos decisivos, alguns há mais de cinquenta anos. A amizade antiga aproxima as diferenças sociais que resistem apesar do nivelamento dos rendimentos; há constrangimento em voltar a tratar por tu o doutor que, na Escola, fora da mesma classe. Demora algum tempo compensado pelo enorme orgulho de ter subido a pulso.

 

Moimenta suméria numa parede de Tomar

28.5.06

 
Crianças do Norte fazem sapatos da Zara

A Inditex será implacável; promete não sub-contratar crianças que trabalhem descalças e muito menos com sapatos da concorrência.

 
A farsa da livre concorrência entre os bonifrates

As medidas apresentadas pelo Governo são uma lufada de ar fresco. As farmácias, finalmente.
Resta saber se haverá, de facto, condições de mercado que permitam a concorrência e o livre funcionamento do mercado” dos medicamentos.

O respeitável público fica encantado com o espectáculo; quem puxa os cordelinhos também.




27.5.06

 
globalização

Briefly, Desai’s argument goes like this: Marx saw capitalism expanding over the whole globe and would not be replaced until it was no longer able to grow and develop.
Globalization is the historically necessary development of worldwide capitalist integration and must be completed before socialism is even on the agenda. … actually, this is all happening in accord with Marx’s theory of the development of capitalism. It is a proof, not a refutation, of Marxism.
Marx’s Revenge lacks credibility as a theoretical contribution to the understanding of the nature of the present-day processes of globalization.

Marx’s Revenge: The Resurgence of Capitalism and the Death of Statist Socialism . Meghnad Desai. New York, Verso, 2002.

A globalização seria o estadio final do capitalismo; a via capitalista para o socialismo. Uma via suicida, à semelhança da metamorfose das lagartas donde sairão borboletas. Tal como dar esmola era, contestar a globalização é atrasar a revolução.

Recuso-me admitir que um sistema económico cuja base é um impulso tão primário como a ambição e a cobiça individualistas não venha a ser superado por outro que radique na generosidade e na gestão racional da produção. Mas "It is a capital mistake to theorize before one has data. One begins to twist facts to suit theories, instead of theories to suit facts."
Sherlock Holmes/ Conan Doyle (Md)

 
Mendel em causa

Respostas a inquérito a alunos da Universidade de Coimbra (UC) sobre a praxe.
"A praxe académica deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir" (72 % dos alunos); "deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica" (68%); "deve ser revista de forma a receber melhor os novos alunos" (52 %);"a praxe académica deve ser completamente abolida, pois é uma violência" (3%)

* Um inquérito semelhante sobre a genética teria resultados diferentes ?
"A genética deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir" (72 %)
"deve repudiar qualquer forma de genes anómalos" (68%)
"deve ser revista de forma a melhorar a espécie" (52 %),"
"a genética deve ser completamente abolida, pois é uma violência" (3%).

26.5.06

 
Do reco caseiro à mãe galinha

O Portugal das couves, do reco caseiro, dos velhos, dos partos vaginais e da palavra de honra... FNV

O parto vaginal seria uma tradição em vias de extinção como os velhos, o reco caseiro, as couves, a palavra de honra e o lince da Malcata.
http://lisboa.blogs.sapo.pt/
Portugal está no segundo lugar europeu em número de cesarianas (28%, quando a média europeia é de 17%); este valor eleva-se a 40-60% na privada e nas pequenas maternidades que vão deixar de fazer partos.
A continuar a tendência de toda a mãe portuguesa parir por cesariana, compreende-se que se preveja a extinção do parto normal.
O futuro será das mulheres-galinha: para que os filhos nasçam será preciso quebrar a casca do ovo
.

 
Utopia, médicos e dependência

A actual tarefa dos médicos não é fácil; até agora, a tarefa era a de procurar a melhor maneira para resolver o problema do doente que se queixava e nada sabia de drogas nem de doenças. Agora, a tarefa é explicar que a publicidade é enganosa e que há remédio fora da farmácia.
Acontece que o médico foi formado num grande hospital cheio de doentes graves e a sua pós graduação foi patrocinada pela indústria farmacêutica de cujos congressos grátis espera adequado retorno. Assim, o médico arrisca-se a ser contagiado pelos paradigmas das duas instituições: “toda a doença é grave” e “toda a queixa é uma doença para a qual há um medicamento” – a ficar “farmacolizado”.
Aprenderá com a experiência a moderar os ímpetos intervencionistas o que explica que médicos ingleses gostassem de dizer aos seus “doentes”: «Confie em mim, não precisa de receita. E não estou só a tentar poupar-lhe dinheiro».

