alcatruz

Alcatruz, s.m. (do Árabe alcaduz). Vaso de barro e modernamente de zinco, que se ata no calabre da nora, e vasa na calha a água que recebe. A. MORAIS SILVA. DICCIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA.RIO DE JANEIRO 1889 ............................................................... O Alcatruz declina qualquer responsabilidade pelos postais afixados que apenas comprometem o signatário ...................... postel: hcmota@ci.uc.pt

31.8.05

 

Programa de campanha

 

Lema de campanha

 
respigo

Os pequenos proprietários que não puderem limpar os pinhais devem entrega-los à guarda do Estado para os manter protegidos como em Vale de Canas ou na Mata do Urso.

Adenda Out 2017: O fogo atravessou toda a Mata Nacional do Urso, descendo pela Estrada Atlântica. 

 

Uma recandidatura "anti-republicana". A faixa verde-rubra é para aliciar incautos.

30.8.05

 

Indecisões de um proprietário florestal absentista 4
Uma semana depois alguém andava a carregar lenha no pinhal alegando ter autorização; levou um pinheiro e dois carvalhos deixando a rama e o toco a sangrar.
Não se sabe quem era mas devia conhecer bem o terreno-- as árvores estavam na estrema. Deve ter pensado: se arder ninguém aproveita. Não ardeu até hoje.

 
Indecisões de um proprietário florestal absentista 3

O destino dar aos resíduos (rama e lenha) é outro problema. Na região não há centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível e a distância não compensa levá-lo às poucas centrais existentes. Associação de Agricultores e Produtores Florestais.

 

Efeitos secundários da limpeza do pinhal: descoberta de uma cafeteira amolgada.

 

Efeitos secundários da limpeza do pinhal: descoberta de pinhas no frigorífico.

 

Efeitos secundários da limpeza do pinhal: descoberta de um frigorífico bem isolado e sem CFC.

 

Efeitos secundários da limpeza: a descoberta de uma cama no pinhal; a manta-morta serve de colchão.

 
Indecisões de um proprietário florestal absentista 2

No meio desta mata quase da altura de um homem, descobriram-se muitos carvalhiços, azinheiras e chaparros que não medravam sufocados pela competição. Limparam-se aguns hectares para desafogar os bravos sobreviventes da flora primitiva.
Só nessa área se descobriram cinco lixeiras: TV vazias, dois frigoríficos já sem CFCs, colchões de arame, camas de ferro, tabliers de automóveis, uma cafeteira, cartões, garrafas de plástico. Um tesouro para os futuros arqueologistas.

 
Indecisões de um proprietário florestal absentista 1

Como as opiniões dos responsáveis são contraditórias (Sampaio defende limpeza coerciva da floresta enquanto Ribeiro Telles diz que "A limpeza da floresta é um mito" , limpeza que o assessor local desaconselhava por ser muito cara e não impedir o incêndio) hesitava em desmatar o pinhal que herdara; ao alto preço do processo aliava-se a pena de destruir a mata de arbustos que se mantinha verde mesmo nos anos mais secos. Teria sido mais fácil se tudo fosse tojo, seco e espinhoso apesar das belas flores amarelas. Custava mais cortar medronheiros, murtas, pilriteiros que dão pilritos, a aroeira, o alecrim, a esteva, a giesta e outros arbustos. Na mata vivem muitos pássaros, coelhos, javalis e outros bichos da terra mais pequenos.
Dava pena escorraçar as espécies que ali vivem há milénios para permitir que recém chegados mais produtivos ali prosperem em segurança, justamente quando os colonos judeus retiram de Gaza.

29.8.05

 

Aproveitem o que resta.

 
respigo

Soares ... é ... o antidepressivo de que o País necessita.
Os medicamentos psicoactivos têm inesperados efeitos secundários nos velhos; Portugal tem oito séculos de uma história de humor bipolar.
Os efeitos secundários são mais prováveis nos medicamentos fora de prazo de validade; não devem ser usados a menos que se trate de placebo prescrito por compaixão.

 
respigo

O “estado crítico” do colunista da página direita do Expresso (27-VIII-05)
Embarco em Stª Apolónia. Espero jantar no Porto três horas depois ... A viagem demora sete horas ... porque algures, numa paróquia qualquer, um incêndio qualquer.”
Diccionário:
1. Paróquia: espaços algures que entravam a ligação rápida de Lisboa ao Porto

2. Fogos: incidentes que atrasam o jantar de JPC.

28.8.05

 

No fim deste Verão quente deste ano seco, uma semana depois dos incêndios, desabrocharam estes surpreendentes cachos de flores na manta-morta dum pinhal do centro de Coimbra -- a Quinta do Cedro.
A “limpeza” da floresta para evitar incêndios levaria a eliminar esta manta-morta que tanto permite que o fogo lavre furtivo como a retenção da água e a eclosão de flores após tantos meses de seca.
Há milhares de anos, os preocupados colunistas de então também deverão ter clamado pela “limpeza” para evitar os incêndios das florestas do Saara.

27.8.05

 
respigo

O Expresso promove a candidatura de Manuel Alegre
Combate a fogo de Coimbra foi entregue a ‘caloiro’
"A lei prevê que o comando das operações passe para os governadores civis, em caso de catástrofes graves. "
"O governador civil de Coimbra - chamado ... a coordenar o combate aos incêndios no distrito - foi nomeado há quatro meses e confessa ser «um caloiro» nesta área, para a qual não teve qualquer formação específica..."

O Expresso manifesta, assim, o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre. A Constituição da República Portuguesa atribui ao Presidente da República a função de Comandante Supremo das Forças Armadas; se se considera indispensável ter “formação específica” nessa área, Manuel Alegre é o único dos candidatos não só com essa formação como com experiência debaixo de fogo inimigo e outro.