Explica, também, o facto paradoxal dos velhos pediatras perderem clientela quando, sendo avós, mais preparados estariam (“médico velho, cirurgião novo” aconselhava-se); os jovens pais preferem pediatras da sua geração que, em vez de conselhos e paciência, lhes prescrevam leites adequados aos “problemas” dos bebés, vacinas que evitem todas as doenças incluindo a raiva, antibióticos que lhes diminua a duração da doença (de 2.3 para 1.9 dias; p<0.05),que lhes “abra o apetite” e os mantenham quietos, facilite o sono e a aprendizagem... Que os prepare para um vida farmacolizada, na dependência de drogas.
Se a isto se adicionar a utópica definição de saúde da OMS de há meio século: “um estado completo de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” e a expectativa de que seja esse o objectivo do SNS, o previsível resultado é a frustração.
A Utopia era uma ilha fantástica descrita por um marinheiro português numa taberna de Amsterdão; lá tudo seria perfeito.
Como toda a ilha, o melhor dela é a viagem; lá chegado, se a expectativa tiver sido excessiva, quase sempre se fica desapontado.


 
criar a necessidade

As grandes empresas são responsáveis por muitas prescrições desnecessárias de medicamentos; promovem tratamentos para doenças cuja existência nem sequer está comprovada.
Os autores denunciam a existência de uma verdadeira teia de influências não oficial, montada entre a indústria farmacêutica e grupos de media e publicidade. A estratégia consiste em criar a necessidade e depois apresentar a solução milagrosa.

* Mas não é essa a função da publicidade nesta sociedade de consumo , onde a moda talha o paradigma dominante ?
Numa sociedade que promove o consumo para animar a “economia” porque se estranha que a indústria dos medicamentos aja de modo diferente numa sociedade que dela espera a solução de todos os seus problemas ?
Não se preocupe (com a ansiedade, a obesidade, a insónia, os bichos-carpinteiros, a fadiga crónica, o stress, o "colesterol") que nós resolvemos isso; só têm que nos pagar.

Só tem que carregar no botão que nós tratamos do resto” era o slogan Eastman Kodak em 1888.

 
Filhos PPR. Nos antípodas da China

Eu acho que não vale a pena ter
ido ao Oriente ... uma terra aonde, enfim,
Muito a leste não fosse o oeste já.

Alvaro de Campos, Opiário, Orfeu 1915

Na China MLM um casal não pode ter mais de um filho; em Portugal PS, pune-se os que não tiverem
mais que um.
O nascimento é um assunto demasiado sério para ser deixado a cargo de comissões de estudo.

 
MÉTODO PARA APRENDER E ESTUDAR A MEDICINA
Ribeiro Sanches 1763

Proponho o método de saber pensar, e de enun­ciar-se com clareza, ordem e elegância.
E que sobre tudo quero introduzir nela, aquele método de pensar, fundado no conhecimento interior provado pela experiência; e que tem por último fim e objecto achar os princípios e as causas de todos os nossos conhecimentos. Quero introduzir na melhor porção da Nação Portuguesa o método de comparar os efeitos para vir no conhecimento das suas causas; e de comparar e combinar estas, para prever e conhecer os efeitos que delas se poderão seguir
.

25.5.06

 
as raízes rurais

Coimbra, Cidade do Conhecimento na COW PARADE em Lisboa.



Prelúdio da "Grande Marcha Pelo Mundo Rural" da CAP

 
Editorial sem raízes

Há uma cultura da violência instalada na nossa sociedade, que se alimenta das raízes rurais onde ainda é encarada com normalidade.

Não se deveria dar carta de condução às primeiras gerações de rurais urbanizados.


"The old saying that it takes two generations to make a gentleman is being refuted every day, for Americans are remarked not only for their facility in amassing fortunes but in furnishing themselves with presentable manners on short notice." Correct Social Usage, 1903

 

A propaganda no meio do depoimento




Os cucos já se atrevem a pôr os ovos no meio dos dos outros.

24.5.06

 



Confiar exclusivamente no SNS para resolver as consequências devastadoras da mau estilo de vida pode prejudicar a implantação de medidas de saúde pública.

 



Confiar exclusivamente no mercado para resolver as consequências devastadoras da inequidade pode prejudicar a implantação de medidas de justiça social.

 




Confiar exclusivamente no Estado para resolver as consequências devastadoras do desemprego pode prejudicar a implantação de medidas de incremento da produtividade.

 


Não ponham todos os ovos no mesmo cesto

Confiar exclusivamente na legislação para resolver as consequências devastadoras do desleixo nacional pode prejudicar a implantação de medidas de responsabilização.


 


Não ponham todos os ovos no mesmo cesto

Confiar exclusivamente no abaixamento da alcoolémia para resolver as consequências devastadoras dos acidentes de viação pode prejudicar a implantação de medidas de civismo.


 

Não ponham todos os ovos no mesmo cesto

Confiar exclusivamente na farmácia para resolver as consequências devastadoras do “colesterol” pode prejudicar a implantação de medidas de saúde pública.

Cuidado com os cucos; tentam que o SNS lhe choque os ovos.
O negócio das bulas. Revista da Ordem dos Médicos 2003;35:22

 



Uma palavra de bom senso a um mundo “farmacolizado





O Dr. Vasco Moscoso de Aragão. Rev Ordem do Médicos 2005;59:36-9

22.5.06

 

Universidade dos Pequenitos; foto (muito modificada) de Dias dos Reis.

 
II Congresso pela Cidade de Coimbra
A Universidade dos Pequenitos

1. Para além dos mitos de Inês de Castro e da Rainha Santa, duas das instituições que melhor identificam Coimbra são a Universidade e o Portugal dos Pequenitos.
A ideia do Portugal dos Pequenitos é brilhante: a arquitectura dum país à dimensão da criança que lá podem brincar. Não se trata apenas de brincar com mas de brincar em.
Pensar o futuro de Coimbra passa também por torná-la atraente para as crianças e, simultaneamente, preparar essas crianças para o futuro.
2. Proponho que se crie a Universidade dos Pequenitos, um espaço onde a miudagem, brincando, aprenda a conhecer o mundo.
Na área da Biologia, imagino um modelo de coração humano onde as crianças possam entrar, abrir as válvulas, sair pelas artérias para o pulmão e, ali, poder sentir o sussurro do ar a encher os alvéolos e o sangue azul a ficar vermelho. Os mais velhitos poderiam observar os mecanismos da hematose e regular a frequência cardíaca. O infarte de miocárdio seria simulado pela obstrução progressiva duma artéria coronária, por onde os gorduchos não poderiam passar.
Na célula, um grande cubo, poderiam ver e tocar a membrana bilaminar, o núcleo com os cromossomas, a mitocôndria e os lizosomas; mais tarde poderiam ver modelos dos canais de cálcio ou dos mecanismos da genética.
3. Há que escolher locais da cidade para instalar a nova Universidade; locais amplos, centrais, que possam acolher infantários e escolas ou de fácil acesso à miudagem. Sugiro dois: a cerca do Mosteiro de Celas, deixada livre com a próxima saída do Hospital Pediátrico ou, melhor ainda, a Quinta da Rainha, quando a Maternidade Byssaia Barreto a deixar, próxima do Jardim da Sereia e do Exploratório que para ali se poderia estender ou transferir.
4. Teria o patrocínio da velha Universidade. Estou certo que as diversas Faculdades colaborariam; a de Arquitectura desenharia o espaço prescindindo de outra torre. Para uma iniciativa destas, creio que não seria difícil encontrar mecenas; a Fundação Byssaia Barreto para começar.

 

II Congresso pela Cidade de Coimbra

1. Uma magnífica exposição dos princípios fundadores da Critical Software.
* Privilegiar a qualidade e procurar uma melhoria contínua.
* Escolher os melhores, desde que se integrem na (melhor) equipa.
* Procurar que o trabalho seja estimulante e as pessoas felizes.
* Reconhecer o mérito.
* Reinvestir toda a riqueza gerada.
* Ainda não é um caso de sucesso; há que passar do nicho para o volume.
A última imagem, com a página da Critical a ser pouco a pouco inundada pelos logos das empresas mundiais que utilizam tecnologia da Critical, é absolutamente espantosa.
Um exemplo de uma empresa estrela para pessoas de elite.
Uma palestra que deveria ser ouvida por muita gente.

2. Imediatamente a seguir, um belo exemplo de uma estratégia de integração dos marginalizados do sistema - Central Business
Os dois extremos da curva de Gauss. Uma tarde cheia

 
Ó Manuel, então e eu?

A ironia como acto falhado da decepção

 
A Linha

Cascais fica no fim da linha; a linha são dois carris paralelos – lada a lado mas sem nunca se encontrarem. Quando se tenta, há descarrilamento ou Cascais.

21.5.06

 
A gata borralheira de Cascais

A Câmara de Cascais levou crianças desvalidas a passear em carros de luxo. Melhor, a Câmara de Cascais convidou munícipes a levar crianças desfavorecidas a passear nos seus carros de colecção.
As crianças e os anfitriões disseram ter gostado muito; a televisão, presente, também.
Mas neste país não há príncipe à procura de noiva; só há barões.

Quando se quebrou o encanto, os autarcas, os barões da Linha, os carros de luxo regressaram, satisfeitos, ao seu lugar habitual na vida; todos menos as crianças desvalidas.