 

Hahnemann versus Paracelso
Por muito ténue que seja a eficácia da homeopatia, dois proveitos teve:
Temperar o excessivo apelo a mais (mais medicamentos, mais potentes, mais aparelhos, mais técnicos, mais serviços, “exijam sempre mais” ...)

Ridicularizar a excessiva confiança e a pesporrência de alguma Medicina.

 
O efeito placebo da homeopatia

O efeito terapêutico da homeopatia é idêntico ao dum placebo, conclui-se de uma cuidadosa metaanálise de trabalhos publicados na literatura médica de reconhecida qualidade. (Are the clinical effects of homoeopathy placebo effects? Comparative study of placebo-controlled trials of homoeopathy and allopathy. The Lancet 27 August 2005)
Tal como o princípio da homeopatia: "Quanto mais diluído for o medicamento, maior o seu efeito terapêutico" garante
Luíldo Marcos de Noronha, presidente da Associação Portuguesa de Homeopatia, assim parece ser a crença na sua eficácia: “The more dilute the evidence for homoeopathy becomes, the greater seems its popularity” como diz o editorial do Lancet intitulado The end of homoeopathy.

Apesar do peso da prova, da exemplar qualidade da análise e do prestígio do Lancet, não será ainda o fim da homeopatia. O apelo do inexplicável e a esperança no milagre é enorme.
Um dos mais brilhantes pediatras portugueses (Ramos de Almeida) explicava que “Os hábitos são como os sapatos; quanto mais velhos mais nos custa deitá-los fora”, citando por modéstia “um autor anónimo do Sec XX”.

26.8.05

 


Proibir e multar

1. Sampaio defende limpeza coerciva da floresta.
2. O Governo quer aumentar as coimas para quem não limpa a floresta.

 
No rescaldo dos incêndios

Cenário
silly season
Intervenientes
Um politicão que não distingue uma oliveira dum pau de fio

Um colunista cosmopolita que conhece melhor o aeroporto que a mata de Monsanto
Um jurista que julga que os problemas se resolvem com leis
Um deputado que julga resolver os problemas com a promulgação de ainda mais leis
Um ministro que se queixa do não cumprimento das leis
Um marxista que lê o materialismo dialético com óculos maniqueistas
Um neo-estalinista que crê que o mal está na existência de proprietários
Um jacobino que crê que o mal está na existência de proprietários vivos
Um zangado consigo que crê que o mal está na existência
Um burocrata que crê que o Estado gere melhor que os pequenos proprietários
Outro burocrata que crê que o Estado gere o sector público
Outro burocrata que faz com que o Estado gira bem o seu
Um que se aproveita
Um familiar do Santo Ofício que vê um cristão-novo em cada dono de pinheiro
Outro familiar do Santo Ofício para quem uma pinha ateia merece auto-de-fé
Ainda outro familiar do Santo Ofício que com a caruma ateia
Um simplista com os antolhos que crê que todo o efeito tem uma causa única
Um simplório que julga que tudo se resolve facilmente desde que
Um simplório que julga que tudo se resolve com mais

Outro que também se aproveita
Um saudosista que julga que tudo se teria resolvido com uns safanões a tempo
Um autarca que afirmou que a mata estava preparada para o fogo e foi mal interpretado
Um alto magistrado que conhece bem os salões nobres de todas as Câmaras municipais

E eu, claro, que também não percebo nada de pinhais.


 
respigo

Duas leituras do relatório sobre a Situação Social Mundial de 2005, da ONU.
1. A proporção da população mundial que ... subsiste com menos de um dólar por dia baixou de 40 para 21% entre 1981 e 2001. Os valores da China (país onde a proporção de pessoas nessa situação baixou de 64 para 17% entre 1981 e 2001) e da Índia contribuem muito para esta
evolução positiva.
2. O relatório das Nações Unidas mostra que, nos últimos 30 anos, o número dos que vivem com menos de um dólar por dia
duplicou nos países menos desenvolvidos.


Será possível que o número tenha aumentado se a proporção diminuiu nos países mais populosos ?
Se o número aumentou nos últimos 30 anos, a evolução teria sido espectacular nos últimos 20 anos para que a proporção tivesse diminuido.

 
respigo

O progresso só acentuou ainda mais as disparidades entre pobres e ricos. A desigualdade a nível global é maior do que há uma década.
Relatório sobre a Situação Social Mundial de 2005, da ONU.

25.8.05

 
O auto dos incêndios (fim)

5. Se se provar que a limpeza da floresta é eficaz, há que propor medidas sensatas de apoio aos que cumprem e sanções para os que não.
Os apoios não podem ser apenas fiscais (Ministro da Agricultura promete
isenções fiscais para os proprietários que limpem as matas.) mas também “ Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.” (J. Gomes Ferreira. Sub-director de Informação SIC) , estrategicamente localizadas para que a energia gasta no transporte não seja maior que a do combustível transportado.

 
O auto dos incêndios (cont)

3. Não basta promulgar legislação que não se cumpre
A obrigação de limpar uma faixa de 50 metros em redor das habitações e outra de 100 junto a povoações já consta na lei aprovada no final de Julho de 2004.
“ muitos projectos de prevenção - para limpeza, aceiros, reservatórios de água, entre outras protecções - apresentados por associações de produtores às direcções-regionais de agricultura e IFADAP têm sido rejeitados com o argumento de falta de verbas.”
"O Estado não pode exigir aos privados o que não cumpre"

4. ... nem ameaçar com sanções que ninguém teme.
Sampaio defende limpeza coerciva da floresta.
O Governo quer aumentar as coimas para quem não limpa a floresta.