 
A blusa de sete euros

Quando compro uma peça de roupa por sete euros, estou a comprar barata a miséria alheia”. Clara Ferreira Alves. Única/Expresso 20-5-2006

Miséria que ainda seria maior se não comprasse; que se queixa quando as fábricas das grandes marcas exploradoras se deslocalizam.

Yunus procurou outras soluções.

 
Incúria ?

Vinte e cinco por cento dos nossos deficientes são-no por incúria durante a gravidez ou no momento do parto. Inês Pedrosa. Dar à luz. Única/Expresso 20-5-2006
"What little evidence exists suggests that less than
2% of cerebral palsy could be attributed to sub optimal care".

Nada pior para uma causa que um mau argumento.

 
Dos que podem aos que precisam
Nações Unidas - Marcha Contra a Fome em Lisboa, Porto, Ponta Delgada e Horta (DD)
Congresso PSD - Marques Mendes apresenta propostas para "emagrecer" o Estado (SIC)

 
O PGR ilibou procuradores que “não investigaram...”

Imaginem que alguém ia a um hospital por ter caído. Imaginem que o médico interno que o atendeu na Urgência pedia o parecer de um especialista por suspeitar que o abdómen tivesse sido atingido; imaginem que o especialista o observou e tratou. Imaginem que, mais tarde, se tenha verificado que o doente tinha também uma perna partida que ninguém tinha notado.
Imaginem que, quatro meses depois de lhe ser exigido um inquérito rápido, o Director do hospital desculpava o especialista porque “a consulta à fractura da perna não tinha sido solicitada e não foi sujeita a qualquer tipo de investigação”, atribuindo a culpa ao interno por ter enviado ao especialista um doente com doenças a mais.
Imaginem que este caso chegava ao tribunal e que o juiz era o actual PGR; imaginem qual seria a sentença.

"... como é que ninguém viu que os dados telefónicos a mais tinham sido enviados." ?

20.5.06

 
"A mais bela bandeira do Mundo"

Mulheres de burka verde ou vermelha unidas como pontos do tecido nacional....
À roda, quais folhas de louro, o brasão do patrocinador.


 
"A mais bela bandeira do Mundo" BES

A FPF e o BES apresentaram o projecto com o beneplácito do Secretário de Estado.

Da próxima vez, sob o escudo, um listel com a legenda: O ESPÍRITO SANTO É GRANDE.


19.5.06

 

Convento de Celas revisitado 4

À saída repara-se que a fachada não tem qualquer sinal cristão. Nem cruz, nem santo; só o escudo real, as armas heráldicas e as da Ordem — o determinismo genético e o cooptado. Alguma carantonhas pagãs com asas – anjos faunos de formas retorcidas.
Mesmo em Coimbra a renascença pagã eclipsava o cristianismo; como seria de esperar, a igreja e a corte ripostaram com a Inquisição e a Companhia de Jesus. Despojou-se a arquitectura – só a recta e o círculo, formas perfeitas que evocam Deus, sem princípio nem fim. A cor seria o branco, a resultante de todas as outras; o dourado foi reservado a Deus.

 
Convento de Celas revisitado

Mas o melhor é o claustro; as figuras dos capitéis devem ser vistas quando o Sol vai alto nos dias grandes do solstício que aí vem; acontece que o mosteiro só abre às 15h.
Tentem e levem o Guia de Portugal do Proença; leiam a descrição que deles fez Ramalho Ortigão.
Ao som do gregoriano seria óptimo mas com o risco de acordar as freiras.

 
Convento de Celas revisitado

Na fachada do “sóbrio portal renascença” (Guia de Portugal) de pedra dourada de Coimbra, a madre abadessa mandou gravar o seu escudo e o da Ordem, ladeando o da fundadora. Filha de rei, o bioco da Ordem cobre as armas reais; o resultado é uma cobra capelo portuguesa.
Estávamos em 1530, reinava João III sobre 1.200.000 súbditos, Pedro Nunes fora nomeado cosmógrafo do reino, foram criadas 50 bolsas de estudo para Paris mas já se anunciava a Inquisição.

Em contraste com a festa da fachada, na Sala do Capítulo (Sec XVII) tudo é sóbrio. O cadeiral, os azulejos verde e branco em xadrez e o magnífico tecto de berço de caixotões de pedra e cal, do “austero maneirismo coimbrão” (Pedro Dias) de uma simplicidade desarmante. A contra reforma Tridentina arrefeceu a exaltação da Renascença.
Ao fundo, um nicho com uma tosca imagem de Cristo. Magríssimo, apenas com um pano à cintura, leva uma longa haste de uma pequena bandeirola. Face é tranquila e decidida; sem cabelo e com óculos poderia ser Gandhi, outro Mahatma.