 
O auto dos incêndios

1. As opiniões dos responsáveis são contraditórias:
Sampaio defende limpeza coerciva da floresta
«A limpeza da floresta é um mito» diz Gonçalo Ribeiro Telles

2. Há que provar que a limpeza das florestas é eficaz na prevenção dos incêndios.
No DL 156/2004,
prevê-se a redução do risco de incêndio através da remoção da carga combustível.
«Não é isso que vai resolver o problema dos incêndios, há muitas áreas onde a limpeza feita pelos produtores é reconhecidamente exemplar, como Abrantes, que ardem à mesma».
O secretário-geral da Federação de Produtores Florestais.

É preciso «ir à raiz» do problema, diz o PR mas com argumentos mais sólidos que os da localização da OTA

 

Vi um grão Leão correr
sem se deter
Levar sua viagem,
tomar passagem,
sem nada lho defender.


Profecias do Bandarra


 

Um aviãozito e um helicóptero lutam contra um incêndio monstruoso - um passarito e um tira-olhos contra um adamastor.
Contra o fogo, as máquinas utilizam o mais inflamável dos combustíveis. Contra o medo, os pilotos usam a vontade de o vencer.

24.8.05

 

O luar às seis de tarde em Coimbra, agouro de nova era glaciar.
Daqui a milhares de anos, julgar-se-á que terá caído um asteróide em Vale de Canas.

 
respigo

Portugueses estão a perder o sorriso
“A expressividade do sorriso – Estudo de caso em jornais portugueses” é o título de um estudo inédito a nível mundial, realizado pelo psicólogo e professor Armindo Freitas-Magalhães a partir de mais de 100 mil fotografias analisadas em todos os jornais diários. “A principal conclusão é que entre 2003 e 2005 tem vindo a diminuir a exibição do sorriso nas fotografias dos jornais, o que poderá ter a ver com a situação que o país atravessa e consequente estado de espírito dos portugueses” afirmou. Diário de Coimbra (Saúde) 24-8-2005
E eu estou a perder a paciência. Pelo mesmo processo, concluir-se-ia que os cães já não mordem o homem.

 
respigo

A falta dos jornalistas
Os incêndios não poupam os/as jornalistas da TV que não se poupam a esforços e a alguns riscos para nos mostrar o que se passa. O problema é a falta -- a falta de objectividade do que relatam e a procura obsessiva da falta (de meios, de bombeiros, de coordenação) que quase exigem que os comandos, os autarcas ou os populares confirmem. A opinião do jornalista sobrepõe-se aos factos; para cúmulo, a face do jornalista eclipsa o episódio – demasiado baço para espelho, maior desastre que o incêndio.
Não parece ter havido trabalho de casa; há pouco cuidado com os nomes das localidades e dos entrevistados -- a consideração que os citadinos têm pelos rurais. Sensatos, alguns consultam discretamente as cábulas. Nunca se mostram mapas dos locais, só imagens que a máquina colhe. Actualidade não é imediatismo.
Raros os que informam sem transmitir ansiedade --- compreensível em quem vive os acontecimentos mas lamentável em quem a dissemina.
Por contraste, a excelente reportagem de
Álvaro Vieira e Maria João Lopes sobre o incêndio em Coimbra, no Público de ontem.

 

Coimbra, na manhã seguinte:
2. ... para recrudescer, furioso, uma hora depois dos aviões terem partido.

 

Coimbra, na manhã seguinte:
1. Após duas descargas de dois aviões, o fumo amainou ...

 

O último número de Agosto

23.8.05

 

Na Solum, há 25 anos.
1. Próximo da zona que ontem ardeu apanhava-se azeitona.
2. Justamente neste local instalou-se o Centro Comercial Atrium Solum; o mercado e o consumo substituiram a produção e a economia. “Exige sempre mais” e “Não te prives” substituiu o “Produzir e poupar”que implicava esforço e recordava Salazar e Calvino.

Só tem que pagar mas para isso há os bancos que esticam o crédito. Você pode despreocupar-se, pois nós já resolvemos tudo isso para você! diria o diabo no "Auto do Bazar" dum Gil Vicente contemporâneo.
"Escreve lá companheiro..."

 
respigos

Com base nos inquéritos promovidos pelo Eurobarómetro entre 1973 e 2002, o Instituto Alemão de Estudo do Trabalho calculou a média das respostas à pergunta: como classifica em geral a sua satisfação com a vida que leva ? Numa escala de 1 a 4 Portugal apresentou um valor médio de 2,52 -- exactamente a média de 1+4.
Nem outra coisa seria de esperar dum povo que responde sempre que vai indo; assim, assim; nem bem nem mal, antes pelo contrário; podia ser pior.

 

Carta armadilhada; uma das folhas dum dos eucaliptos que arderam em Vale de Canas que caíram, incendiadas, no Alto do Rolão (Stº Antº dos Olivais) a cerca de 3Km.
O pneumococo é uma bactéria capsulada, um tranquilo comensal que, também inesperadamente, assume uma virulência destruidora.

As folhas queimadas dos eucaliptos enrolam-se em espiral e assim voam melhor. Sem querer abusar da imagem nem da teleologia, lembram as espiroquetas da sífilis (uma praga antiga) e a triquinela spiralis. O Prof Henrique de Oliveira, meu mestre, perdoar-me-ia o exagero; creio que o acrescentaria.

 

Vale de Canas, noite de 21-VIII-2005.
Um médico perante uma septicémia, sem antibióticos. Resta-lhe fazer um prognóstico animador.

22.8.05

 

Era uma vez um punhado de eucaliptos cercados; desesperados, bastou uma fagulha para que se imolassem. O guindaste é a sua cruz mortuária. RIP.

 
O desespero ecológico dos pinhais

São imigrantes que vieram de longe – os pinheiros do norte húmido da Europa; os eucaliptos da árida Austrália. Vieram trazidos pelo nosso interesse e adaptaram-se bem aos areais brumosos da beira mar, aos cumes húmidos do Minho ou aos terrenos pobres e secos.
A sociedade agrícola primordial convivia bem com o pinhal de que colhia lenha e madeira; o controle da natalidade da árvore era feita como sabiam — pelo processo tradicional do desbaste e dos fogos controlados; com isso se evitava a sobre-população dessas espécies bravias com tendência infestante.
Quando a agricultura se finou, aqueles imigrantes foram deixadas a si mesmos; sem laços exteriores, cresceram em guetos onde outras espécies não conseguem sobreviver, o que potencializa as características bravias originais.
À sombra castradora das copas altas, as árvores jovens ficam todas iguais, esguias e mirradas. Bravias, revoltam-se contra tudo o que as constrange; devem ansiar por espaço que lhes permita desenvolver-se mas a rigidez das raízes e o manto da caruma impede-as.

Novas espécies urbanas – prédios e bairros – têm vindo a ocupar os “seus” territórios, como colonatos incrustados naqueles espaços tradicionais, sem cuidarem de assegurar a convivência. Vivem lado a lado sem qualquer intercâmbio, numa espécie de apartheid.
As frustrações constantes de uma existência sem futuro são agravadas na época de seca prolongada, quando até o mínimo escasseia. Então desesperam; qualquer fagulha, espontânea ou do exterior, as pode incendiar, imolando-se a si e, indiscriminadamente, a todas as espécies circunstantes.
É claro que também temos que castigar os incendiários e quem os instigar; mas enquanto houver eucaliptais no meio da cidade, as pessoas aceitarem viver ali e deixar crescer o feno e o mato nos quintais, não haverá meios e bombeiros que cheguem.

21.8.05

 
respigos

1. Um ministro é que sabe:
“...um ministro decide não perder tempo e passa por cima dos labirintos negociais e das comissões que antecipadamente sabe não levarem a lado nenhum.”
M. Carvalho
2. Um político não deve ser capaz:
“... não é bom os intelectuais envolverem-se na política .... porque são capazes de explicar ser possível discordar duma candidatura ... e, ao mesmo tempo, apoiá-la.” JA Saraiva. Expresso 20-8-2005


 

AS ARCAS DE MONTEMOR . Segundo a lenda, no Castelo de Montemor-o-Velho há duas grandes arcas iguais. Uma, cheia de ouro; a outra, cheia de peste. Ninguém até hoje lhes ousou tocar... não fosse abrir aquela que mais desgraça lhe traria.
Alguém quis ver o que havia dentro da “caixa que mudou o mundo”: um vazio limitado por um espelho côncavo que reflecte imagens distorcidas.

20.8.05

 
respigos

O mundo maravilhoso dos têxteis técnicos
As empresas seduzem os consumidores com lençóis que matam bactérias, mangas que encolhem com o calor, «lingerie» com sabor a morango, «babygrows» que mudam de cor quando o bebé está com febre ou molhado, tecidos que brilham ou não amarrotam.”

Comentário dum consumidor que recusa deixar-se seduzir por empresas:
1. Só exijo lençois estéreis na mesa de operações; dos outros, preferia que repelissem insectos.
2. Em vez de tecidos que brilhem, preferia que fossem frescos no Verão e quentes no Inverno, como a seda.
3. Os «babygrows» que mudam de cor quando o bebé está molhado são úteis para mães desleixadas – só então reparam que a fralda transbordou.

4. As mangas que encolhem com o calor são a típica oferta dum mercado que privilegia quem nunca as arregassa .
5. A roupa interior com sabor a morango deverá agradar à minoria que prefere comer os pêssegos com casca.

 

O candidato do PS à Câmara de Lisboa: "No Natal garanto que não haverá estaleiros de obras a bloquear ruas e passeios".
Se fosse em Coimbra e acreditasse, votaria nele. Na R. António Jardim, há um ano que este estaleiro ocupa todo o passeio e, por vezes, metade de via. Já se reclamou, já houve multas mas tudo ficou na mesma.
O exemplo da desfaçatez com que certos poderes encaram a autoridade, digo eu, mas devo estar enganado: “beneficiar-se a si próprio através do fornecimento do que outros precisam é a “raison d’être” de economia de mercado. Não se trata de o bem dos outros ser um subproduto contingente do egoísmo...” Acton H. The Morals of Markets. 1970, citada por JC Espada (Expresso 13-8-2005)
Deverá ser por isso que o candidato à Câmara de Lisboa lhe promete pôr cobro; como socialista desconfia da “ética de serviço ao público que subjaz à economia de mercado” que não tem em conta o prolongado incómodo a terceiros.

Sem um forte contraponto do “bem dos outros” o benefício próprio tenderá para o egoísmo puro. A ética é a resultante desta dialéctica. Demora três gerações a interiorizar; na quarta degenera.



 


Portugal dos Pequenitos. Preocupa-me o futuro de Portugal com tantas mães tão gordas que o Verão realça.
Imagino o pesadelo dum destes miúdos:- A elefante da Índia a passear-se pelas colónias e a derrubar o Império; uma casita a ruir quando uma rinoceronte se lhe encostou. A saída ficou bloqueada por uma hipopótamo que não passou no torniquete; salvou-a uma grua-girafa.

 

Portugal dos Pequenitos. É sempre voltar aqui e ver como as crianças se entusiasmam com esta ideia genial de Bissaya Barreto, muito bem realizada por Cassiano Branco.
A imaginação despertada pela realidade; a fantasia criada pelos miúdos e não para seu consumo. Uma dimensão adequada para que a criança se sinta no seu mundo e estimulada a explorá-lo com alegria.
Terá tempo o questionar mas creio que o recordará sempre com prazer.