 
O calendário da morte

As mulheres portuguesas vivem menos três anos do que as espanholas (83 anos), que estão no topo da esperança de vida na União Europeia, o que "é uma diferença brutal". O objectivo ... é "conseguir adiar para mais tarde o calendário da morte das portuguesas", remata a socióloga Ana Fernandes da Escola Nacional de Saúde Pública.

Será isso que as mulheres portuguesas desejam ? Adiar três anos o calendário da morte ?

A morte é um assunto demasiado sério para deixar nas mãos de sociólogos da saúde pública.

 
Código Penal protege crianças de pais e educadores
A protecção dos menores e consequente condenação dos castigos físicos e psicológicos a crianças por parte de pais e educadores será reforçada na revisão do Código Penal.

* Não iludam as crianças; quando castigadas julgam poderão esconder-se atrás do Código. Depois, teremos que ensiná-las a proteger-se do Código; sobretudo de quem o não souber decifrar.


 
Reféns da greve da função pública

A greve da função pública, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública poderá levar ao encerramento de muitas escolas e afectar os serviços de saúde. Segundo o sindicato, a adesão à greve atingiu níveis entre os 30 e os 100% nos serviços de urgência de alguns hospitais de Lisboa. Além dos hospitais, o trabalho das brigadas móveis do Instituto Português de Sangue foi desmarcado.
Uma das razões invocadas são o risco de desemprego; um dos exemplos é o encerramento de maternidades .

Os que têm emprego vitalício pretendem mantê-lo para tarefas que a demografia dispensou; para tal toma-se toda a população como refém -– com quem seria de esperar que a função pública se preocupasse. Pior, fazem-se reféns entre os mais vulneráveis –as crianças e os doentes que recorrem às urgências e necessitam de sangue.
Exemplo do mais insensível egoísmo corporativo.

 
Estado vai pagar colocação de banda gástrica nos privados

Uma banda gástrica nos interesses privados; finalmente uma medida de esquerda.

 
Uma associação de peso

Segundo o presidente da ADEXO há cerca de 400 mil portugueses com obesidade mórbida.

 
Estado vai pagar colocação de banda gástrica nos privados

A cirurgia para colocação de bandas gástricas em pessoas obesas feita em clínicas privadas, que chega a custar 8.500 euros, vai ser paga pelo Estado. Segundo o presidente da ADEXO há cerca de 400 mil portugueses com obesidade mórbida.

Não creio que esta deva ser uma prioridade num SNS deficitário; deve o SNS suportar o custo do tratamento cirúrgico das consequências dum excesso alimentar por distúrbio comportamental ? Será justo colocá-la no mesmo patamar do cancro do cólon ?
Por se tratar de uma anomalia por excesso de acumulação, não seria mais justo que a ADEXO negociasse com a CGD um empréstimo de longa duração que cobrisse os custos da intervenção e que fosse amortizado nos anos seguintes com o que os ex-obesos irão poupar na alimentação ?

18.5.06

 
No mesmo dia, dois pontos de vista contraditórios

1. "Há qualquer coisa que não pode deixar de me impressionar: à minha volta vejo cada vez mais pessoas em estado de acentuada depressão. Talvez eu antes fosse mais desatento e elas já existissem também. Mas a verdade é que a atmosfera é agora um pouco desesperante: como se a sociedade adoecesse à nossa vista." EPC
2. “... a indústria das férias tropicais está de vento em popa; ponte sobre ponte, o Algarve enche-se de gente com carro e famílias, entupindo as estradas, consumindo uma gasolina que é suposto estar cara, mas que nunca esmoreceu as centenas de quilómetros em direcção ao Sul. O novo Casino, pérola da governação lisboeta,...., está cheio de povo, do povo de todas as classes A, B e C, na classificação do marketing. E o povo desloca-se alegre e feliz para os "bandidos com um só braço" que funcionam barato e rápido, deglutindo milhares de moedas, como se elas não faltassem a montante e jusante do Casino. ...Depois há o novo Campo Pequeno, cuja inauguração teve honras de grande espectáculo levado ao país todo pela televisão pública. ... podia ser a sociedade do salazarismo a fazer aquela festa.
Todos estes portugueses nunca passaram pela "toma", estão sempre na "retoma",... um socialismo manso, que pague o custo retórico do "social" dos pobres, mas que deixe brilhar esse outro 'social', o da nossa pobre classe média deslumbrada com expectativas mais caras do que as pode pagar."
JPP

Será possível tentar psicanalisar (O medo de existir) Portugal, Hoje quando há tantos portugais?

 
analogia e metátase

Um microscópio de bolso que identifica o período fértil da mulher através da saliva a saliva de uma mulher que se encontra no período fértil irá apresentar um aspecto em forma de folhas de fetos.