18.8.05

 

"E isso é uma boa notícia." Será ?
Serão medidas destas que ajudarão a racionalizar a prescrição médica ?
Serão medidas destas que ajudarão a atenuar a farmacodependência ?

 
respigos

Uma boa notícia. Não se preocupe, nós resolvemos-lhe o problema.
1. “Já pensou emagrecer enquanto dorme? Acaba de chegar Liverjoice, o revolucionário produto da boa forma que faz emagrecer sem dietas ! Liverjoice durante o sono acelera o metabolismo queimando gorduras na barriga, quadril, coxas, busto e cintura.
Você não precisa se "matar" fazendo exercícios em academias ou fazer aquelas dietas que te deixam ainda mais com fome. Você pode despreocupar-se, pois nós já resolvemos tudo isso para você
!” (SPAM)

2. "O excesso de peso tem tratamento- Sibutramina induz saciedade precoce; consulte o seu médico".
3. «É maravilhoso pensar que teremos comprimidos que permitirão encher a barriga de gelado às três da manhã sem risco de ficarmos com um peso na consciência», director da Pfizer.
4. "
A FOBIA SOCIAL PODE SER TRATADA".
5. "Portugal ... é um dos países onde mais fármacos são consumidos por pessoa", um valor duplo do dos países de referência. A. Hipólito Aguiar. Medicamentos, que realidade? - Passado, Presente e Futuro 2002.
6. Medicamentos nos supermercados: “vai ser mais fácil comprar um analgésico sempre que a cabeça doer. E isso é
uma boa notícia.”

Não, não é uma boa notícia. A menos que se considere um utente como cliente; a menos que se considere que o primeiro objectivo do SNS é a satisfação do cliente. Se se optasse pela venda livre de drogas, também seria grande a satisfação dos utentes.
Não sei se seria uma boa notícia.



17.8.05

 
respigos

O país arde enquanto podemos rever “A Ferreirinha”. Os incêndios florestais são a filoxera do pinhal. O arq. Ribeiro Telles propõe a reflorestação com espécies mediterrânicas como todos os carvalhos, o sobreiro, a azinheira e pinhais criteriosamente distribuídos. Seriam a “bacelo americano” para evitar os mortórios.

16.8.05

 

as traseiras do consumo

 
País suburbano

...o campo, em Portugal, é muito mais sujo que as cidades.

Quase já não há campo; como a agricultura se extinguiu, o campo deixou de ter sentido. Agora a cultura padrão já não é agrária mas urbana e, para esta, o campo é paisagem ou terreno urbanizável. A própria linguagem privilegia o burguês (cidadão, urbano, civilizado) em detrimento do produtor primário (o lavrador, o saloio -- uma espécie em vias de extinção sem ONGs). Portugal é Lisboa (a cidade); o resto é paisagem.
Numa geração, os filhos dos agricultores emigraram para a cidade; formigas mutadas em cigarras sem tempo para a evolução, sazão que a inexorável lei natural exige.

“É difícil. Isto de começar num montouro e só parar na crista dum castanheiro, tem que se lhe diga. É preciso percorrer um longo caminho. Embrião, larva, crisálida... ... Custa. Mas a lei natural é inexorável.”
Cega-rega.

Convertidos de produtores em consumidores, sentiram-se promovidos subitamente de súbditos a senhores e tentaram imitar o padrão – muitos direitos e poucos deveres como que para compensar na sua o jugo das gerações anteriores. A agricultura deu lugar ao comércio; o produto deu lugar ao lucro, obtido fornecendo aos outros o que eles necessitam, mas tentando que necessitem o que se lhes fornece.
A mutação foi demasiado rápida; já não são rurais e ainda não são citadinos; são suburbanos. Ao trocarem a casa de família pelo andar na sub-urbanização desenraizaram-se e perderam os valores de referência: o outro já não é um vizinho mas um meio; trocado pelo bazar, o quintal tornou-se vazadoiro. Interessa contentar o cliente, pelo que a frente da loja tem de parecer bem, mas as traseiras mostram o desleixo, a porcaria e o crescente menosprezo absoluto pelos outros. Empenhados a patos bravos, viraram cucos. Tudo isto é tolerado pelas autoridades e visto como sinal de progresso.


Por cada tonelada produzida, Portugal manda meia para o aterro. Quase metade deste desperdício vem da construção civil que prefere mandar para o lixo que reciclar. Eduardo Barata. FE da Univ. de Coimbra.

Os laços com o poder autárquico explicam a complacência.
Como a agricultura era pobre, havia que poupar os produtos e reutilizar as embalagens; o lixo era pouco. Agora, os filhos dos antigos lavradores rejeitam a ideia de poupar (uma memória dolorosa de escassez) e esqueceram como reciclar (que evoca o cheiro do estrume para adubo). O campo serve-lhes de lixeira como quando não havia fossas; só que o lixo contemporâneo não é biodegradável.
Recuperar o campo também demorará três gerações ?

 
respigos

Por cada tonelada produzida, Portugal manda meia para o aterro. Um índice inaceitável de desperdício -- uma placenta pesa 1/7 dum recém nascido e é usada como matéria prima. Eduardo Barata. FE da Universidade de Coimbra.

15.8.05

 

Chove no Chile quando Portugal arde e vice-versa; aviões e helis contra fogos florestais (e bombeiros especializados voluntários) não poderiam cooperar seis meses em cada país ?

 
O calor de há meio século


Acompanhava meu pai nas visitas domiciliárias (as “chamadas”), em regra à tarde; era no Verão, fazia um calor tremendo naquelas estradas de terra batida que ele bem conhecia. Àquela hora nem os pardais voavam; só se ouvia a cega-rega das cigarras e o ruído dos motores a tirar água da ribeira quase seca. Tudo o que não era pinhal estava cultivado; naquele tempo ainda havia agricultura.
Era um prazer entrar na frescura das casas térreas de aldeia, obtida apenas com as portadas semicerradas. A princípio mal se via o interior que ia ganhando vida à medida que me adaptava à escuridão; o silêncio era acentuado pela zoada duma varejeira.
Como sempre, lá estava o lavatório de esmalte com o jarro de água, o sabão e a toalha imaculada. Lavava as mãos enquanto se inteirava do que se passava. Aceitava um copo de água fresca do cântaro de barro poroso e começava a consulta.
Era o meu estágio no “estrangeiro”, o meu programa Erasmo.


14.8.05

 
respigos

Rodrigo de Sá-Nogueira Saraiva. O fim dos intelectuais.
Nunca se joga bem ping-pong sem um bom adversário.

 

Lixeira na R. António Jardim, em Coimbra.
Não é só no campo "... à beira de cada estradeca, no sopé de casa encosta, convenientemente escondido dos olhares pelas silvas e os tufos espessos de arbustos ...".

Aquilo que nos distingue - o absolutismo de Estado, a corrupção geral e uma cultura política corporativa, provinciana e miserabilista -...

Falta o desleixo, a consequente porcaria e o crescente menosprezo absoluto pelos outros.


 
respigos

Aquilo que nos distingue - o absolutismo de Estado, a corrupção geral e uma cultura política corporativa, provinciana e miserabilista -... Vasco Pulido Valente
Falta o desleixo e a consequente porcaria que Paulo Varela Gomes relata:
É o território que os citadinos, leitores de jornais, jornalistas, ministros, nunca vêem porque só andam nas auto-estradas, o território, onde, à beira de cada estradeca, no sopé de casa encosta, convenientemente escondido dos olhares pelas silvas e os tufos espessos de arbustos, há milhares - literalmente milhares - de lixeiras clandestinas, mobília velha, garrafas de plástico, madeiras de obras (é verdade, embora poucos o saibam: o campo, em Portugal, é muito mais sujo que as cidades).

 

Sorte ou Sina. Algum merece ?

13.8.05

 

Vinha enlatada. Outdoor sculptures. E 80 (Km120)Photo 2005. Extra catálogo

 
LisboaPhoto 2005

Outdoor Sculptures. Aqui vemos voluntários que ostentam o tipo de próteses nada gloriosas comum no trabalho de Wurm: baldes, talheres, melancias, canetas, louça. Estas imagens, ... de um cuidado aspecto amador, conseguem, graças à tremenda variedade de materiais com que os corpos interagem (da comida ao material de escritório e de limpeza)- e sempre nos cenários mais improváveis para a exibição do ridículo e da falha; que são a rua movimentada e o mercado.”
Wurm fotografa o malabarismo e a prestigiditação, o circo sem a sua magia. Não o insólito encontrado mas a tentativa de o criar, usando a colaboração de chineses que a isso se prestaram e de estudantes de arte — a epidémica tentação do exotismo e do auto-retrato.
Ou dos visitantes que queiram participar no espectáculo: “
Wurm permite que sejamos fotografados nestas performances por um dos vigilantes da mostra. O artista ... assina e reenvia, por um preço quase simbólico, fotografias de quem tenha decidido seguir as suas instruções.”
“...as fotografias patrocinam aqui uma espécie de farsa da estética do instantâneo.” Ricardo Nicolau, no Catálogo.

No Museu do Chiado permanecem os belíssimos fornos da antiga fábrica de bolachas do tempo de Benoliel.



 

Fragatas; Benoliel tira partido da greve -- a decepção republicana.

 
Lisboa de há 100 anos na Cordoaria. Benoliel, o primeiro fotojornalista. (LisboaPhoto 2005)
"a maioria das revoluções que se fazem em seu nome"são uma pausa para que o povo "mude de ombro e continue a suportar a costumada carga" (Goethe, citado por Eduardo Lourenço)

Imagens da revolução republicana em Lisboa e o seu tempo. O fim da monarquia, a revolução, a grande guerra, a grande decepção.
Os tipos:- os ardinas, crianças meio a brincar, meio a sério, de pés descalços e cabeça coberta. Vendiam jornais – O Século, a Vanguarda, A Nação... – que não saberiam ler. Os meninos vestiam calções e usavam sapatos e meias.
As multidões: uma manifestação de protesto contra uma lei da República – milhares de homens (só machos) todos de chapéu, raros bonés, nenhum barrete. Todos os chapéus parecem pretos (as fotos eram a branco e preto), todos ligeiramente inclinados para o mesmo lado. Foto genial; Cartier-Bresson antes dele.
Trabalhadores da fábricas à beira-Tejo; as chaminés cercavam a torre de Belém. Fragateiros em greve; proveito – magnífica imagens da fragatas varadas.
Um grupo de trabalhadores que avança – os irmãos Tavianni filmar-los-ão muitos anos depois.
A tropa fandanga: soldados e milicianos -- pouco povo e muitos burgueses, de chapéu, fato escuro, cordão de oiro a segurar o relógio no colete. O cidadão José da Costa interrompeu os negócios para apoiar a sua revolução; será avô de cavaleiros da indústria e do “honrado comércio”.
Muitas espingardas de um tiro de cada vez, para poupar e até uma lança africana.
Um grafitti (Viva a República) numa parede arruinada por um petardo.
As excelentes fotografias dos outros fotógrafos.
Os reis. Não me recordo de D. Carlos (acto falhado ? num tempo e com uma figura tão semelhante). Benoliel falhou o regicídio (a Carbonária não o avisou).
D. Manuel II, coitado, tantas vezes fotografado (para não tornar a falhar outro “instante decisivo”?), não esconde o constrangimento de se ver arvorado rei. As fardas imponentes dos grandes do reino que sorriem para o fotógrafo Benoliel (o rei dos fotógrafos, o fotógrafo dos reis), já então cientes do valor da imagem. Mais tarde serão os grandes da República que posarão para o retrato (Sidónio Pais descaradamente, Bernardino Machado, em pose de Estado enquanto PR e na partida para o exílio). As senhoras também sorriam à porta das pastelarias.
Soldados que vão para a guerra, políticos que vão visitar os generais na frente, só da guerra não há imagens.
Hoje, tudo mudou em Lisboa, salvo a arquitectura popular, os candieiros da rua e as sotainas dos padres.
Um candieiro permanece de pé, apesar de perfurado por sete tiros. Imponente.