A Igreja, sábia, abençoou a magia sempre que pode:- S. Mamede protegeria a mamada; S Torcato, que tem o poder de "pôr direitos os órgãos desarranjados"... *
Do mesmo facto parece aproveitar o comércio tecnológico; na era digital, não despreza as vantagens analógicas: a saliva da mulher fértil cristalizaria em forma fetal.

* Moisés Espírito Santo. A Religião Popular Portuguesa. Regra do Jogo 1980.

 
Desleixo, negligência et al

“... é fácil ver conspirações onde só existe má-vontade, estratégia onde só existe negligência e corrupção onde só existe desleixo.”


 
Quem perguntou as horas ?

Hospitais de Coimbra e Viseu ilibados no caso dos maus tratos
A Inspecção-Geral de Saúde “não encontrou quaisquer comportamentos ilícitos” por parte dos hospitais de Viseu e de Coimbra no tratamento à bebé vítima de maus tratos em Dezembro último.


* Mas terá havido alguém, no seu perfeito estado de consciência que, neste caso, tenha implicado algum “Hospital de Coimbra” ?
Se não houve, porque razão a IGS investigou ? Caso tenha havido, pior ainda.
Por fim, o que terá levado um jornal de Coimbra a trazer uma não notícia para a primeira página ?

17.5.06

 
A ópera da corrida

Música e fados nos intervalos da crrida de toiros foi boa ideia; nada mais aborrecido que a demora na recolha das “chocas” sem vinho nem melancia, nem calor que os fizessem desejados.
Touradas nocturnas, luzes eléctricas e, acima de tudo, a cúpula – e, em breve, o ar condicionado -- pervertem o ambiente duma corrida que exige calor, sol-e-sombra e las cinco de la tarde. Tudo isto sugere um protótipo da bolha da primeira corrida de toiros em Marte, onde não há oxigénio.
Música sim, desde que não interfira com o concerto da faena dum toureiro apeado -- um homem que domina a fera com a elegância de passes mágicos; dispensam-se as bandarilhas mas, mesmo aqui, a luta é justa e o risco equitativo.
Aceito que a guitarra improvise, acompanhando em crescendo, o final de uma soberba faena. Mas que se cale antes da pega de caras -- para que se frua, inteira, a coragem e o talento do forcado ao vergar a força bruta à destreza enquanto confia na entre-ajuda.

 
A última corrida de toiros

À saída, AJ Jardim evocou, distorcido, o desastrado desabafo de Otelo; as imagens recordavam mais a última corrida de toiros de Spínola, a da “maioria silenciosa”, agora aliviada.

 
A reabertura do Campo Pequeno na TV

Uma ópera tauromáquica na praça de touros, agora reconstruída sobre galerias comerciais. Em vez dos instáveis sedimentos de milénios, as bases sólidas dum Centro Comercial, mesmo que ainda ilegal. O consumo supérfluo a suportar a tourada à portuguesa.
Sob a arena dos Coliseus estavam as jaulas para as feras e as instalações para os gladiadores, ambos indispensáveis; o que antes era razão, agora é pretexto.
À roda, nos camarotes, os patrícios; nas bancadas, os outros. (No de Roma, a arquibancada dividia-se em três partes: o podium, para as classes altas; as maeniana, destinadas à classe média; e os portici ou pórticos, para a plebe e as mulheres.). Na inauguração só aristrocratas e cromos emergentes.
Fidalgos iam co’a gente” diz o fado. O Fado.
Na arena, depois das cortesias, actuaram os fidalgos a cavalo, os artistas apeados, de capa e espada e o povo campino que, depois da labuta do dia, pega toiros à unha.
O público aplaude deslumbrado: “Há muito que não cantava a Portuguesa com tanto gosto” dizia uma à saída do Campiqueno. Estas festas acabam com o hino nacional.

 
................HOJE, 17 de Maio
................Conselho da Cidade
CELAS REVISITADA POR MÚSICA E POESIA
..............às 21.30H , depois da bola


Oportunidade de rever uma das melhores colecções de capitéis (Sec XIV) do país; o magnífica perfil do burrito em tranquila fuga.


16.5.06

 
Uma boa causa pode ficar comprometida por uma má estratégia
ouvido a Sun Tzu

 


"Understanding risk is hard enough even for those of us who are numerate, literate, and deal with these issues on a daily basis. Rafts of issues complicate informing patients about the risk of side effects of their medicines, predominantly that of how to present information about benefit and harm. Making a sensible, informed choice is not easy." Bandolier.