A ver várias vezes; a figurar nos museus e a incluir nos programas dos liceus.


 

artesanato exótico que se não encontra à venda nos hotéis *****; tenham umas férias relaxadas.

12.8.05

 
respigo

O saloio
“Ele, ele, isto é, o "homem do piano", vem vestido de fato e gravata. Notemos o que é óbvio: nenhum trajo é mais inadequado a uma praia. Só os saloios nas excursões de domingo aparecem de fato e gravata, arregaçam as calças e molham os pés e depois comem sanduíches de chouriço e bebem vinho tinto dos garrafões que trouxeram. Mas ele, o homem do piano, avança de mãos nuas, absurdamente vestido para uma profissão administrativa, uma festa citadina, uma cerimónia urbana.
... Ele não sabe mais nada: mas toca, dialoga com piano, diz qualquer coisa neste piano que o compensa de viver.”
E. Prado Coelho. O homem do piano.


Os “saloios” vão à praia aos domingos de fato e gravata porque não podem ir nos dias de semana; têm de trabalhar para que outros possam ter “profissão administrativa, festa citadina, cerimónia urbana” ou escrever crónicas.
Os “saloios” sabem bem que “nenhum trajo é mais inadequado a uma praia que o fato e gravata”; se vão à praia festidos desse modo é porque querem ir à missa do meio dia e, ao fim da tarde, à procissão do padroeiro.
Aliás, os “saloios” não têm fato de banho nem “sanduíches”; comem pão com chouriço.
“Outros não sabem mais nada: mas escrevem..., dizem qualquer coisa ... que os compensa de viver.”


10.8.05

 
respigos

Coimbra criou software utilizado no Discovery
Equipa do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra desenvolveu software para um sensor de força usado no vaivém Discovery. A equipa do Prof. Norberto Pires, desenvolveu o software de um sensor que mede, em tempo real, a força exercida sobre determinado objecto. Precisamente o que foi utilizado há dias no braço robotizado que permitiu a saída para o espaço de um dos astronautas do vaivém.«É necessário controlar a força que o braço exerce nos objectos para não os danificar.”

O sensor que permite segurar sem quebrar, apanhar sem esmagar, agarrar sem amachucar, pegar sem esmigalhar, apertar sem estrangular, abraçar sem sufocar, acariciar sem esfregar. A força necessária, o bastante – nem de mais nem de menos, o quantum satis. A energia necessária para que o pêndulo oscile sem saltar do eixo.
O senso que falta nas discussões, nas opções, nas leis.
Era pela falta deste mecanismo que Lennie sufocava os ratos que acariciava; Steinbeck ficaria encantado.

 
respigos de noticiários

* Legenda em rodapé da SIC:-... combate à menopausa. Um acto falhado.

* Noticiário da TSF: O vaivem espacial já entrou na atmosfera sem problemas; já houve “contacto visual” (sic) com a nave que aterrará dentro de dois minutos.
......
... que irá aterrar dentro de trinta segundos.
E terminou o noticiário; o anúncio não podia esperar tanto tempo.

Perdoaria a todos mas não à TSF.


 

Para compensar a inactividade, os animais são massajados diariamente com um champô especial. (Legenda da Única/Expresso 6-8-05)

Para que a carne seja mais apetitosa, as vacas Kobe são massajadas no estábulo em vez de pastarem nas encostas. É o equivalente bovino e japonês do “ginásio” urbano.


9.8.05

 
respigos

Segundo a OMS, 13 500 crianças europeias (com menos de 14 anos) morrem anualmente com diarreia por consumo de água contaminada, sobretudo na Europa de Leste.
Em 2003 a morte de duas crianças portuguesas foi atribuída a “Diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível”; ambas tinham menos de dois anos. (INE)

 

Uma azenha no Tejo preparada para mergulhar durante as cheias. Imensos ramos entopem a entrada da água.
Na água saltam peixes; à espreita, garças, cegonhas e outras aves que desconheço.

 
memorando para a sessão extra da AR sobre os fogos

* O ano de 2005 já é o que regista maior número de ondas de calor desde 1940.

* Os fogos florestais registados em Portugal este ano são já o dobro da média ocorrida entre os anos de 2000 e 2004, segundo dados da Direcção-Geral dos Recursos Florestais.
Durante os primeiro semestre de 2005, o número de fogos cresceu mais de 70% face ao ano passado, segundo a Autoridade Nacional para os Fogos Florestais
.

* A área ardida representa, até agora, sensivelmente um quarto da de 2003.

 

Azeite de Ortiga
Retorcidas oliveiras centenárias em Ortiga, médio Tejo.
O único lugar do mundo onde se produz azeite de Ortiga.

 
deriva

As duas últimas fotos são de Cabo Verde; a deriva levar-nos-á à 11ª ilha ?