 

A obsessão pelo risco nulo

A folha sem letras nem rabiscos.
O filme transparente
O código sem barras
A face sem expressão, a máscara
A batalha sem perigo

O mundo de quem nunca arriscou, o limbo

 
A vida sem riscos

Não comam nem bebam; não respirem
Não atravessem a rua; não saiam de casa
............as casas sem escadas nem janelas;
............as ruas sem carros
Não tenham filhos; se acontecer, ouçam os peritos.
Não envelheçam, não tenham rugas,
Não usem cimento, gasolina ou carros,
Não consultem médicos, não façam Rx, não tomem medicamentos "artificiais"
Não joguem nem arrisquem
Na dúvida, não façam nada; esperem que outros ("os especialistas em fazer")

..............as façam por vós
Não questionem, resignem-se
..........Quando vos ameaçarem, não reajam, escondam-se;
..........se vos encontrarem, finjam estar doentes (ou mortos) - está quase.
Não se indignem; não digam nada;
..........não digam nada nem nadem


 
Nascer em Portugal

Um excelente artigo. Mas, porque será que a população não entende razões tão sólidas ?

 
Os portugueses hão de

"Os portugueses hão de ser livres, quer queiram, quer não". Pedro IV ao largo do Mindelo.
Os portugueses hão de nascer sem risco, quer queiram, quer não”.

"Não foi seguido à letra o que aconselhámos. O nosso parecer era para encerrar todas as maternidades com menos de 1500 partos por ano." Presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal.
O presidente do colégio de Obstetrícia da Ordem dos Médicos saúda a coragem do ministro mas diz que "parte desta coragem ficou no tinteiro". O médico defende que se devia ter ido mais longe. "Devia haver um critério igual para todo o País, podiam ser os 1500 partos, podiam ser 1300. A decisão devia ser uniforme."

Numa mão a rasoira noutra a norma.

15.5.06

 


Ordens esmaltadas

 


Fronteira

A antiga Estalagem como estava há alguns anos.


 
As Maias em Fronteira

Em Fronteira, o cruzeiro do largo da antiga Estalagem é local de culto. No dia 2 de Maio carregam-no de flores – coroas e cruzes de flores frescas que ali ficam até ao ano seguinte. As maias.
A noite é passada à roda de uma fogueira, que ainda ardia.
Vê-se a antiga Estalagem (agora casa particular), local da muda das diligências.


Na minha aldeia, no dia 3 de Maio, os miúdos da escola iam “plantar” cruzes de cana cheias de flores; era dia da Vera Cruz e dizia recordar a descoberta do Brasil. Erro histórico que a professora tolerava.
No dia 1 de Maio, havia que levantar antes do nascer do Sol, para “não deixar entrar as Maias”.

14.5.06

 
Dança do vulcão

Os habitantes de Yoguiakarta, na Indonésia preparam-se para executar uma dança - uma oferenda ao vulcão do Monte Merapi para que acalme a sua fúria e deixe de expelir lava.
Crêem que assim conseguirão que os seus desejos se realizem.


Escolha qual a liturgia que, em Portugal, mais se lhe assemelha:
a) as procissões a pedir chuva
b) as vigílias contra os anunciados encerramentos de maternidades.
c) os comícios dos partidos políticos
d) os protestos contra o processo de Bolonha e o aumento das propinas
e) as marchas contra o aumento do custo de vida
f) a promoção de placebos



 
O melhor semanário
O Expresso foi eleito o melhor semanário português, o que lhe terá trazido justificado orgulho e um acréscimo de responsabilidade. No número seguinte escolheu para publicação, nas páginas nobres, um mero processo de intenção: Freitas anuncia fim da vida política . Ou há falta de material, o que é estranho, ou foi escolhido, entre muitos. Publicá-lo justamente no número em que se pretende rebater a acusação “das constantes tropelias do Expresso” é, não só lamentável como insensato.
A isenção do Expresso afunda-se.

13.5.06

 
O elevador do Mercado

1. Aquela caixa de vidro não tem ventilação; ainda não chegou o Verão e já é uma estufa para quem só lá passa uns minutos; imaginem para quem lá trabalha. Nem janelas, nem postigos, nem sequer frestas para não falar em ar condicionado. Será possível que assim continue há anos ?
2. A estrutura mostra sinais óbvios de deterioração: sujidade, falta de tinta, ferrugem.
3. Os ascensoristas são jovens que beneficiariam que lhe recordassem algumas normas elementares de gentileza. Discutir querelas profissionais, em voz alta, ignorando completamente os passageiros que quase agridem com os gestos largos da argumentação; fechar a porta enquanto lêem o jornal, ignorando o passageiro que acaba de chegar e tem de esperar pela próxima viagem.

 
Mais Coimbra, mais Mercado

É no Mercado Municipal D. Pedro V que o Turismo de Coimbra - Tourist Office abre as suas portas a quem visita Coimbra, Centro de Portugal.
Mais Coimbra,
Mais Mercado
Mais Coimbra, Mais Turismo

Letra do novo fado de Coimbra. O mercado com maiúscula; o fado futrica.

 
QUANDO OS LOBOS UIVAM
A série retrata a saga dos beirões em defesa dos terrenos baldios durante a ditadura, que pretendia a sua reflorestação; o que o poder impunha como medida útil, os aldeões consideravam um atentado à sua sobrevivência e um atropelo aos seus direitos.
A actual querela sobre o encerramento dos bloco de partos das pequenas maternidades revela um conflito semelhante.

12.5.06

 

Alandroal. Tabuleiro de jogo no muro do fonte das cinco bicas -- 3 cabeças de cães e 2 de porcos.

 

Muros amarelos. No Alandroal nunca houve epidemias de peste.

 
Juromenha

A praça-forte substituiu o castelo que desapareceu. Nas fendas da fortaleza crescem árvores que ninguém corta – nem a Junta, nem o IPAAR, nem os habitantes.
Estes, trocaram o castelo pela aldeia que agora o cerca e o enjeita: “Vai por aí adiante, que logo encontra a etiqueta...”
Resta, orgulhoso, o escudo barroco, muito carcomido; não admira, foi feito de areia e cal.
Um sítio fantástico donde se mira de cima para Espanha; apenas o Guadiana, agora largo, nos separa.


 

Alandroal

Para permitir arrumar mais carros em cima do passeio, a Câmara mandou cortar as laranjeiras.
De manhã cedo; malandroal.

 
nacionalismo, provincianismo ou freguesismo ?
Tantos anos depois de Portugal ter aderido à UE (e se ter tornado uma província da Europa) não é ridículo que se levante tal celeuma por um ministro ter afirmado o seu iberismo ?
Um alentejano que afirme o seu regionalismo será acusado de pôr em causa a unidade nacional ?
Por afirmações semelhantes Sócrates (o outro) foi condenado à morte na Grécia de há cinco mil anos.

11.5.06

 
O senhor morgado

O senhor morgado
vai na sege rica
todo repimpado:
Ai que bem lhe fica
o chapéu armado
e a comenda ao peito
e o espadim ao lado!
Que homem tão perfeito!
Deputado eleito,
muito bem votado,
vai para o Te Deum.
Seja Deus louvado!

Conde de Monsaraz

 
O 8 dos Militares

A nossa República era no nº 8 da Rua dos Militares, entre a Julinha e o CADC, onde agora está a cantina do Auditório da Reitoria.
Não era bem uma República que a Senhoria vivia lá. A D. Maria era como que a Vice-Rainha dessa espécie de monarquia republicana; pagávamos o tributo e geríamos o sustento democrática e rotativamente.
O edifício era o antigo palacete do Conde de Monsaraz, numa situação soberba – os terraços davam para o Botânico com a curva do Mondego ao fundo, na Lapa dos Esteios.
Aqui viveu ... o poeta ...Conde de Monsaraz” diria uma lápide na parede gasta.
A dois passos da Universidade, havia quem se levantasse às oito para a primeira aula da manhã; ninguém tinha carro nem nisso se pensava. Não nos dávamos conta do benefício do local. Creio que nenhum de nós leu algum verso do Conde; só quando o Adriano os cantou, anos depois.
Agora encontrei do seu nome numa lápide em Reguengos, onde nasceu António Papança. Seria de esperar que quem tão bem soube escolher casa na Alta de Coimbra tivesse nascido lá em cima, em Monsaraz mas ninguém escolhe onde nascer.

 
Preocupação

Dez estabelecimentos - quase todos da área da restauração - foram encerrados nos dois últimos dias, em Fátima. "Os dados da operação mostram uma taxa de incumprimento de 52%" disse o porta-voz da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica.
* Na véspera da peregrinação do 13 de Maio, a ASGE deveria indicar quais os estabelecimentos encerrados para evitar que os peregrinos fiquem preocupados: nem todos são da área da restauração.

 
Monsaraz
O célebre fresco do tribunal de há quinhentos anos, quando ainda era permitido fotografar.
Os dois juizes, as perdizes do suborno, a vara torta do juiz de duas caras que, de amarelo, escuta a tentação diabólica. Não sei se o quadro estava virado para o réu ou para o juiz.

Vem um Corregedor, carregado de feitos, e, chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão, diz:
CORREGEDOR -- Hou da barca!
DIABO -- Que quereis?
CORREGEDOR -- Está aqui o senhor juiz?
DIABO -- Oh amador de perdiz. Gentil cárrega trazeis!

Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno

 

Monsaraz, o bom e o mau juiz (Sec XV)

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