8.8.05

 

Portugal, 'país de pedra'
É um mundo destes que deixaremos aos nossos netos ?

 

Portugal, 'país de pedra'
Muros, tudo o que resta das antigas propriedades que, com propriedade, já não existem. Muros que resistiram a tudo, à seca, ao esbulho, ao vento, aos lobos, à emigração, ao fogo, à solidão como só as oliveiras, os sobreiros e os velhos.
Mas reparem na majestade da resistência.

 
O bombordo da globalização

Um mini-submarino russo, concebido para auxílio de outros, ficou preso no fundo do Pacífico, enleado nos cabos das redes de pesca, como peixe desprevenido. Do outro lado do mundo veio o socorro a tempo; o avião seguiu a rota do Oriente, a do bombordo. Há 60 anos, outro avião veio em sentido contrário.
Esta coincidência deve conter uma alegoria mas não me ocorre qual.

7.8.05

 
Meteorologia

Noticiário da RDP (9h): Esta manhã, em Coimbra estavam 18ºC.
12h: Previsão meteorológica na RTP texto (O Tempo. Instituto de Meteorologia). Ainda tem a previsão para ontem e para hoje ! A mínima prevista para Coimbra era 24ºC.

Para que precisamos previsões destas ? Para que serve o Instituto de Meteorologia ?

6.8.05

 
meteorologia

Sábado 10,35
Previsão meteorológica na RTP texto (O Tempo. Instituto de Meteorologia). Ainda tem a previsão para ontem e para hoje !

Valha-nos o Weather Channel:
TodayAug 6 Sunny 36°/ 20°
SunAug 7 Mostly sunny 33°/ 18°
MonAug 8 Isolated T-Storms 29°/ 15°
TueAug 9 Partly Cloudy 26°/ 15°
WedAug 10 Showers 24°/ 14°
ThuAug 11 Scattered T-Storms 25°/ 14°

Animem-se

 
Debalde

A imagem repete-se; à volta das casas, populares molham o feno basto com regadores e baldes. Não vi foices roçadoiras.
Adenda: Os bombeiros chilenos que vieram para o País ajudar no combate aos incêndios concluíram que Portugal gasta demasiada água a apagar fogos, quando devia apostar no desbaste da vegetação para impedir o avanço das chamas.

5.8.05

 
Neva cinza

O ar é chumbo derretido onde flutuam ciscos; no quinto dos Infernos deve nevar assim.

 


Uma VISÃO do país em férias

 


Chaminé com torreões de vigia. Ortiga (Belver) à beira Loire-Tejo

 
respigos

O «número dois» da rede terrorista Al- Qaeda, Al-Zawahiri, ameaçou o UK - USA de ... «mais destruições» e ... «catástrofes piores do que as do Vietname» ... se as suas tropas não retirarem «imediatamente» do Iraque.

Em Portugal, o mato seco do desleixo arde à mínima faúlha de incúria. Al-Zawahiri ameaçou ainda «mais destruições» e ... «catástrofes piores ...» se os bombeiros não retirarem «imediatamente» dos pinhais.

Qual será a tradução portuguesa de Al-Zawahiri ?

 
respigos

"... argumento romântico Soares "deixou cair apoio e amizade" a "um amigo de tão longa data e tão duras lutas como Manuel Alegre". Ao colocar a questão no plano da amizade, a militante socialista (e aqueles que pensam como ela) revela o pior que certa esquerda pode ter: o privilégio das relações pessoais sobre o rigor na acção política.Agora, ... invocar a longa e profunda amizade entre "camaradas" é aceitar que o coração se pode sobrepor à razão em questões políticas. E não pode. Ou não deve. Alguma esquerda resiste a perceber o óbvio." Rolo Duarte

O cerne do problema não é a opção de Soares, mas o tê-la tomado sem prevenir o amigo cuja disponibilidade era conhecida; não se trata de um conflito entre razão e coração, apenas uma "mera" questão (romântica ?) de hombridade que há quem considere indispensável num candidato a PR.

4.8.05

 

Elementos da arquitectura clássica dum palheiro velho: o óculo e o tirante. Ortiga (Belver), à beira Tejo.

2.8.05

 
Mais uma perspectiva assustadora

A epidemia do século XXI. O número de crianças a sofrer de alergias aumenta assustadoramente. Expresso 5-5-2001
A seca que atravessa o território português está a fazer aumentar as alergias ao pólen. Prevê a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
(SPAIC).
Mais de três milhões de portugueses sofrem de doenças alérgicas (SPAIC) e prevê-se um aumento da sua prevalência.

Se, como prenunciam, o “número de crianças a sofrer de alergias (continuar a) aumentar assustadoramente”, as alérgicas serão a maioria; nesse caso, essa será considerada a maneira normal de reagir e as saudáveis serão tidas como reagindo de forma anómala (allos) pelo que se dirá que são alérgicas.

1.8.05

 

Os reiseignements na administração pública

"Nunca vi um estudo a justificar a Ota" Fernando Pinto (TAP)
O manifesto dos 13.
Manuel Pinho justifica construção do novo aeroporto e TGV.
134 estudos (!) sobre o novo aeroporto.
Nicolau Santos. Expresso 30-7-2005
Marvão Pereira, Jorge Andraz. O impacto do investimento público na economia portuguesa.

 

Mais nuv€ns sobr€ as font€s limpas de €n€rgia
Ora a tão louvada energia eólica é, afinal, bastante mais cara do que outras fontes de energia, incluindo a nuclear, como disse o Prof. Luís Cabral no programa Diga Lá Excelência.

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